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sábado, 4 de junho de 2011

Você Nunca Está Só


Você nunca está só. Sempre a seu lado
Há um pouquinho de mim pairando no ar.
Você bem sabe: o pensamento é alado...
Voa como uma abelha sem parar.

Veja: caiu a tarde transparente.
A luz do dia se esvaiu... Morreu.
Uma sombra alongou-se a seus pés mansamente...
Esta sombra sou eu.

O vento ao pôr do sol, num balanço de rede,
Agita o ramo e o ramo um traço descreu.
Este gesto do ramo na parede
Não é do ramo: é meu.

Se uma fonte a correr, chora de mágoa
No silêncio da mata, esquecida de nós,
Preste bem atenção nesta cantiga da água:
A voz da fonte é a minha voz.

Se no momento em que a saudade se insinua
Você nos olhos uma gota pressentiu,
Esta lágrima, juro, não é sua...
Foi dos meus olhos que caiu...


Olegário Mariano

Charge

sexta-feira, 3 de junho de 2011

Amor à Distância...


Um amor que chega sem ser esperado...
Que não pede permissão para entrar...

Mas que invade o corpo inteiro...
Como se dono fosse do meu ser...

Um amor que vi aos poucos dentro de mim crescer!
Um amor que a distância não impediu,
De aflorar na minha existência tão sem graça.

Que me trouxe a alegria de estar vivo...
Que despertou a emoção adormecida!

Quando descobri que estavas em minha vida,
Ah esse amor que chega a doer de tanta
saudade...

Que anseia em seus braços um dia ser aconchegado.
Que sonha com seu rosto um dia acariciar.

Em teu corpo os delírios do prazer sentir...
E o seu coração com o meu amor seduzir!

Ah esse amor..., esse amor...
Que deixa meu corpo em brasas.
Quando em sonho muitas vezes acordado.

Sinto o seu corpo sob o meu, e
Assim por ti estar sendo amado.
O que seria de mim se não sonhasse!

Talvez perdesse a esperança....
Mas eu sonho, e tenho esperança.

Que um dia em nossas vidas vou lhe encontrar,
Com meu carinho e meu amor poder dizer,
Que eu nasci para lhe amar e ser amado por você!


Juliana Olivery

quarta-feira, 1 de junho de 2011

Amor E Uma Cabana


Pintei com coloridos paus de giz
Sobre a face polida duma lousa
Uma cabana, assim como quem ousa,
Procurar um lugar pra ser feliz.

Pintei-a sobre dunas junto ao mar
Disfarçada por entre canaviais
Pra poder resistir aos vendavais
Do esverdeado azul do teu olhar.

Quatro paredes, tecto, mais um chão,
É quanto basta pra minha emoção,
Que o luxo da paisagem mais importa.

Uma cama com uns lençóis de linho,
E a ternura macia do meu ninho,
Pra quando o amor vier bater-me à porta.


Cândido

terça-feira, 31 de maio de 2011

Tim Noble e Sue Webster

Tim Noble e Sue Webster são artistas ingleses, que criam esculturas de sombras. Diversos materiais são utilizados para compor as esculturas: lixo doméstico, sucatas, animais empalhados, etc. Com fontes de luz, dispostas de forma estratégica, as esculturas de sombras são de um realismo impressionante. Apreciem!






O Desejo De Ir Embora


O sol entrou feliz pela janela
e tudo iluminou alegremente.
Há um cão que ladra, e um pássaro desgrana
ligeiras harmonias em torrentes.

De costas em meu leito, sinto um vago
desejo de adorar essa distâncias,
de me perder na cerração dos lagos,
de me cegar na luz dessa alegria;

de ir cantando por um caminho agreste
e de sentir todo o dulçor das tardes,
o coração repleto da celeste
chama de amor que nos caminhos arde.


Pablo Neruda

Oscar Benton

segunda-feira, 30 de maio de 2011

Rosas Desfolhadas



Rosas, ó rosas desfolhadas,
De tantas recordações amorosas,
Marcam as páginas amareladas
No meio do livro silenciosas.

Os poemas, no livro aprisionados,
Vertem lágrimas de sangue
Sob as pétalas, olhos estagnados,
Da folha de papel exangue.

Pétalas que inspiraram meus sonetos,
Notas que ritmaram meus cantos,
Hoje são apenas esqueletos
Dispostos em vários cantos

Dum jardim sem vivacidade,
Porque se foi num raio de lua
Para o céu da minha saudade
O meu amor deixando na rua,

Refletido numa poça d’água,
Seu rosto firme de traços bonitos,
Na testa fundos vincos de mágoa
Lembrando dores de velhos atritos.

E só restaram as rosas ressecadas,
Rosas, rosas, rosas e mais rosas,
Entre as folhas do livro abandonadas
Sufocando as estrofes suspirosas.


Maria Hilda de J. Alão

Theatre Of Tragedy

Estou Sempre à tua Espera


Quando quiseres te encontrar comigo
Eu estarei sempre no entardecer...
Vem ver o mar e o sol a se esconder
E traz todo esse amor que tens contigo.

Não me procures nos salões de vício
Nem nos bares escuros da cidade,
Nem nas esquinas de qualquer maldade,
Pois entendo isso como um desperdício.

Quando tu precisares dum aconchego
Dum beijo, dum carinho, dum chamego,
Eu troco pelos teus beijos de mel.

E te envolvo nos meus lençóis de linho
Nas noites em que escrevo com carinho
Estes meus guardanapos de papel.


Cândido

domingo, 29 de maio de 2011

Um Poema Para Domingo


“Não estejas longe de mim um só dia,
Porque, não sei dizê-lo, é comprido o dia,
e te estarei esperando como nas estações
quando em alguma parte dormitaram os trens.
Não te vás por uma hora porque então
nessa hora se juntam as gotas do desvelo
e talvez toda a fumaça que anda buscando a casa
venha matar ainda meu coração perdido.
Ai que não se quebrante tua silhueta na areia
Ai que não voem tuas pálpebras na ausência
Não te vás por um minuto, bem-amado,
Porque nesse momento terás ido tão longe
que eu cruzarei toda a terra perguntando
se voltarás ou se me deixarás morrendo.”


Pablo Neruda