VISITANTES

sábado, 26 de novembro de 2011

Centenário de Mário Lago


Compositor carioca, letrista, ator, poeta, radialista e advogado. Nascido no Rio de Janeiro em 26 de novembro de 1911, aos 15 anos já publicava o primeiro poema na imprensa carioca. Autor de sambas populares como "Ai, que saudades da Amélia" e "Atire a primeira pedra", ambos em parceria com Ataufo Alves, fez-se popular entre as décadas de 40 e 50, ajudando a tornar o samba a mais representativa música brasileira. Foi por longo período militante do Partido comunista.Mário Lago é um ícone da cultura brasileira. Imortalizou-se com suas canções populares e marchinhas feitas para o carnaval.
Mário Lago era filho de um maestro, Antônio Lago, e encontrou nas letras o seu refúgio intelectual.


<

Quando deixarmos de ter esperança
é melhor apagar o arco-íris.


Mário Lago



Eu Quero Duas Rimas

Eu quero duas rimas para liberdade.
Nem cidade nem saudade,
nem faculdade nem eternidade.
Eu quero duas rimas para liberdade
para escrever um poema
que fale da fome de um operário,
que fale da angústia de um camponês.
Achei as duas rimas para liberdade!
Luta e União.

Amigos!
Sejamos todos poetas!
Utilizemos as rimas!
E escrevamos todos juntos.
de uma vez,
o poema da liberdade
que acabe com a fome de um operário,
que acabe com a angústia de um camponês.


Mario Lago



Devolve

Devolve toda a tranqüilidade
Toda a felicidade
Que eu te dei e que perdi
Devolve todos os sonhos loucos
Que eu construí aos poucos
E te ofereci
Devolve, eu peço, por favor
Aquele imenso amor
Que nos teus braços esqueci
Devolve, que eu te devolvo ainda
Esta saudade infinda
Que eu tenho de ti.


Mario Lago



sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Lágrimas


Ela chorava muito e muito, aos cantos,
Frenética, com gestos desabridos;
Nos cabelos, em ânsias desprendidos,
Brilhavam como pérolas os prantos.

Ele, o amante, sereno como os santos,
Deitado no sofá, pés aquecidos,
Ao sentir-lhe os soluços consumidos,
Sorria-se cantando alegres cantos.

E dizia-lhe então, de olhos enxutos;
- “Tu pareces nascida de rajada,
Tens despeitos raivosos, resolutos;

Chora, chora, mulher arrenegada;
Lacrimosa por esses aquedutos…
Quero um banho tomar de água salgada.”

Cesário Verde

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

150 Anos da Nascimento de Cruz e Sousa


João da Cruz e Sousa nasceu a 24 de novembro de 1861 em Nossa Senhora do Desterro, capital da Província de Santa Catarina, atualmente, Florianópolis. Era filho de escravos alforriados. O negro que contrariou o preconceito racial e se pôs a liderança do Simbolismo brasileiro, é autor de uma obra que traz versos como:

"Anda em mim, soturnamente / Uma tristeza ociosa / Sem objetivo, latente / Vaga, indecisa, medrosa" (Tristeza Do Infinito - Últimos Sonetos).

Além de: "De dentro da senzala escura e lamacenta / Aonde o infeliz / De lágrimas em fel, de ódio se alimenta / Tornando meretriz" (Da Senzala – O Livro Derradeiro).

Percebe-se num primeiro momento o sofrimento de uma alma que ecoou diretamente em sua obra. Mas posteriormente, a consciência social e humanista de um cidadão. Cruz e Sousa, o Dante Negro ou Cisne Negro, foi um poeta Simbolista que ainda não obteve o reconhecimento literário devido, mas agrega em sua obra a essência única de um autor que cativa e comove por sua autenticidade.




velhas Tristezas

Diluências de luz, velhas tristezas
das almas que morreram para a luta!
Sois as sombras amadas de belezas
hoje mais frias do que a pedra bruta.

Murmúrios incógnitos de gruta
onde o Mar canta os salmos e as rudezas
de obscuras religiões — voz impoluta
de todas as titânicas grandezas.

Passai, lembrando as sensações antigas,
paixões que foram já dóceis amigas,
na luz de eternos sóis glorificadas.

Alegrias de há tempos! E hoje e agora,
velhas tristezas que se vão embora
no poente da Saudade amortalhadas!


