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sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

VOCÊ NUNCA ESTÁ SÓ



VOCÊ NUNCA ESTÁ SÓ

Você nunca está só. Sempre ao seu lado
Há um pouquinho de mim pairando no ar
Você bem sabe: o pensamento é alado
Voa como uma abelha sem parar.

Veja: caiu a tarde transparente
A luz do dia se esvaiu... Morreu
Uma sombra alongou-se a seus pés mansamente...
Esta sombra sou eu.

O vento, ao pôr do sol, num balanço de rede
Agita o ramo e o ramo um traço descreveu
Este gesto do ramo na parede
Não é do ramo: é meu.

Se uma fonte a correr chora de mágoa
No silêncio da mata, esquecida de nós
Preste bem atenção nesta cantiga da água:
A voz da fonte é a minha voz.

Se no momento em que a saudade se insinua
Você nos olhos uma gota pressentiu
Esta lágrima, juro, não é sua
Foi dos meus olhos que caiu...


*Olegário Mariano*

SEXTOS SENTIDOS - Silence 4 -

LUIS REPRESSAS e PABLO MILANÉS - Feiticeira -

JORGE PALMA - À Espera Do Fim -

MARINA LINA - Na Minha Mão -

RUI VELOSO - Primeiro Beijo -


Recebi o teu bilhete
para ir ter ao jardim
a tua caixa de segredos
queres abri-la para mim
e tu nao vais fraquejar
ninguém vai saber de nada
juro nao me vou gabar
a minha boca é sagrada

Estar mesmo atrás de ti
ver-te da minha carteira
sei de cor o teu cabelo
sei o shampoo a que cheira
já não como, já não durmo
e eu caia se te minto
havera gente informada
se é amor isto que sinto

Quero o meu primeiro beijo
não quero ficar impune
e dizer-te cara a cara
muito mais é o que nos une
que aquilo que nos separa

Promete lá outro encontro
foi tão fogaz que nem deu
para ver como era o fogo
que a tua boca prometeu
pensava que a tua língua
sabia a flôr do jasmim
sabe a chicla de mentol
e eu gosto dela assim

Quero o meu primeiro beijo
não quero ficar impune
e dizer-te cara a cara
muito mais é o que nos une
que aquilo que nos separa.


Rui Veloso

RUI VELOSO - O Prometido é Devido -



Naquele trilho secreto
Com palavras santo e senha
Eu fui língua e tu dialecto
Eu fui lume e tu foste lenha

Fomos guerras e alianças
Tratados de paz e péssangas
Fomos sardas pele e tranças
Popeline seda e ganga

Recordo aquele acordo
Bem claro e assumido
Eu trepava um eucalipto
E tu tiravas o vestido

Dessa vez tu não cumpriste
E faltaste ao prometido
Eu fiquei sentido e triste
Olha que isso não se faz

Disseste que se eu fosse audaz
Tu tiravas o vestido
O prometido é devido

Rompi eu as minhas calças
Esfolei mãos e joelhos
E tu reduziste o acordo
A um montão de cacos velhos

Eu que vinha de tão longe
(do outro lado da rua)
Fazia o que tu quisesses
Só para te poder ver nua

Quero já os almanaques
Do fantasma e do patinhas
Os falcões e os mandrakes
Tão cedo não terás novas minhas


Rui Veloso

SEBASTIÃO SALGADO

Sebastião Ribeiro Salgado (Aimorés, 8 de fevereiro de 1944) é um fotógrafo brasileiro reconhecido mundialmente por seu estilo único de fotografar. Nascido em Minas Gerais, é um dos mais respeitados fotojornalistas da atualidade. Nomeado como representante especial do UNICEF em 3 de abril de 2001, dedicou-se a fazer crônicas sobre a vida das pessoas excluídas, trabalho que resultou na publicação de dez livros e realização de várias exposições, tendo recebido vários prêmios e homenagens na Europa e no continente americano. "Espero que a pessoa que entre nas minhas exposições não seja a mesma ao sair" diz Sebastião Salgado. "Acredito que uma pessoa comum pode ajudar muito, não apenas doando bens materiais, mas participando, sendo parte das trocas de ideias, estando realmente preocupada sobre o que está acontecendo no mundo".

