
À morte se consagram hoje todas
as que ainda ontem para mim ardiam:
uma por uma, vão caindo as flores
da árvore da melancolia.
Eu as vejo caindo, como cai
a neve em flocos sobre a minha senda:
já não se ouvem passos ressoando,
acerca-se o grande silêncio.
O céu já não tem mais nenhuma estrela,
nem mais o coração nenhum amor:
há silêncio na cinza da distância,
o mundo está velho e sem cor.
Quem é que pode ter o coração
a salvo,neste tempo de porfia?
Uma por uma, vão caindo as flores
da árvore da melancolia.
Hermann Hesse