
Big city blues
Noite. Tédio. Vitrola.
Do disco negro uma espiral se desenrola
e estica-se no céu. E nessa corda tesa
toda a minha tristeza
balança
e dança...
E, nem sei bem por que,
eu começo a escrever para você:
- "Como eu penso em você nessa noite de insônia!
"Lá em baixo, alva de lua, a cidade ressona:
"a cidade que foi minha cidade...
"Foi. Não é mais. Agora é uma pobre saudade,
"uma saudade longa de mim mesmo,
"de você, de nós dois, de tudo o que vivemos
"por essas ruas tristes, paralelas,
"que não se encontram mais...(Não serão elas
"como nós dois, agora?...)
(...)
Mas minha mão parou. Da pena adormecida
ficaram, no papel inerte em que eu escrevo,
em vez do meu amor, estes versos sem nervos...
Meus "diabinhos azuis",
meus pobres big city blues...
Guilherme de Almeida
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