Origem: Wikipédia







quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

SONETO DO AMOR TOTAL


Soneto do Amor Total

Amo-te tanto, meu amor ... não cante
O humano coração com mais verdade ...
Amo-te como amigo e como amante!
Numa sempre diversa realidade.

Amo-te afim, de um calmo amor prestante
E te amo além, presente na saudade.
Amo-te enfim, com grande liberdade,
Dentro da eternidade e a cada instante.

Amo-te como um bicho, simplesmente...
De um amor sem mistério e sem virtude,
Com um desejo maciço e permanente.

E de te amar assim, muito e amiúde.
É que um dia em teu corpo de repente
Hei-de morrer de amar mais do que pude.



- Vinícius de Moraes -

TU ÉS A ESPERANÇA



TU ÉS A ESPERANÇA
Tu és a esperança, a madrugada.
Nasceste nas tardes de setembro
quando a luz é perfeita e mais doirada,
e há uma fonte crescendo no silêncio
da boca mais sombria e mais fechada.

Para ti criei palavras sem sentido,
inventei brumas, lagos densos,
e deixei no ar braços suspensos
ao encontro da luz que anda contigo.

Tu és a esperança onde deponho
meus versos que não podem ser mais nada.
Esperança minha, onde meus olhos bebem
fundo, como quem bebe a madrugada.


Eugénio de Andrade,
In: 'As Mãos e os Frutos'

POEMA DO AMOR


POEMA DO AMOR
Penso: agora serei feliz
pois ao meu lado está o Amor.
Sob a terra escondo a raiz,
árvore a rebentar em flor.

Feliz como o campo de trigo
que após a chuva se aqueceu.
Enfim o Amor está comigo,
de coração unido ao meu!

Contudo, agonias estranhas,
estranhas amarguras trago-as
caladamente nas entranhas,
como um lago de fundas águas.

Tua presença – arco triunfal -
cobre-me a vida de esplendor.
E eu sei que não há dor nem mal
que atinja a presença do Amor.

Porém se teus olhos profundos
seguem como barcos à vela
o roteiro de novos mundos,
que distância se me revela!

Se despiedoso ou distraído
quebra de nossos dedos o elo,
- pássaro que tomba ferido,
nas minhas mãos morre este anelo.

Se teu carinho promissor
pela manhã se me anuncia,
pressentindo de sol-pôr
enubla o cristal de alegria.

Teu silêncio é trama de espinhos
em que se laceram meus véus.
Tua voz – espuma de vinhos
que te embriagaram noutros céus.

Nesta paixão que nos separa
quanto mais no que une a aparência,
sofro – minha volúpia rara! -
toda a nostalgia da ausência.

Amor – espada de dois gumes,
cada qual mais frio e mais forte:
se a vida está no que resumes,
és o caminho para a morte.


Henriqueta Lisboa –
do livro: Prisioneira da Noite (1935 – 1939)

CANÇÃO DO MAR

VOU CHAMAR A MÚSICA

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

PELZNICKEL - UMA TRADIÇÃO QUE ULTRAPASSA GERAÇÕES EM BRUSQUE SC



O Pelznickel, ajundante de São Nicolau, chegou a região do Vale do Itajaí juntamente com os colonizadores alemães e a tradição é preservada até hoje, para terror das crianças.

Os Pelznickels saíram do mato, onde moram, e tomaram as ruas de Brusque SC, para saber se tem criança que não se comportou direito durante o ano.Ainda há tempo de ser bonzinho.
O "PAPAI NOEL DO MATO" espera até dia 24 de dezembro para a mudança de comportamento.
Junto dos Pelznickels sempre estão o São Nicolau e a Mulher de Branco e do bem, kriss ktingle.

THE MONTAIN GOATS - This Year -

IN THE AEROPLANE OVER THE SEA

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

SEM TI


Sem ti

E de súbito desaba o silêncio.
É um silêncio sem ti,
sem álamos,
sem luas.

Só nas minhas mãos
ouço a música das tuas.


