VISITANTES
sábado, 17 de julho de 2010
NO CENTRO DA APARÊNCIA

Repousa no espaço de um olhar. O ar dança na rua.
Sombras e ruídos. As árvores têm uma idade clara.
Vagarosa persistência, a alguns metros do solo.
O enigma está vivo no centro da aparência.
Uma criança designa o mar. Alguém traz uma folha.
Alguém compreende a sede de uma pedra!
Quem estuda a felicidade? Quem define um jardim?
Que linguagem é a do espaço? O que é o sal da sombra?
Esquecemos a linguagem do vento e do vazio
Nunca houve um encontro. Quando será o início?
Vejo a folhagem e os frutos da distancia.
Olho longamente até ao cimo da ternura.
Vivo na luz extrema em todas as direcções.
O pequeno e o grande conjugam-se, consagram-se.
Canto na luz suave e bebo o espaço.
António Ramos Rosa
ESTRELAS DE VIGIA

Sendo a noite e o dia
Cada estrela de vigia
Silêncio rumoroso
Sangrento sol empoleirado
Bebendo a luz do nosso amor
Tempo velho /escuro
Deixado no lago da insatisfação´
Enquanto cansado
Sob a insônia do desprazer
O tempo que não foi
Não deixou de ser tempo
Sendo a noite e o dia
O rio
E as estrelas de vigia.
.
by Jorge Pereira
sexta-feira, 16 de julho de 2010
O SOL FECHOU O DIA
SINTO
quinta-feira, 15 de julho de 2010
CANÇÃO DA TORRE MAIS ALTA

Ociosa juventude
De tudo pervertida
Por minha virtude
Eu perdi a vida.
Ah! Que venha a hora
Que as almas enamora.
Eu disse a mim: cessa,
Que eu não te veja:
Nenhuma promessa
De rara beleza.
E vá sem martírio
Ao doce exílio.
Foi tão longa a espera
Que eu não olvido.
O terror, fera,
Aos céus dedico.
E uma sede estranha
Corrói-me as entranhas.
Assim os Prados
Vastos, floridos
De mirra e nardo
Vão esquecidos
Na viagem tosca
De cem feias moscas.
Ah! A viuvagem
Sem quem as ame
Só têm a imagem
Da Notre-Dame!
Será a prece pia
À Virgem Maria?
Ociosa juventude
De tudo pervertida
Por minha virtude
Eu perdi a vida.
Ah! Que venha a hora
Que as almas enamora!
A.D.
LETRA PARA UM HINO

É possível falar sem um nó na garganta.
É possível amar sem que venham proibir.
É possível correr sem que seja a fugir.
Se tens vontade de cantar não tenhas medo: canta.
É possível andar sem olhar para o chão.
É possível viver sem que seja de rastos.
Os teus olhos nasceram para olhar os astros.
Se te apetece dizer não, grita comigo: não!
É possível viver de outro modo.
É possível transformar em arma a tua mão.
É possível viver o amor. É possível o pão.
É possível viver de pé.
Não te deixes murchar. Não deixes que te domem.
É possível viver sem fingir que se vive.
É possível ser homem.
É possível ser livre, livre, livre.
Manuel Alegre, O Canto e as Armas
GENÉRICO
MULHER

A tua delicada e macia pele
Os teus lábios juntos aos meus;
O encontro de dois Mundos distintos,
Dois sonhos que se cruzam e se unem
Dois corpos que se fundem num.
Dentro desse sonho abstracto e irreal
Nossas mãos se cruzam neste ritual
Secreto e silencioso
Uma só palavra é pronunciada
Olhares interligados que se devoram;
Odores exóticos e românticos
Versos lançados ao vento do norte,
Pétalas que caiem no chão
Neste Outono com odor
É o amor
E em ti minha sorte
Mulher
.
by Jorge Pereira
quarta-feira, 14 de julho de 2010
SÃO MUITOS ANOS

