
Quem me dera que eu fosse o pó da estrada
E que os pés dos pobres me estivessem pisando...
Quem me dera que eu fosse os rios que correm
E que as lavadeiras estivessem à minha beira...
Quem me dera que eu fosse os choupos à margem do rio
E tivesse só o céu por cima e a água por baixo. . .
Quem me dera que eu fosse o burro do moleiro
E que ele me batesse e me estimasse...
Antes isso que ser o que atravessa a vida
Olhando para trás de si e tendo pena
Alberto Caeiro, in "O Guardador de Rebanhos - Poema XVIII"
Heterónimo de Fernando Pessoa
Procurando uma imagem para o poema, encontrei essa página belíssima! Parabéns! Pois, deixarei o poema como registro e agradecimento. :)
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Nenhum destino
Li no pó da estrada
meu nome em cada grão
levado de um lado a outro
pisado pelo tempo
esquecido pela vida...
Li no grão escuro
que a fuligem venceu
quão pequena pode ser
a poesia de um poeta
que veio do espaço
sem saber onde pousar...
Tentei o pó juntar
e sempre algum escapava
entre os dedos calejados
de tentar escrever
um destino certo
e de talvez não amar...
Li nos meus olhos
refletidos nos espelhos
que nunca fui presente
e sempre estive lá
como reflexo do passado
que virou pó e talvez
ninguém um dia queira juntar...
Mando Mago Poeta 13:23 05/11/2012