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sábado, 28 de julho de 2012

quinta-feira, 26 de julho de 2012

O Vinho do Solitário


O olhar singular de uma mulher galante
Que desliza para nós como o raio branco
Que a lua ondulosa envia ao lago trémulo
Quando quer banhar nele a beleza preguiçosa;

O último saco de escudos nas mãos de um jogador;
Um beijo libertino da magra Adeline;
Os sons de uma música enervante e carinhosa,
Semelhante ao grito distante da dor humana,

Tudo isto não vale, ó garrafa profunda,
Os bálsamos penetrantes que a tua pança fecunda
Reserva ao coração sedento do poeta piedoso;

Tu deitas-lhe a esperança, a juventude e a vida,
— E o orgulho, tesouro da indigência,
Que nos torna triunfantes e iguais aos Deuses!


Charles Baudelaire

terça-feira, 24 de julho de 2012

Homilia da Contradição


Com o tempo que perdi demolindo muros
eu teria construído um castelo de amor para sonhar
se não tivesse perdido tanto tempo construindo muros
para depois tombar.

Com o tempo que perdi desfolhando mágoas
eu teria tempo de secar as lágrimas pelo que não fiz
se tivesse tempo para convencer o mundo que olvidar a pranto
também é ser feliz.

Com o tempo que perdi protegendo frutos
eu teria me encantado muito mais com o pomar
se não tivesse perdido tanto tempo espantando pássaros
que não ouvi cantar.

Com o tempo que perdi removendo espinhos
eu teria todo o tempo reservado para o meu jardim
se tivesse aproveitado a vida para ser melhor do que o lado pior
que há sepultado em mim.


Julis Calderón

domingo, 22 de julho de 2012