
Comemoramos todos os anos, no dia 19 de Abril, o Dia do Índio.
Esta data comemorativa foi criada em 1943 pelo presidente Getúlio Vargas,através do decreto lei número 5.540. Mas porque foi escolhido o 19 de abril?
Origem da Data
Para entendermos a data, devemos voltar para 1940.Neste ano, foi realizado no México, o Primeiro Congresso Indigenista Interamericano.Além de contar com a participação de diversas autoridades governamentais dos países da América, vários líderes indígenas deste continente foram convidados para participarem das reuniões e decisões. Porém, os índios não compareceram nos primeiros dias do evento,pois estavam preocupados e temerosos. Este comportamento era compreensível,pois os índios há séculos estavam sendo perseguidos, agredidos e dizimados pelos “homens brancos”.No entanto, após algumas reuniões e reflexões,diversos líderes indígenas resolveram participar,após entenderem a importância daquele momento histórico. Esta participação ocorreu no dia 19 de abril, que depois foi escolhido, no continente americano, como o Dia do Índio.
Comemorações e Importância da Data
Neste dia do ano ocorrem vários eventos dedicados à valorização da cultura indígena.
Nas escolas, os alunos costumam fazer pesquisas sobre a cultura indígena, os museus fazem exposições e os municípios organizam festas comemorativas.Deve ser também um dia de reflexão sobre a importância da preservação dos povos indígenas, da manutenção de suas terras e respeito às suas manifestações culturais.Devemos lembrar também, que os índios já habitavam nosso país quando os portugueses aqui chegaram em 1500.Desde esta data, o que vimos foi o desrespeito e a diminuição das populações indígenas.Este processo ainda ocorre, pois com a mineração e a exploração dos recursos naturais,muitos povos indígenas estão perdendo suas terras.
NO ARAGUAIA I

Nestas praias sem cercas e sem dono
do velho Araguaia,
achei um amigo, escuro,
de cara pintada a jenipapo e urucum:
o carajá Araticum – uassu
Seus músculos são cobras grossas
que incham sobre o couro moreno;
suas narinas têm sete faros;
e nos seus ouvidos há cordas sutis, onde ressoa o pio
curto e triste,
que, mais de um quilometro distante,
solta o patativo borrageiro.
Quando o rio ensolado enruga, em qualquer ponto,
a lâmina lisa de níquel molhado,
ele traduz , na esteira da mareta,
com o binóculo faiscante dos olhos,
o tamanho e a raça do peixe navega escondido.
E a flechada vai arpoar, certeira , debaixo d’água,
o pacamã ou o pirarucu.
A mata não lhe dá mais surpresas
(tem vinte presas onça preta no colar),
nem o rio lhe conta mais novidades
(ele é capaz de flutuar , até dormindo,
correnteza abaixo, como um pau de pita).
Hoje eu lhe perguntei:
--“Como foi feito o mundo,
ó meu patrício Araticum Uassu?...”
Ele riu, deu um mergulho no rio,
e emergiu, com a cabeleira em gotas,
sem precisar de falar...
— “Bem, mas o que é mesmo a vida, meu irmão moreno?...”
Araticum-uassu riu com mais gosto ainda,
e saiu a remar, com esforço simulado,
tangendo a piroga corredeira acima...
--“Muito bem, amigo, quero saber, agora,
o que pensas do amor...”
Desta vez ele não riu --- franziu o rosto,
e jogando fora o remo de taquara,
deitou-se na canoa, indiferente,
com olhos fechados, braços cruzados,
e deixando-se levar pela corrente, à-toa,
sumiu na curva,atrás do saranzal...
João Guimarães Rosa (Magma –Editora Nova Fronteira)
UM ÍNDIO

Um índio descerá de uma estrela colorida e brilhante
De uma estrela que virá numa velocidade estonteante
E pousará no coração do hemisfério sul, na América, num claro instante
Depois de exterminada a última nação indígena
E o espírito dos pássaros das fontes de água límpida
Mais avançado que a mais avançada das mais avançadas das tecnologias
Virá, impávido que nem Muhammed Ali, virá que eu vi
Apaixonadamente como Peri, virá que eu vi
Tranqüilo e infalível como Bruce Lee, virá que eu vi
O axé do afoxé, filhos de Ghandi, virá
Um índio preservado em pleno corpo físico
Em todo sólido, todo gás e todo líquido
Em átomos, palavras, alma, cor, em gesto e cheiro
Em sombra, em luz, em som magnífico
Num ponto equidistante entre o Atlântico e o Pacífico
Do objeto, sim, resplandecente descerá o índio
E as coisas que eu sei que ele dirá, fará, não sei dizer
Assim, de um modo explícito
(Refrão)
E aquilo que nesse momento se revelará aos povos
Surpreenderá a todos, não por ser exótico
Mas pelo fato de poder ter sempre estado oculto
Quando terá sido o óbvio.
A LENDA DA VITÓRIA RÉGIA

Diz a lenda da Vitória Régia que os lagos amazônicos eram espelhos naturais da vaidosa lua. As cunhãs (índias) ao vê-la refletida sentiam inspiração para o amor. Subiam no alto da colina esperando pelo aparecimento da lua, e que com o contato de sua luz , fossem transformadas em estrelas no céu. Um belo dia, uma linda cunhã resolveu que era chegado o momento de transformar-se em estrela. Subiu na mais alta colina, esperando poder tocar a lua e assim concretizar o seu desejo. Ao chegar, viu a lua refletida na grande lagoa. Na ânsia de realizar seu sonho de amor a cunhã se atirou nas águas profundas do lago e nunca mais foi vista. A lua condoída com o infortúnio de tão bela jovem e não podendo satisfazer seu desejo de levá-la para o céu, transformou-a em uma bela estrela das águas - a linda planta aquática que é a Vitória Régia, cuja beleza e perfume são inconfundíveis.
A LENDA DO GUARANÁ

Conta a lenda que um casal de índios Maués, viviam juntos a muitos anos e ainda não tinham filhos. Um dia, pediram a Tupã para dar-lhes uma criança. Tupã atendeu o desejo do casal e deu-lhes um lindo menino, que cresceu cheio de graça e beleza e se tornou querido de toda a tribo. No entanto, Jurupari, o Deus da escuridão e do mal, sentia muita inveja do menino e decidiu matá-lo. Certo dia, quando o menino foi coletar frutos na floresta, Jurupari aproveitou para se transformar numa serpente venenosa e matar o menino. Neste momento, fortes trovões ecoaram por toda a aldeia, e relâmpagos luziam no céu em protesto. A mãe, chorando em desespero ao achar seu filho morto, entendeu que os trovões eram uma mensagem de Tupã. Em sua crença, Tupã dizia-lhe que deveria plantar os olhos da criança e que deles nasceria uma nova planta, dando saborosos frutos, que fortaleceria os jovens e revigoraria os velhos. E os índios, plantaram os olhos da criança e regavam todos os dias. Logo mais, nesse lugarzinho onde foi enterrado os olhos do indiozinho, nasceu o Guaraná, cujos frutos, negros como azeviche, envoltos por uma orla branca em sementes rubras, são muito semelhantes aos olhos dos seres humanos.
Querida Mara
ResponderExcluirExcelente post com muita informação sobre os índios a que não falta excerto da carta de Pêro Vaz de Caminha,creio.Voltarei para ler tudo.
Beijinhos e Boa Páscoa.
Olinda