De cada um destes dias negros como velhos ferros, e abertos pelo sol como grandes bois vermelhos, e apenas sustidos pelo ar e pelos sonhos, e desaparecidos irremediavelmente e de súbito,
nada substitui as minhas perturbadas origens, e as desiguais medidas que circulam no meu coração aí se forjam de dia e de noite, solitariamente, e abarcam desordenadas e tristes quantidades.
Assim,pois, como um vigia tornado insensível e cego, incrédulo e condenado a uma dolorosa espreita, diante da parede na qual cada dia do tempo se une,
os meus rostos diferentes se apóiam e se encadeiam como grandes flores pálidas e pesadas tenazmente substituídas e defuntas.
Ao cair da tarde Penso sempre mais E a luz que me invade São as cores naturais Cada figura que passa por mim nem me perturba e eu fico assim Longe me leva este silêncio e o sentir que se altera são as cores do sol E eu fico encantada e eu sinto-me a arder quando o dia se apaga fica tanto por fazer.
Na saliva no papel no eclipse em todas as linhas em todas as cores em todas as jarras no meu peito fora, dentro no tinteiro na dificuldade de escrever na maravilha dos meus olhos, nas últimas luas do sol (mas o sol não tem luas) em tudo e dizer em tudo é estúpido e magnífico Diego na minha urina Diego na minha boca no meu coração na minha loucura no meu sonho no mata-borrão na ponta da caneta nos lápis nas paisagens na alimentação no metal na imaginação nas doenças nas montras nas suas astúcias nos seus olhos na sua boca nas suas mentiras.