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sexta-feira, 10 de junho de 2011

431 Sem Luís Vaz de Camões


Poeta português (1524-1580). Luís Vaz de Camões é autor de Os Lusíadas , considerada uma das obras mais importantes da Literatura portuguesa. De família da pequena nobreza, ingressa no Exército da Coroa de Portugal e participa da guerra contra Ceuta, no Marrocos, durante a qual perde o olho direito. Boêmio, de volta a Lisboa frequenta tanto os serões da nobreza como as noitadas populares. Embarca para a Índia em 1553 e para a China em 1556. Em 1560, o navio em que viaja naufraga na foz do Rio Mekong. Camões salva os originais de Os Lusíadas nadando até a terra com o manuscrito embaixo do braço. Nove anos depois, retorna a Lisboa com a intenção de publicar o poema, o que só acontece em 1572, graças a um financiamento concedido pelo rei Dom Sebastião. Os Lusíadas funde elementos épicos e líricos e sintetiza as principais marcas do Renascimento português: o humanismo e as expedições ultramarinas. Sua base narrativa é a expedição de Vasco da Gama em busca de um caminho marítimo para as Índias. Nela, mescla fatos da História portuguesa a intrigas dos deuses gregos, que procuram ajudar ou atrapalhar o navegador. Morre em Portugal,aos 10 de junho de 1580 em absoluta pobreza.


Qual tem a borboleta por costume,
que, enlevada na luz da acesa vela,
dando vai voltas mil, até que nela
se queima agora, agora se consume;

tal eu correndo vou ao vivo lume
desses olhos gentis, Aónia bela;
e abraso-me, por mais que com cautela
livrar-me a parte racional presume.

Conheço o muito a que se atreve a vista,
o quanto se levanta o pensamento,
o como vou morrendo claramente.

Porém, não quer Amor que lhe resista,
nem a minha alma o quer; que em tal tormento,
qual em glória maior, está contente.


Luís Vaz de Camões


Se as penas com que Amor tão mal me trata
quiser que tanto tempo viva delas
que veja escuro o lume das estrelas,
em cuja vista o meu se acende e mata;

e se o tempo, que tudo desbarata,
secar as frescas rosas sem colhê-las,
mostrando a linda cor das tranças belas
mudado de ouro fino em bela prata;

vereis, Senhora, então também mudado
o pensamento e aspereza vossa,
quando não sirva já sua mudança.

Suspirareis então pelo passado,
em tempo quando executar-se possa
em vosso arrepender minha vingança.


Luís Vaz de Camões


Depois de tantos dias mal gastados,
Depois de tantas noites mal dormidas,
Depois de tantas lágrimas vertidas,
Tantos suspiros vãos vãmente dados,

Como não sois vós já desenganados,
Desejos, que de cousas esquecidas
Quereis remediar mortais feridas,
Que amor fez sem remédio, o tempo, os Fados?

Se não tivéreis já longa exp'riência
Das sem-razões de Amor a quem servistes,
Fraqueza fora em vós a resistência.

Mas pois por vosso mal seus males vistes,
Que o tempo não curou, nem larga ausência,
Qual bem dele esperais, desejos tristes?


Luís de Camões

As Caravelas



Já no largo Oceano navegavam,
As inquietas ondas apartando;
Os ventos brandamente respiravam,
Das naus as velas côncavas inchando;
Da branca escuma os mares se mostravam
Cobertos, onde as proas vão cortando
As marítimas águas consagradas,
Que do gado de Proteu (* ) são cortadas.


Luís Vaz de Camões
Os Lusíadas (Fragmento)




quinta-feira, 9 de junho de 2011

Destino


Quem disse à estrela o caminho
Que ela há-de seguir no céu?
A fabricar o seu ninho
Como é que a ave aprendeu?

Quem diz à planta: “Floresce!”
E ao mudo verme que tece
Sua mortalha de seda
Os fios quem lhos enreda?

Ensinou alguém à abelha
Que no prado anda a zumbir
Se à flor branca ou à vermelha
O seu mel há-de ir pedir?

Que eras tu meu ser, querida,
Teus olhos a minha vida,
Teu amor todo o meu bem…
Ai! não me disse ninguém.

