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sábado, 1 de agosto de 2009
NÃO FUI PROFETIZADO
Não fui profetizado. Aconteci.
Como é difícil cumprir
missão que não recebi.
Vivendo foi que aprendi
a que vim ao mundo: amar.
Quando liberto do tempo
me pediram testemunho,
as minhas mãos mostrarei:
não terei marca de cravos.
Verão, indeléveis, lanhos
da rosa que mais amei.
Thiago de Melo
sexta-feira, 31 de julho de 2009
O POBRE POEMA
O pobre poema
Eu escrevi um poema horrível!
É claro que ele queria dizer alguma coisa...
Mas o quê?
Estaria engasgado?
Nas suas meias palavras havia no entatnto uma ternura
mansa como a que se vê nos olhos de uma criança
doente, uma precoce, incompreensível gravidade
de quem, sem ler os jornais,
soubesse dos sequestros
dos que morrem sem culpa
dos que se desviam porque todos os caminos estão
tomados...
Poema, menininho condenado,
bem se via que ele não era deste mundo
nem para este mundo...
Tomado, então, de um ódio insensato,
esse odio que enlouquece os homens ante a insuportável
verdade, dilacerei-o em mil pedaços.
E respirei...
Também quem mandou nascer no mundo errado...
Mario Quintana
quinta-feira, 30 de julho de 2009
quarta-feira, 29 de julho de 2009
AI DAQUELES
PALETA
terça-feira, 28 de julho de 2009
MORRER DE AMOR
segunda-feira, 27 de julho de 2009
ASSOVIO
Assovio
A palavra que te disse,
talvez por ser tão pequena,
em tais desprezos perdeu-se
que não deixou nem pena.
Murmurei-a a uma cisterna
de turvas águas antigas
e foi-se de cova em cova
em múltiplas cantigas.
Amadores deste mundo,
nas águas vosso amor ponde;
que elas vos darão resposta,
quando ninguém responde.
Cecília Meireles
domingo, 26 de julho de 2009
DOIS ESTUDOS
Dois estudos
I
Tu és a antecipação
do último filme que assistirei.
Fazes calar os astros,
os rádios e as multidões na praça pública.
Eu te assisto imóvel e indiferente.
A cada momento tu te voltas
e lanças no meu encalço
máquinas monstruosas que envenenam reservatórios
sobre os quais ganhaste um domínio de morte.
Trazes encerradas entre os dedos
reservas formidáveis de dinamite
e de fatos diversos.
II
Tu não representas as 24 horas de um dia,
os fatos diversos,
o livro e o jornal
que leio neste momento.
Tu os completas e os transcendes.
Tu és absolutamente revolucionária e criminosa,
porque sob teu manto
e sob os pássaros de teu chapéu
desconheço a minha rua,
o meu amigo e o meu cavalo de sela.
João Cabral de Melo Neto
SEU PENSAMENTO
Seu pensamento
A uma hora dessas
por onde estará seu pensamento
Terá os pés na terra
ou vento no cabelo?
A uma hora dessas
por onde andará seu pensamento
Dará voltas na Terra
ou no estacionamento?
Onde longe Londres Lisboa
ou na minha cama?
por onde vagará seu pensamento
Terá os pés na areia
em pleno apartamento?
A uma hora dessas
por onde passará seu pensamento
Por dentro da minha saia
ou pelo firmamento?
Onde longe Leme Luanda
ou na minha cama?
Adriana Calcanhotto
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