Cruz e Souza



A Harpa

Prende, arrebata, enleva, atrai, consola
A harpa tangida por convulsos dedos,
Vivem nela mistérios e segredos,
É berceuse, é balada, é barcarola.

Harmonia nervosa que desola,
Vento noturno dentre os arvoredos
A erguer fantasmas e secretos medos,
Nas suas cordas um soluço rola…

Tu’alma é como esta harpa peregrina
Que tem sabor de música divina
E só pelos eleitos é tangida.

Harpa dos céus que pelos céus murmura
E que enche os céus da música mais pura,
como de uma saudade indefinida.


Cruz e Souza

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Quem...


“Quem escolhe o caminho das pedras
foge à fascinação do fácil.

Quem escolhe o caminho das pedras
sabe de cor a cor do sangue

Quem escolhe o caminho das pedras
nada quer para tudo ser.

Quem escolhe o caminho das pedras
ama o amor na raiz do lume.

Quem escolhe o caminho das pedras
equilibra-se nos fios da morte.


Luís Veiga Leitão (1912-1987)

terça-feira, 22 de novembro de 2011

22 de Novembro - Dia Do Músico -

Hoje é dia de Santa Cecília, padroeira dos músicos, por isso hoje também é comemorado o dia do músico.



“Quem ouve música, sente sua solidão povoada de repente.”

Robert Browning




Fuga

O músico procura
Fixar em cada verso
O cântico disperso
Na luz, na água e no vento.

Porém, luz, vento e água
Variam riso e mágoa,
De momento a momento.

E em vão a área dos dedos
Se eleva! Não traduz
Os súbitos segredos
Escondidos no vento,
Nas águas e na luz...


Pedro Homem de Mello



Divina Música!

Filha da Alma e do Amor.
Cálice da amargura
E do Amor.
Sonho do coração humano,
Fruto da tristeza.
Flor da alegria, fragrância
E desabrochar dos sentimentos.
Linguagem dos amantes,
Confidenciadora de segredos.
Mãe das lágrimas do amor oculto.
Inspiradora de poetas, de compositores
E dos grandes realizadores.
Unidade de pensamento dentro dos fragmentos
Das palavras.
Criadora do amor que se origina da beleza.
Vinho do coração
Que exulta num mundo de sonhos.
Encorajadora dos guerreiros,
Fortalecedora das almas.
Oceano de perdão e mar de ternura.
Ó música.
Em tuas profundezas
Depositamos nossos corações e almas.
Tu nos ensinaste a ver com os ouvidos
E a ouvir com os corações.


Gibran Khalil Gibran




Charge



Charge de Newton Silva para O Jangadeiro Online

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Esperança


Tantas formas revestes, e nenhuma
Me satisfaz!
Vens às vezes no amor, e quase te acredito.
Mas todo o amor é um grito
Desesperado
Que apenas ouve o eco...
Peco
Por absurdo humano:
Quero não sei que cálice profano
Cheio de um vinho herético e sagrado.


Miguel Torga

domingo, 20 de novembro de 2011

Ysabel LeMay

Ysabel LeMay - Quebec, Canadá- As imagens criadas por ela são compostas por centenas de fotografia diferentes e tomadas de forma individual.As fotografia são agrupadas até que obtenha-se o efeito desejado.Cada trabalho leva, em média de 4 a 8 semanas para ser concluído.Este processo é chamado de Photo-Fusion.




Ela nos diz que:"Cada inseto, cada planta, cada pássaro que capturei com minha lente tem uma individualidade que eu quero melhorar e compartilhar com o espectador. Eu acredito que é muitas vezes nos simples detalhes, onde reside a divindade".



"Minha formação como pintora deu-me a maturidade visual que é a compreensão do espaço, forma, movimento e profundidade", diz ela. "Deu-me a compreensão da organização espacial que é essencial para o que eu faço. A compreensão da harmonia de cores e da disciplina de poder trabalhar no meu estúdio todos os dias e superar-me.


Por meio da minha câmera, tento capturar a sutileza e a beleza da natureza em sua forma mais pura. Minha arte, é uma homenagem à natureza. É uma oferta, um momento de contemplação. Por um momento transitório, espero que minha arte possa transportá-lo para um lugar ilusório, uma morada onde você se sente bem para peregrinar, e revitalizar-se."