Como a abelha corre ao prado,
Como no céu gira a estrela,
Como a todo o ente o seu fado
Por instinto se revela,

Eu no teu seio divino
Vim cumprir o meu destino…
Vim, que em ti só sei viver,
Só por ti posso morrer.

Almeida Garret

quarta-feira, 8 de junho de 2011

Lembranças


É onda que vem e que vai,
vento que levanta a areia
das dunas dum coração
depois de erodida a paisagem
de tudo que foi vivido.
Cometa riscando o céu,
lua na escuridão
da noite da saudade.
Marinheiro sem porto
perdido na tempestade,
página de um diário
de anotações cotidianas.
Sem ela não se vive,
embora, às vezes, doa.
Melhor sentir sua dor
do que nada ter pra lembrar.

Maria Hilda de J. Alão.

Paula Fernandes - Costumes -

segunda-feira, 6 de junho de 2011

Há Certas Horas...


Há certas horas, em que não precisamos de um Amor...
Não precisamos da paixão desmedida...
Não queremos beijo na boca...
E nem corpos a se encontrar na maciez de uma cama...

Há certas horas, que só queremos a mão no ombro, o abraço apertado ou mesmo o estar ali, quietinho, ao lado...
Sem nada dizer...

Há certas horas, quando sentimos que estamos pra chorar, que desejamos uma presença amiga, a nos ouvir paciente, a brincar com a gente, a nos fazer sorrir...

Alguém que ria de nossas piadas sem graça...
Que ache nossas tristezas as maiores do mundo...
Que nos teça elogios sem fim...
E que apesar de todas essas mentiras úteis, nos seja de uma sinceridade
inquestionável...

Que nos mande calar a boca ou nos evite um gesto impensado...
Alguém que nos possa dizer:

Acho que você está errado, mas estou do seu lado...

Ou alguém que apenas diga:

Sou seu amor! E estou Aqui!


William Shakespeare

Dez Pontes Que Ninguém Quer atravessar - Parte I -

Algumas das estruturas dessa lista são consideradas as pontes mais perigosas do mundo. Outras possuem vistas magníficas – mas é necessária muita coragem para chegar perto delas. Mas todas têm algo em comum: causam arrepios e hesitações até mesmo na menos medrosa de todas as pessoas. Confira:

1 – Ponte Imortal (China)



O Monte Tai, na província Shandon, tem significado cultural e religioso há milhares de anos. É uma das cinco montanhas sagradas da China e está associada com o surgimento de nascimento e renascimento. Se você quiser ir até lá, no entanto, vai encontrar com isso: a Ponte Imortal. Essa ponte é composta por três pedras enormes e várias pequenas. Abaixo dela há um vale, e ao sul um abismo. Ninguém sabe ao certo como essas enormes rochas foram parar em seu lugar atual, mas é bastante provável que estejam assim desde a última idade do gelo.

2 – A velha ponte de Konitsa (Grécia)


Essa ponte centenária está em cima do rio Aoos, na Grécia, que fica cheio no inverno. Se você olhar cuidadosamente para o meio da ponte, verá um pequeno sino. Os moradores locais dizem que quando há vento suficiente para fazer o sino soar, é perigoso demais atravessar a ponte.

3 – Ponte de Carrick-a-Rede (Irlanda)


Carrick-a-Rede é uma ponte de corda suspensa perto de Ballintoy, Irlanda do Norte. A ponte liga o continente à ilha minúscula Carrick. Ela tem um alcance de 20 metros e fica 30 metros acima das rochas abaixo. Hoje, a ponte é principalmente uma atração turística, recebendo 247.000 visitantes em 2009. Quando está ventando, atravessá-la é uma experiência (terrível se você tiver medo de altura) emocionante.

4 – Ponte real do desfiladeiro (EUA)


A ponte é uma atração turística perto de Canon City, Colorado, dentro de um parque temático. A ponte está 291 metros acima do rio Arkansas, e deteve o recorde de maior ponte do mundo de 1929 até 2003, quando foi superada pela ponte sobre o rio Beipanjiang, na China. É uma ponte pênsil com um vão principal de 286 metros. A ponte tem 384 metros de comprimento e 5,5 metros de largura, com uma passarela de madeira com 1.292 tábuas. Está suspensa a partir de torres que estão a 46 metros de altura.

