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sexta-feira, 22 de janeiro de 2010
TODO AZUL DO MAR

Foi assim como ver o mar
A primeira vez que meus olhos
Se viram no seu olhar
Não tive a intenção
De me apaixonar
Mera distração
E já era o momento de se gostar
Quando eu dei por mim
Nem tentei fugir
Do visgo que me prendeu
Dentro do seu olhar
Quando eu mergulhei
No azul do mar
Sabia que era amor
E vinha pra ficar
Daria prá pintar todo azul do céu
Dava prá encher o universo da vida
Que eu quis prá mim
Tudo que eu fiz
Foi me confessar
Escravo do teu amor,
Livre para amar
Quando eu mergulhei
Fundo nesse olhar
Fui dono do mar azul
De todo azul do mar
Foi assim como ver o mar
Foi a primeira vez que eu vi o mar
Onda azul, todo azul do mar
Daria pra beber todo azul do mar
Foi quando eu mergulhei no azul do mar
quinta-feira, 21 de janeiro de 2010
CURIOSIDADE

.
Curiosidade
.
Quantos braços já te abraçaram
sem te quererem abandonar?
Quantos, quantos, imagino,
apesar de não querer pensar...
Quantos lábios já te beijaram,
proclamando querer te amar?
Quantos, quantos, imagino,
apesar de não querer pensar...
Faz de tua vida um segredo,
e de meu amor por ti sofrer,
Deixa que eu sempre imagine,
apesar de não querer saber.
quarta-feira, 20 de janeiro de 2010
LAMENTO DO POETA OBJECTIVO

Lamento do Poeta Objectivo
Anda-me o amor tomando a própria vida,
como se, amando, eu existisse mais.
E leva-me o Destino em voz traída,
como se houvera encontros desiguais.
A multidão me cerca, e, renascida,
já dela terei fome de sinais.
E, mal a noite se demora ardida,
o medo e a solidão me esfriam tais
as cinzas desse amor que sacrifico.
Não é futura a só miséria. A queixa
também não é: e apenas acontece
no vácuo imenso que este amor me deixa,
quando maior, quando de si mais rico,
se dá de mundo em mundo, e lá me esquece.
Jorge de Sena, in 'Post-Scriptum'
segunda-feira, 18 de janeiro de 2010
domingo, 17 de janeiro de 2010
NOITES, ESTRANHAS NOITES, DOCES NOITES!

Noites, estranhas noites, doces noites!
Noites, estranhas noites, doces noites!
A grande rua, lampiões distantes,
Cães latindo bem longe, muito longe.
O andar de um vulto tardo, raramente.
Noites, estranhas noites, doces noites!
Vozes falando, velhas vozes conhecidas.
A grande casa; o tanque em que uma cobra,
Enrolada na bica, um dia apareceu.
A jaqueira de doces frutos, moles, grandes.
As grades do jardim. Os canteiros, as flores.
A felicidade inconsciente, a inconsciência feliz.
Tudo passou. Estão mudas as vozes para sempre.
A casa é outra já, são outros os canteiros e as flores
Só eu sou o mesmo, ainda: não mudei!
Augusto Frederico Schmidt
SONETO CIGANO

Soneto cigano
Lembra-me sempre a viagem, a grande, a estranha viagem.
As mulheres brincavam e riam ao pé das enormes fogueiras.
Rostos da cor do bronze, olhares misteriosos,
E mãos escuras para todos os misteres.
Lembra-me smpre a viagem, as estradas perdidas
Por onde seguíamos atrás das auroras ingênuas
Que corriam cantando, e atrás das horas fugidias
- Horas que pareciam dançar ao ruído de pandeiros.
Era tudo uma grande inocência e descuido.
O futuro sombrio, as ambições, os medos,
Não me lembro de os ter sentido nesses tempos.
Colhíamos, então, flores e frutos nos caminhos,
Amávamos o amor nas morenas mulheres,
E adormecíamos à mercê dos ventos e das chuvas.
Augusto Frederico Schmidt
ESTRELA MORTA
Estrela morta
Morta a Estrela que um dia, solitária,
Nasceu em céu sem termo.
Morta a Estrela que floriu nos meus olhos.
Morta a Estrela que olhei na noite erma.
Morta a Estrela que dançou diante dos nossos olhos,
A Estrela que descendo acendeu este amor
Morta a Estrela que foi para o meu coração,
Como a neve para os ninhos
Como o pecado para os santos
Como a ausência de Deus para os condenados.
Augusto Frederico Schmidt
TRÊS
Três
Um
Foi grande o meu amor
não sei o que me deu
quem inventou fui eu
fiz de você o sol
da noite primordial
e o mundo fora nós
se resumia a tédio e pó
quando em você tudo se complicou
Dois
se você quer amar
não basta um só amor
não sei como explicar
um só sempre é demais
pra seres como nós
sujeitos a jogar
as fichas todas de uma vez
sem temer naufragar
não há lugar pra lamúrias
essas não caem bem
não há lugar pra calúnias
mas por que não
nos reinventar
Três
Eu quero tudo que há
O mundo e seu amor
Não quero ter que optar
Quero poder partir
Quero poder ficar
Poder fantasiar
Sem nexo e em qualquer lugar
Com seu sexo
Junto ao mar
Antonio Cícero
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