
Amo-te muito, muito!
Reluz-me o paraíso
Num teu olhar fortuito,
Num teu fugaz sorriso!
Quando em silêncio finges
Que um beijo foi furtado
E o rosto desmaiado
De cor-de-rosa tinges,
Dir-se-á que a rosa deve
Assim ficar com pejo
Quando a furtar-lhe um beijo
O zéfiro se atreve!
E às vezes que te assalta
Não sei que idem, jovem,
Que o rosto se te esmalta
De lágrimas que chovem;
Que fogo é que em ti lavra
E as forças te aniquila,
Que choras, mas tranquila,
E nem uma palavra?...
Oh! se essa mudez tua
É como a que eu conservo
Lá quando à noite observo
O que no céu flutua;
Ou quando à luz que adoro
Às horas do infinito,
Nas rochas de granito
Os braços cruzo e choro;
Amamo-nos! Não cabe
Em nossa pobre língua
O que a alma sente, à mingua
De voz... que só Deus sabe!
João de Deus
Olá amiga! mais uma vez foste muito feliz quando na escolha. Belo poema do João de Deus. Adorei, com ênfase para a estrofe abaixo:
ResponderExcluirE às vezes que te assalta
Não sei que idem, jovem,
Que o rosto se te esmalta
De lágrimas que chovem;
Beijos e ótima semana pra ti.
Furtado.