São muitos anos e outros vão passar
Desde a hora santa em que nos encontramos,
Mas lembro sempre o quanto nos amamos,
Gélidas mãos e grande ardor no olhar.
Ó, vem palavras doces me inspirar,
Teu rosto sobre mim deita e me mira:
Sob sua luz me deixa ainda sonhar,
Novas canções arranca à minha lira!
Tu nem o sabes - ao te aproximares,
Meu coração no fundo já se acalma
Qual o surgir da estrela sobre os mares;
Quando sorris, criança, és minha calma,
Se extingue, então, a vida de pesares,
O olhar me arde e me transborda a alma!
Mihai Eminescu
Tradução: Luciano Maia
FELICIDADE
CHORO DE POETA

Um poeta
E um amigo
Nas mãos do sonho
E no canto da melodia
Povo de arados
E enxadas de colheitas
Depositadas no horizonte
No vento do espigueiro
De alma gemendo na bravura
A cada golpe de enxada
Manhã de esperança
Rasgada pelo arado
Cavada nas entranhas
Do choro do poeta
Pão de ontem
Que tua vida`Criança
De olhos sentados no vazio
Vai esperando a solidão.
.
by Jorge Pereira
terça-feira, 13 de julho de 2010
AMARGURA

Só podes me ofertar o silêncio e a amargura,
- meu pobre amor de ti só espera a indiferença...
Perdoa o meu amor... perdoa-me a loucura
que quem tem, como eu tenho, um coração, não pensa...
Há muito pela vida eu seguia à procura
de alguém que viesse encher de luz minha descrença...
Foi então que te vi... e julguei que a ventura
pudesse ainda encontrar nesta jornada imensa...
E foi assim que um dia eu fui sentimental...
Acreditei no amor... E, talvez por castigo
fizeste-me sofrer - mas não te quero mal...
Quem amou, fui eu só... Eu nunca fui amado!...
Mereço a minha dor, e este sofrer bendigo
na amargura cruel de me julgar culpado!
JG de Araujo Jorge
GOLO

Os meninos
Que jogam à bola na minha rua
Jogam com o Sol
E os pés dos meninos
São pés de alegria e de vento
A baliza uma nuvem tonta
À toa
Na luz do dia
E eu olho os meninos e a bola
Que voa
E ouço os meninos gritar: Go…o…lo!...
E não há perder nem ganhar
Só perde quem os olhos dos meninos
Não puder olhar.
Matilde Rosa Araújo
TOCAR
ELA NEM SABE
.jpg)
Ela nem sabe...
Ou saberá?
A dúvida é angustiante...
Doces palavras me diz
Cintilantes estrelas me envia
Brilhante sol me alumia
Encandeia-me...
Ela sabe?
O que sabe?
Mas não diz...
Ah dúvida que dói!
Ela sente?
O que sente?
Porque não diz?
Ah dolorosa inquietação...
Sabe ela que eu vivo,
Depois de antes ter morrido?
Sabe ela que eu desejo,
Retirar dos seus lindos olhos,
A tristeza que lá vejo?
Fazer bater seu coração,
Compassado com o meu
Entregar-me no seu corpo
E fazê-la recuperar
A alegria que perdeu?
Sabe ela?
Que sei eu?...
by Jorge Pereira
DESPEDIDA

Ó minha singela amiga, ó beleza minha,
Pressinto que breve de ti estarei distante.
E como todo e qualquer carinhoso amante
Despeço-me, assim, nestas difusas linhas.
.
Sempre te quis como um dos mais doces alentos,
Que percorreram a minha vida por vaidade.
Mas hoje... Hoje falo com sinceridade:
Deixar a ti é o maior dos meus tormentos.
.
Pois se à morte não se consagra oposição,
E se a vida termina numa noite sem fim,
Que fiquem os versos com teu amado coração.
.
Porque deles e neles o que restou de mim
Dou-te por completo, e não só uma porção!
Dou-te o amor. O que sempre declarei. E fim.
.
Carlos Pena Filho
DOAÇÃO
13 DE JULHO - Dia Mundial do Rock -

