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terça-feira, 30 de abril de 2013

O Poema

 
 
O poema nasce nu.
Tento vesti-lo com palavras.
O que escrevo nada mais é do que vestimenta rudimentar
que minhas mãos conseguem compor para o poema de minha alma.
Creio que nunca conseguirei mostrar a poesia em seu estado original.
Talvez porque não seja capaz de senti-la essencialmente.
Que versos escreverei que possa encantar,
se nada em minha alma rima com o que vejo?
Vejo? Sim, com olhos da alma, vejo.
É tudo tão novo e denso. Tão antigo e sutil. Tão vibrante e calmo.
Que poema surgirá de onde não há rimas,
de onde ainda não nasceram palavras?
Palavras são pedras que tateio a esculpir um poema.
Mas o poema não está nas pedras, que são poemas de Deus.
Poemas são colheitas da alma.
Colho a poesia na noite. A noite mata-me as horas.
O poema vive, nu.

Eu, a morrer de poesia.

Helen Drumond