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sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010
CARNAVAL EM VENEZA
CARNAVAL EM VENEZA
No crepúsculo de Veneza
derramaste uma lágrima
como um rio abrindo um fio
no teu rosto maravilhado
de Colombina
Não cheguei a tempo
de usar uma gôndola vaga
para colhê-la com mesura
e juntá-la nos meus olhos
ao meu choro silencioso
de Pierrot
Uma orquestra de cordas
iluminava a Praça de São Marcos
quando sopraste uma promessa
inaudível
nos meus ouvidos ocupados
embevecidos com uma sonata
de Chopin
Quando dei por mim
encontrava-me só
junto à água verde-jade
descobrindo pelo frio
como anunciavam a tua ausência
os raios solares da manhã
Ao longe ouviam-se pombas
a rolhar sobre os telhados
e uma voz bradava
clamando com apelos apaixonados
por um desconhecido
chamado Arlequim
José António Gonçalves
SONETO PRINCIPAL DO CARNAVAL

Soneto Principalmente do Carnaval
Do fogo à cinza fui por três escadas
e chegando aos limites dos desertos,
entre furnas e leões marquei incertos
encontros com mulheres mascaradas.
De pirata da Espanha disfarçado
adormeci panteras e medusas.
Mas, quando me lembrei das andaluzas,
pulei do azul, sentei-me no encarnado.
Respirei as ciganas inconstantes
e as profundas ausências do passado,
porém, retido fui pelos infantes
que me trouxeram vidros do estrangeiro
e me deixaram só, dependurado
nos cabelos azuis de fevereiro.
Carlos Pena Filho
ESTRELA DO MAR
quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010
PARTIREI DE MADRUGADA
VIVER

Viver
A Alegria brilha nos olhos
de quem sabe curtir
a emoção de simplesmente viver.
Viva com disposição e entusiasmo,
fazendo o que gosta,
realizando seus sonhos
e tornando sua vida mais colorida.
Parabéns!
Hoje é um novo dia.
Abra os olhos e sinta o prazer da vida,
pois hoje é um dia muito especial.
É um dia para refletir sobre o ano que passou.
Foram muitos erros e acertos, mas sempre a
certeza de viver intensamente cada dia,
aproveitando cada momento
para aprender .
Desejo-lhe tudo de bom. Que você possa
ser feliz e fazer os outros felizes, pois
não há dádiva maior que a
vida e o amor.
by Jorge Pereira
FLOR AZUL

Flor Azul
.
Com teu perfume
nesses lugares recônticos..
Quanto bela és, flor, nessas montanhas onduladas,
ó inconfundivel porte de tanta beleza
Montanhas, como as ondas do mar
onde o azul do céu , se espuma no branco das nuvens
e de entre tanta beleza, la estas tu linda flor
sempre para o sol virada
mesmo à luz das estrelas
a emanar o incenso do teu perfume
que atravessa oceanos e a paz embala
para quem te contemplar.
in Jorge Pereira
quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010
ONDAS DO DESTINO

Desde que nasci enrolei-me nas ondas do destino
Meu sonhar foi sempre livre não pensado
Nunca completei meus sonhos de menino
Sonhos que ficam pelos caminhos deitado.
Com alegria sonhei no ajuntar de mãos poéticas
Nasci para do sonho sempre sofrer
Distancias eram abismos não eram métricas
O tempo passa sem esses beijos de ti receber.
Como seria doce completar em real nossa poesia
Como seria deleitosa caminhar de mãos dadas, na areia
Que maravilha poder-te abraçar e beijar a cada dia
Juntar nossos corpos ao luar em amor que encadeia.
Não te lamentes que a mim me fazes chorar
Maldigo o dia, que comecei poesia a escrever
Estou longe sem meios de poder ir-te abraçar
Satisfazer um sonho que a poesia me fez viver.
Olha, prefiro o sonho à realidade da pobreza
Quero ser menino com este sonho por viver
Ter a realidade do nada que me daria á riqueza
E minhas fadas poéticas poesia não escrever.
Deixa-me viver nas ondas do destino
Não me lembres este site para fazer meu coração chorar
Não me tornes em tortura e desatino
De não poder contigo nas ondas do destino passear.
Armando C. Sousa
ESPERO POR TI NESTE INFINDÁVEL AZUL

Espero por ti neste infindavel azul
.
Fresca brisa que finalmente me levarias,
este sopro de alma ,longínqua e calada
e sempre de perto de mim ter-me-ias
leve, sem voz, sem tom, sem nada...
Hoje mesmo, se viesses a mim chorando,
o quão delicadamente, eu te abraçaria...
tua presença frágil como uma duna ao vento
com as minhas mãos ternamente te acariciaria.
JP
terça-feira, 9 de fevereiro de 2010
AONDE?