5 – Ponte de corda inca (Império Inca, Peru)


As pontes de corda incas eram pontes de suspensão simples sobre cânions e desfiladeiros que forneciam acesso para o Império Inca. Pontes desse tipo eram adequadas, pois os incas não usavam transporte sobre rodas. Essas pontes foram parte integrante do sistema viário inca e são um exemplo de inovação em engenharia. Elas eram usadas com frequência para entrega de mensagens. Os incas usavam fibras naturais encontradas na vegetação local para construi-las. Essas fibras eram tecidas em conjunto a uma corda suficientemente forte e eram reforçadas com um piso de madeira. Cada lado era então ligado a um par de âncoras de pedra, e diversos cabos. Os cabos que sustentavam o caminho eram reforçados com galhos entrançados. Esse sistema era forte o suficiente para levar até os espanhóis com cavalos depois que eles chegaram. No entanto, as pontes enormes eram tão pesadas que tendiam a cair no meio, e isso fazia elas balançarem com ventos fortes. Parte da força e da confiabilidade da ponte vem do fato de que cada cabo era substituído a cada ano pelos moradores locais. Em alguns casos, os camponeses locais tinham a única missão de manter e reparar as pontes. A maior ponte desse tipo residia na garganta Apurimac, ao longo da principal estrada norte de Cuzco.

tema De Lara

domingo, 5 de junho de 2011

Floresta - Gibran Khalil Gibran -


Na floresta não existe nem rebanho, nem pastor
Quando o inverno caminha, segue seu distinto curso como faz a primavera
Os homens nasceram escravos daquele que repudia a submissão
Se ele um dia se levanta, lhes indica o caminho, com ele caminharão
Dá-me a flauta e canta!
O canto é o pasto das mentes,
e o lamento da flauta perdura mais que rebanho e pastor

Na floresta não existe ignorante ou sábio
Quando os ramos se agitam, a ninguém reverenciam
O saber humano é ilusório como a cerração dos campos
que se esvai quando o sol se levanta no horizonte
Dá-me a flauta e canta!
O canto é o melhor saber,
e o lamento da flauta sobrevive ao cintilar das estrelas

Na floresta só existe lembrança dos amorosos
Os que dominaram o mundo e oprimiram e conquistaram,
seus nomes são como letras dos nomes dos criminosos
Conquistador entre nós é aquele que sabe amar
Dá-me a flauta e canta!
E esquece a injustiça do opressor
Pois o lírio é uma taça para o orvalho e não para o sangue

Na floresta não há crítico nem sensor
Se as gazelas se perturbam quando avistam companheiro, a águia não diz: ‘Que estranho’
Sábio entre nós é aquele que julga estranho
apenas o que é estranho
Ah, dá-me a flauta e canta!
O canto é a melhor loucura
e o lamento da flauta sobrevive aos ponderados e aos racionais

Na floresta não existem homens livres ou escravos
Todas as glórias são vãs como borbulhas na água
Quando a amendoeira lança suas flores sobre o espinheiro,
não diz: ‘Ele é desprezível e eu sou um grande senhor’
Dá-me a flauta e canta!
Que o canto é glória autêntica,
e o lamento da flauta sobrevive ao nobre e ao vil

Na floresta não existe fortaleza ou fragilidade
Quando o leão ruge não dizem: ‘Ele é temível’
A vontade humana é apenas uma sombra que vagueia no espaço do pensamento,
e o direito dos homens fenece como folhas de outono
Dá-me a flauta e canta!
O canto é a força do espírito,
e o lamento da flauta sobrevive ao apagamento dos sóis

Na floresta não há morte nem apuros
A alegria não morre quando se vai a primavera
O pavor da morte é uma quimera que se insinua no coração
Pois quem vive uma primavera é como se houvesse vivido séculos
Dá-me a flauta e canta!
O canto é o segredo da vida eterna,
e o lamento da flauta permanecerá após findar-se a existência.


Gibran Khalil Gibran

5 De Junho - Dia Mundial Do Meio Ambiente -

Charge - Meio Ambiente -