
Última Flor Do Lácio
Última flor do Lácio, inculta e bela,
És, a um tempo, esplendor e sepultura;
Ouro nativo, que na ganga impura
A bruta mina entre os cascalhos vela...
Amo-te assim, desconhecida e obscura,
Tuba de alto clangor, lira singela,
Que tens o trom e o silvo da procela
E o arrolo da saudade e da ternura!
Amo o teu viço agreste e o teu aroma
De virgens selvas e de oceano largo!
Amo-te, ó rude e doloroso idioma,
Em que da voz materna ouvi: "Meu filho!"
E em que Camões chorou, no exílio amargo,
O gênio sem ventura e o amor sem brilho!
Olavo Bilac

Língua Portuguesa
No velho mundo, surgiu
Toda cheia de beleza
Cruzou mares, se expandiu
Trouxe toda realeza
O novo mundo encantou
Nossa língua portuguesa
Chegou, por aqui, ficou
Um orgulho da nação
A todos unificou
Do litoral ao sertão
De sul ao norte e sudeste
É a língua da nação
Na caatinga e no agreste
Do Oiapoque ao Chuí
Fala-se a língua de mestre
Ela deixou por aqui
A palavra coração
E outras que já ouvi
Uma cheia de emoção
Que chamamos de saudade
Que nos trás desilusão
E nos quebra a vaidade
Se sofremos de paixão
Pedimos por caridade
Pedimos por compaixão
Só um pouquinho de afeto
Só um pouco de atenção
Essa língua é mesmo um teto
Que acolhe a todos nós
E todos nos faz mais perto
Língua de nossos avós
Da terra mãe lusitana
Do Além Tejo até a foz
Que duas pátrias irmana
Num só falar tão singelo
Que a todos nós engalana.
Paulo Gondin