Aonde?...
Ando a chamar por ti, demente, alucinada,
Aonde estás, amor? Aonde...aonde...aonde?...
O eco ao pé de mim segreda...desgraçada...
E só a voz do eco, irônica, responde!
Estendo os braços meus! Chamo por ti ainda!
O vento aos meus ouvidos, soluça a murmurar;
Parece a tua voz, a tua voz tão linda
Cantante como um rio banhado de luar!
Eu grito a minha dor, a minha dor intensa!
Esta saudade enorme, esta saudade imensa!
E só a voz do eco à minha voz responde...
Em gritos, a chorar, soluço o nome teu
E grito ao mar, à terra, ao puro azul do céu:
Aonde estás, amor? Aonde... aonde... aonde?...
Florbela Espanca
APONTAMENTO

Apontamento
A minha alma partiu-se como um vaso vazio.
Caiu pela escada excessivamente abaixo.
Caiu das mãos da criada descuidada.
Caiu, fez-se em mais pedaços do que havia loiça no vaso.
Asneira? Impossível? Sei lá!
Tenho mais sensações do que tinha quando me sentia eu.
Sou um espalhamento de cacos sobre um capacho por sacudir.
Fiz barulho na queda como um vaso que se partia.
Os deuses que há debruçam-se do parapeito da escada.
E fitam os cacos que a criada deles fez de mim.
Não se zanguem com ela.
São tolerantes com ela.
O que era eu um vazo vazio?
Olham os cacos absurdamente conscientes,
Mas conscientes de si mesmos, não conscientes deles.
Olham e sorriem.
Sorriem tolerantes à criada involuntária.
Alastra a grande escadaria atapetada de estrelas.
Um caco brilha, virado do exterior lustroso, entre os astros.
A minha obra? A minha alma principal? A minha vida?
Um caco.
E os deuses olham-o especialmente, pois não sabem por que ficou ali.
Álvaro de Campos
SILÊNCIO

Silêncio
.
Já o silêncio não é de oiro: é de cristal;
redoma de cristal este silêncio imposto.
Que lívido museu! Velado, sepulcral.
Ai de quem se atrever a mostrar bem o rosto!
Um hálito de medo embaciando o vidrado
dá-nos um estranho ar de fantasmas ou fetos.
Na silente armadura, e sobre si fechado,
ninguém sonha sequer sonhar sonhos completos.
Tão mal consegue o luar insinuar-se em nós
que a própria voz do mar segue o risco de um disco...
Não cessa de tocar; não cessa a sua voz.
Mas já ninguém pretende exp'rimentar-lhe o risco!
.
David Mourão-Ferreira, in "Tempestade de Verão"
segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010
AQUELA PRAIA

AQUELA PRAIA
.
Uma alga deu à praia vinda do mar
E para evitar que a maré a levasse
Recordou-se dos poetas e pos-se a cantar
Como se o rouxinol da serra a ensinasse
Quando já tarde todos se vão embora
E nos ficamos sós na beira mar
Deixamos o tempo voar nessa hora
Admirando as estrelas a brilhar
O mar está um lençol de prata
Nunca até hoje igualados
Maravilha duma noite ignata
Mesmo ali na foz alados
Ai! quem me dera ser poeta
E liricamente cantar com ardor
E numa cabana já provecta
Ser abençoado pelo teu amor
Há maravilhas por esse mundo
Bem o sabemos não o ignoramos
Mas o sentir é profundo
Pois é ali que nos amamos
JP
SONHOS

Roger Oncoy
Sonhos
.
Exilado em meus muros de pedras tamanhas
sonho com margens de cálidos mares
onde me receberiam terras estranhas
onde me aqueceriam sóis invulgares
Fechado em meu templo, deus que chora
sonho com zéfiros, pálidos cantares
onde acordaria com a frágil aurora
onde repousaria em ternos luares
Escravo liberto dos estéreis futuros
reinando na minha lânguida vegetação
sonharia às vezes com os áridos muros
do meu templo de pedra, da antiga prisão.
JP
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