
De tudo o que se pode guardar
guarde o silêncio
objetos são perecíveis
palavras... dispensáveis
o silêncio é enfático e duradouro
ainda que por alguns instantes
a reflexão é do silêncio
o ancoradouro
fere com estacas pontiagudas
a alma das palavras
serpenteia como lâminas cortantes
o silêncio é grilo falante
quando se colhe sentimentos
filho da verborragia
corta o ar como uma cotovia
nos versos da poesia
o silêncio é chama intrépida
travestido de palavras em seda fria
som estrepitoso
ecoa solitário
nas cavernas da mente
entre palavras e palavras
a pausa colossal do silêncio
é brado veemente
lacuna onde se deita
o que não é dito
ou dito de modo surpreendente
no suspiro abafado
no canto dos olhos
no sorriso embotado
brada o silêncio
o que os pulmões condensam
revela o que os seres
mais sensíveis pensam
faz imenso barulho em mim
é começo e é o fim...
Úrsula Avner
Um belo Poema mostrando a importância do silêncio
ResponderExcluirque tantas vezes é mais importante do que as palavras.Até mais reconfortante!
Beijo.
isa.
ResponderExcluirQuerida Mara
Um poema intrigante, este de Úrsula Avner, que eu não conhecia.
Às vezes o silêncio é de ouro...noutros é necessário quebrá-lo para não produzir impasses que nos bloqueiem a vida.
Beijinhos
Uma boa semana.
Olinda