Você sabe desde quando se comemora esta data? Desde 1985. Foi no Live Aid - festival pelo fim da fome na Etiópia - que o dia 13 de julho ficou conhecido como o dia mundial do rock.O Live Aid foi um festival que aconteceu simultaneamente na Filadélfia (EUA) e em Londres (Inglaterra) e trouxe nomes como Black Sabbath (com Ozzy), Status Quo, INXS, Loudness, Mick Jagger, David Bowie, Dire Straits, Queen, Judas Priest, Bob Dylan, Duran Duran, Santana, The Who e Phil Collins entre muitos outros. Aliás, Phil Collins abriu o show nos EUA e na sequência, voou para Londres para fechar o festival...Outros festivais com essa mesma consciência social ocorreram na década de 80 como o U.S.A. For Africa, Live Aid, Farm Aid, Hear 'n' Aid, Artists Against Apartheid e o Amnesty International, reunindo sempre grandes nomes do mundo pop e rock. O Live Aid talvez tenha ficado mais famoso, e não é pra menos, arrecadou mais de 60 milhões de dólares que foram doados em prol dos famintos na África. Curiosamente, não foi feito nenhum vídeo, CD, DVD sobre o festival até hoje, muito possivelmente pela grande quantidade de artistas envolvidos no projeto...
segunda-feira, 12 de julho de 2010
E VAI COMEÇAR A BAIXARIA - Charge -
PÉRICLES - O Amigo Da Onça -
O personagem “Amigo da Onça” foi criado pelo cartunista Péricles e publicado pela primeira vez na revista “O Cruzeiro” em 23 de outubro de 1943, satirizando, ironizando e criticando os costumes, assim como desmascarando seus interlocutores ou colocando-os em situações muito constrangedoras.

Dizem que a idéia do personagem foi imaginada pelos próprios diretores da revista “O Cruzeiro” que desejavam ter um personagem fixo e disponibilizavam até um nome, que provavelmente foi adaptado da piada abaixo especificada, muito conhecida na época ou alguma outra semelhante.

Coube a Leão Gondim o batismo do personagem, baseado numa piada da época:
Dois caçadores conversam em seu acampamento:
- O que você faria se estivesse agora na selva e uma onça aparecesse na sua frente?
- Ora, dava um tiro nela.
- Mas se você não tivesse nenhuma arma de fogo?
- Bom, então eu matava ela com meu facão.
- E se você estivesse sem o facão?
- Apanhava um pedaço de pau.
- E se não tivesse nenhum pedaço de pau?
- Subiria na árvore mais próxima!
- E se não tivesse nenhuma árvore?
- Sairia correndo.
- E se você estivesse paralisado pelo medo?
Então, o outro, já irritado, retruca:
- Mas, afinal, você é meu amigo ou amigo da onça?



Dizem que a idéia do personagem foi imaginada pelos próprios diretores da revista “O Cruzeiro” que desejavam ter um personagem fixo e disponibilizavam até um nome, que provavelmente foi adaptado da piada abaixo especificada, muito conhecida na época ou alguma outra semelhante.

Coube a Leão Gondim o batismo do personagem, baseado numa piada da época:
Dois caçadores conversam em seu acampamento:
- O que você faria se estivesse agora na selva e uma onça aparecesse na sua frente?
- Ora, dava um tiro nela.
- Mas se você não tivesse nenhuma arma de fogo?
- Bom, então eu matava ela com meu facão.
- E se você estivesse sem o facão?
- Apanhava um pedaço de pau.
- E se não tivesse nenhum pedaço de pau?
- Subiria na árvore mais próxima!
- E se não tivesse nenhuma árvore?
- Sairia correndo.
- E se você estivesse paralisado pelo medo?
Então, o outro, já irritado, retruca:
- Mas, afinal, você é meu amigo ou amigo da onça?

