O ioiô está de volta nos pátios dos colégios, na hora do recreio. Ioiô é um dos brinquedos mais antigos que existe. É constituído de dois discos, geralmente de plástico, mas podendo ser também de madeira ou metal, unidos no centro por um eixo no qual prende-se uma corda. Deixando-se cair o ioiô, de certo modo ele sobe com o impulso, e a corda se enrola; deverá outra vez cair e subir, sucessivamente, até que termine o impulso inicial.
A história desse brinquedo é bem antiga e misteriosa. Não se sabe bem ao certo onde nasceu o ioiô, sendo cogitados como prováveis "berços" a Grécia, a China ou as Filipinas. Alguns ioiôs antigos foram encontrados na Grécia, datados de 2500 anos, utilizando blocos de barro ao invés dos discos. Nas Filipinas, os nativos utilizavam o ioiô como arma e instrumento de caça, sendo colocadas duas pedras no lugar dos discos e uma corda de até seis metros.
O ioiô, tal como conhecemos atualmente, surgiu nas Filipinas, onde é um brinquedo muito popular entre as crianças. A palavra "ioiô" vem do filipino, e quer dizer "volte aqui".
DOIS CAMINHOS... . Eu queria te dar minha emoção mais pura, associar-te ao meu sonho e dividir contigo migalha por migalha, o pouco de ventura que pudesse colher no caminho onde sigo... . E esse estranho desejo em que se desfigura a palavra de amor e pureza que eu digo, - e queria te dar essa minha ternura que às vezes, por trair-se ao teu olhar, maldigo... . Bem que eu quis te ofertar meu destino, meu sonho, minha vida, e até mesmo esta efêmera glória que desperdiço a cantar nos versos que componho... . Nada quiseste...E assim, os sonhos que viviam, se ontem, puderam ser um começo de história, hoje, são dois caminhos que se distanciam... . J. G. de Araujo Jorge
"— Papai, o que é um herói? Eu pergunto porque tenho grande vontade De ser herói também ...
Será que posso ser herói sem entrar numa guerra? Será que posso ser herói sem odiar os homens E sem matar alguém?"
O homem que já sofrera as mais fundas angústias E as mais feias misérias Trabalhando a aridez de uma terra infecunda Para que não faltasse o pão no pequenino lar; O homem que as mais humildes ilusões perdera No seu cotidiano e ingrato labutar; Aquele homem, ao ouvir a pergunta do filho: — "Papai, o que é um herói?" Nada soube dizer, nada pôde explicar...
Tomou de uma peneira E cantando saiu, outra vez, a semear!
Quantas vezes, em sonho, as asas da saudade Solto para onde estás, e fico de ti perto! Como, depois do sonho, é triste a realidade! Como tudo, sem ti, fica depois deserto!
Sonho... Minha alma voa. O ar gorjeia e soluça. Noite... A amplidão se estende, iluminada e calma: De cada estrela de ouro um anjo se debruça, E abre o olhar espantado, ao ver passar minha alma.
Há por tudo a alegria e o rumor de um noivado. Em torno a cada ninho anda bailando uma asa. E, como sobre um leito um alvo cortinado, Alva, a luz do luar cai sobre a tua casa.
Porém, subitamente, um relâmpago corta Todo o espaço... O rumor de um salmo se levanta E, sorrindo, serena, aparecer à porta, Como numa moldura a imagem de uma Santa...
Pelas sombras temerosas Onde vai esta canoa? Vai tripulada ou perdida? Vai ao certo ou vai à toa? Semelha um tronco gigante De palmeira, que s'escoa... No dorso da correnteza, Como bóia esta canoa!... Mas não branqueja-lhe a vela! N'água o remo não ressoa! Serão fantasmas que descem Na solitária canoa? Que vulto é este sombrio Gelado, imóvel, na proa? Dir-se-ia o gênio das sombras Do inferno sobre a canoa!... Foi visão? Pobre criança! À luz, que dos astros coa, É teu, Maria, o cadáver, Que desce nesta canoa? Caída, pálida, branca!... Não há quem dela se doa?!... Vão-lhe os cabelos a rastos Pela esteira da canoa!... E as flores róseas dos golfos, — Pobres flores da lagoa, Enrolam-se em seus cabelos E vão seguindo a canoa!...
No alto do morro há um cemitério humilde onde o Poeta foi enterrado. O túmulo do Poeta é um canteiro de corolas silvestres. E na cruz de madeira igual às outras o seu nome se apaga.
Ao lado do cemitério humilde há uma igreja em silêncio. O mato irrompe em torno, quente e aromal. Pássaros cantando nítidos tecem fios de prata entre as árvores. E o céu brilha como um puro cristal.
Na descida do morro se apinham casebres. A cidade lá embaixo nada percebe. E as cousas são irremediáveis.
Pois amanhã os homens farão justiça: e substituirão por mármores álgidos e alegorias numerosas isso que faz tão leve a terra sobre o corpo do Poeta.
Olho na pressão, tá fervendo olho na panela dinamite é o feijão cozinhando dentro do molho dela a bruxa acendeu o fogo se cuida, rapaziada tem mandinga de cabôco mandando nessas parada garrafada de serpente despacho de cachoeira quanto mais o fogo sobe mais a panela cheira olho na pressão, tá fervendo olho na panela dinamite é o feijão cozinhando dentro do molho dela a bruxa mexeu o caldo se liga aí, ô galera tá pingando na mistura saliva da besta-fera chacina no centro-oeste e guerrilha na fronteira emboscada na avenida tiro e queda na ladeira mas feitiço é bumerangue perseguindo a feiticeira. Lenine
Nossos gestos eram simples e transcendentais. Não dissemos nada nada de mais... Mas a tarde ficou transfigurada - como se Deus houvesse mudado imperceptivelmente um invisível cenário.
II
Eu te amo tanto que sou capaz de nos atirarmos os dois na cratera do Fuji-Yama! Mas, aqui, o amor é um barato romance pornô esquecido em cima da cama depois que cada um partiu - sem saionara nem nada - por uma porta diferente.
III
E em que mundo? Em que outro mundo vim parar, que nada reconheço? Agora, a tua voz nas minhas veias corre... o teu olhar imensamente verde ilumina o meu quarto.
Trago uma rosa vermelha Aberta dentro do peito Já não sei se é comigo Se é contigo que eu me deito. A minha rosa vermelha Mais parece uma romã Pois quando aberta de noite Não se fecha de manhã Trago uma rosa vermelha Na minha boca encarnada Quem me dera ser abelha Na tua boca fechada Trago uma rosa vermelha Não preciso de mais nada. Pus uma rosa vermelha Na fogueira do teu rosto Mereço ser condenada Por crime de fogo posto. Trago uma rosa vermelha Que é minha condenação Condenada a vida inteira À fogueira da paixão Trago uma rosa vermelha Atrevida e perfumada É uma rosa vaidosa A minha rosa encarnada Trago uma rosa vermelha Não preciso de mais nada. Amália Rodrigues