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sábado, 8 de janeiro de 2011

Não Quero Viver Sem Ti


Não quero viver sem ti
mais nenhum tempo.
Nem sequer um segundo
do teu sono.
Encostar-me toda a ti
eu não invento.
Tu és a minha vida
o tempo todo.


Maria Teresa Horta

Meu Amor, Meu Amor....


Meu amor meu amor
meu corpo em movimento
minha voz à procura
do seu próprio lamento.

Meu limão de amargura meu punhal a escrever
nós paramos o tempo não sabemos morrer
e nascemos nascemos
do nosso entristecer.

Meu amor meu amor
meu nó e sofrimento
minha mó de ternura
minha nau de tormento

este mar não tem cura este céu não tem ar
nós paramos o vento não sabemos nadar
e morremos morremos
devagar devagar.....

José Carlos Ary dos Santos

Rio


Nas cheias
o rio comanda o espetáculo

e as margens são apenas
degraus para o leito mais fundo

nas secas
o rio é a margem.

Lau Siqueira

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Cesária Evora - Lua Nha Testemunha -

Soneto Do Abandono


Se teu amor chegasse de mansinho
e aos poucos me envolvesse corpo e alma;
se ele viesse me trazer carinho
quando me desespero e perco a calma...

Se fosses o fanal do meu caminho
e me surgisses numa noite calma,
como alguém que procura um quente ninho
para amar e aquecer o corpo e a alma...

Ambos unidos pelo mesmo afeto,
tanto sincero quanto predileto,
viveríamos horas mais amenas...

Mas enquanto não vens não tenho nada;
minha vida é uma casa abandonada
onde alguém chora a sós amargas penas.

Ialmar Pio Schneider

Saudade...


Saudade é não saber.
Não saber o que fazer com os dias
que ficaram mais compridos,
não saber como encontrar tarefas
que lhe cessem o pensamento.
Não saber como frear as lágrimas
diante de uma música,
não saber como vencer a dor de um
silêncio que nada preenche.

Martha Medeiros

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Meus Passos Na Areia


Vago pela praia do existir,
Divago num sonhar em temperança,
Afago o querer-te ao meu lado,
E trago, para o agora, a esperança...

Meus passos vão ficando pela areia,
E, aos poucos, com o vento se apagando,
Consumidos nas barreiras superadas,
Vou em frente, tenho o mar me esperando...

Mirando o horizonte, logo à frente,
Eu envolvo em braçadas o oceano,
Mergulho no sonhar que, brevemente,
Alcançarei o "ser feliz" do ser humano...

Busco chegar à ilha da felicidade,
Que tem a forma e a figura do teu ser,
É nessa ilha que eu encontro a verdade,
De ser feliz e de um amor realidade,
É lá que quero ficar pra sempre...
Até morrer!...

Edson Carlos Contar

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Quero Dar-Te


Quero dar-te a coisa mais pequenina que houver
bago de arroz
grão de areia
semente de linho
suspiro de pássaro
pedra de sal
som de regato
a coisa mais pequena do mundo
a sombra do meu nome
o peso do meu coração na tua pele.

Rosa Lobato de Faria

A Dança


Não te amo como se fosse rosa de sal,
topázio ou flecha de cravos que propagam o fogo:
te amo secretamente, entre a sombra e a alma.
Te amo como a planta que não floresce e leva dentro de si,
oculta, a luz daquelas flores,
e graças a teu amor vive escuro em meu corpo
o apertado aroma que ascender da terra.
Te amo sem saber como, nem quando, nem onde,
te amo directamente sem problemas nem orgulho:
assim te amo porque não sei amar de outra maneira,
Se não assim deste modo em que não sou nem és
tão perto que a tua mão sobre meu peito é minha
tão perto que se fecham teus olhos com meu sonho.


Pablo Neruda

A Tua Espera


Estou diariamente à tua espera
como quem espera um astro pela noite

Defino-te em segredos
Revejo-te em memória

Invejo-te
Construo a tua boca sem palavras
Construo este silêncio em que me prendo.
João Rui de Sousa

domingo, 2 de janeiro de 2011

Flying Pickets - Only You -

Noite


Há duas pombas brancas no telhado.
Junto delas pousa o silêncio do dia já parado,
e entre asas caladas o primeiro gesto da noite vai crescendo.
É tarde nos telhados e nas árvores,
é tarde (triste e mais tarde) nessa rua
que se reabriu no fundo de um olhar,
onde se movem ressurrectos mármores
e começam a discorrer ventos e velas
por sobre a limpidez das mesmas águas velhas,
e pássaros azuis bicam frutos de astro soltos no ar.

Sobem (de onde?) vultos escuros de coisas e de entes,
alongam a última distância, somem a luz que se destece
e a linha dos caminhos, apagam o verde prado.
Não há duas pombas brancas no telhado:
sobre elas, seu vôo e seu arrulho ausentes
a lápide sem cor das horas desce.

Abgar Renault

Charge