A QUEM ME PERTENÇO

A quem me pertenço
Se lutam na consciência do inconsciente?!
E sonolentos
Disputam um quinhão de miséria
Espaço inconquistavel
Limitado critério da exigência
Ornamentando a vida invendível
Dávida(divina)do meu adorno
E fruto da tua mesa
Triturado na ausência..
Na obsessão...
Que cega o teu propósito
Matando os sentidos da vida.
.
by Jorge Pereira
domingo, 11 de julho de 2010
MONALISA - Uma Versão Incrível -
Esta recriação da Monalisa, de Leonardo da Vinci, foi realizada com a impressionante quantidade de 3.604 xícaras de café e 564 gotas de leite. As tonalidades foram criadas com diferentes quantidades de leite adicionadas ao café. Mede 6,096 x 3,9624 mts - aproximadamente 10 vezes o tamanho da obra original e foi realizada por um grupo de 8 pessoas, trabalhando 3 horas seguidas até terminá-la. Incrível, não

SE BUSCO...
AH!

Ah! querem uma luz melhor que a do Sol!
Querem prados mais verdes do que estes!
Querem flores mais belas do que estas que vejo!
A mim este Sol, estes prados, estas flores contentam-me.
Mas, se acaso me descontentam,
O que quero é um sol mais sol que o Sol,
O que quero é prados mais prados que estes prados,
O que quero é flores mais estas flores que estas flores —
Tudo mais ideal do que é do mesmo modo e da mesma maneira!
Alberto Caeiro
ETERNIDADE

Ela, a eternidade,
Foi encontrada.
É o mar misturado
Ao sol.
Cumpre tua jura,
Alma,eternamente
Viva, seja o ardente
Dia ou a noite pura.
Ficas livre, então,
De humanos apoios,
Entusiasmos vãos!
E voas segundo...
Jamais a esperança
E jamais orietur.
Ciência e paciência,
O suplício é certo.
Nem dia seguinte,
Brasas de cetim,
Que vossa paixão
É obrigação.
Foi encontrada!
- Que? - a Eternidade.
É o mar misturado
Ao sol.
Arthur Rimbaud
In Uma Temporada no Inferno
Tradução de Lêdo Ivo
TEMPO DE ESQUECER...

Sabes que sou como um rio abandonado
no sedento leito do esquecimento,
e a tua vã lembrança tão unido
como a água ao seu céu refletido;
Sabes que sou como o tempo desfolhado
na mão final do que foi perdido
e, como um horizonte proibido,
me envolves o sonho vigilante;
Sabes que sou como o ar, destinado
ao vôo de tuas aves, som ferido
surdido rouxinol e enamorado:
Sobre este coração crepuscular
e por turvas marés assaltado,
tornas-te nuvem voando para o esquecimento.
Eduardo Carranza
In Antologia Poética
JÁ...

Segure o beijo antes que acabe,
que o amor desabe,
que a aurora canse.
A vida tem nuances não entendidas.
Adere esse momento no teu peito e goza.
Aspira fundo o âmago da rosa
antes que ele se desloque,
desapareça,
desencante.
Antes que a flor desaconteça,
bebe o cerne quente desse instante.
Flora Figueiredo
In Florescência
CONHEÇO...

Conheço minhas pegadas, de tanto ir e vir.
Às vezes pisam fundo
como carregassem o peso do mundo;
às vezes ficam amassadas
sob o descuido das outras pegadas.
Sobre elas, a lua nova desdobra sua saia
em cena de nudez no chão da praia.
Só perco meus passos na maré cheia:
essa mania do mar de tirar seus sapatos sobre a areia.
Conheço bem minhas pegadas.
Sou capaz de identificá-las em qualquer lugar.
Se ao menos eu soubesse aonde vão me levar...
Flora Figueiredo
In Chão de Vento
CHUVA POÉTICA

O céu rasgou-se espada afora
e verteu lágrimas,
muitas lágrimas,
Não sei se eram de tristeza ou indignação.
Também, não adianta perguntar,
que ninguém responde.
Pus minha canequinha do lado de fora da janela,
ela quase transbordou.
Estou rica: tenho uma caneca com lágrimas do céu.
Os vizinhos caçoam:
quem é que compra um punhado de chuva?
Flora Figueiredo
In Chão de Vento
Assinar:
Postagens (Atom)