Eugenio de Andrade

AQUECIMENTO GLOBAL







RICKY VALLEN - Pra Ser Amor -

PABLO MILANES - El Amor De Mi Vita -

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

JUST FOR TODAY - George Harrison -

CESARIA ÉVORA - Amor Di Mundo -

EFFRON WHITE - Nothing To Lose -

LOVE IS BLUE

OUTONO


As correntezas da vida e os restos do meu amor
resvalam numa descida... como a da fonte e da flor...

(Vicente de Carvalho)


As folhas ao cair, evocam a brevidade dos nossos dias. O outono das pinceladas de azul-água, a coloração acinzenta do céu e a timidez e sofrimento das árvores despidas, imploram-nos uma introspecção e reflexão sobre este viver cíclico, sempre em transformação e numa velocidade alucinante.
(A.Canotilho)

Meu olhar repousa sobre uma dessas pequeninas folhas de outono,
que insiste em permanecer no ar, como se ainda lhe restasse
uma leve esperança de não esmorecer de vez no chão úmido,
salpicado por centenas de outras folhinhas em decomposição,
já se entregando ao ciclo implacável da natureza.

O arvoredo transpira as carícias dos ninhos,
e o vento a cirandar na curva das estradas
eleva o folharéu no espaço em redemoinhos...


(Araujo Jorge)



"O amor muda como as folhas das árvores no outono.
E, se eu for capaz de entender isto, serei capaz de amar."

(Emily Brönte)

Que nossas almas possam refletir a paz do universo
como o reflexo das árvores
numa tarde límpida de outono...


Longos soluços dos violinos de outono
Ferem meu coração com langor monótono...
E choro, quando ouço, ofegando, bater a hora,
lembrando os dias, as alegrias e ais de outrora.
E vou-me ao vento que, num tormento
me transporta de cá para lá, como faz a folha morta.


(Verlaine)

CONSCIÊNCIA


Pode existir paz ou felicidade sem plena consciência?

O que os olhos não vêem, o coração não sente, mas a consciência sabe! O que é a consciência, o que "sentimos" quando alguém está a olhar para nós?

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TEU CORPO


Mistério
Teu corpo veio a mim. Donde viera?
Que flor? Que fruto? Pétala indecisa...
Rima suave: Outono ou Primavera?
Teu corpo veio como vem a brisa...
Rosa de Maio, encastoada em luto:
O dos meus olhos e o do meu cabelo.
Um quarto para as onze! E esse minuto
Ai! nunca, nunca mais pude esquecê-lo!
Viu-se, primeiro, o rosto e o ombro, depois.
E a mão subiu das ancas para o peito...
— Quem és? Sou teu... (Quando um e um são dois,
Dois podem ser um só cristal perfeito!)
Um quarto para as onze! Caiu neve?
Abri os olhos! Era quase dia...
Ou bater de asas, cada vez mais leve,
De pássaro na sombra que fugia?

Pedro Homem de Mello, in "Nós Portugueses Somos Castos"

domingo, 6 de dezembro de 2009

AL DI MEOLA - Libertango -

AL DI MEOLA - Egyptian Danza -

NARCISO



Se Narciso se encontra com Narciso
e um deles finge
que ao outro admira
(para sentir-se admirado),
o outro
pela mesma razão finge também
e ambos acreditam na mentira.

Para Narciso
o olhar do outro, a voz
do outro, o corpo
é sempre o espelho
em que ele a própria imagem mira.
E se o outro é
como ele
outro Narciso,
é espelho contra espelho:
o olhar que mira
reflete o que o admira
num jogo multiplicado em que a mentira
de Narciso a Narciso
inventa o paraíso.

E se amam mentindo
no fingimento que é necessidade
e assim
mais verdadeiro que a verdade.

Mas exige, o amor fingido,
ser sincero
o amor que como ele
é fingimento.

E fingem mais
os dois
com o mesmo esmero
com mais e mais cuidado
- e a mentira se torna desespero.
Assim amam-se agora
se odiando.

O espelho
embaciado,
já Narciso em Narciso não se mira:
se torturam
se ferem
não se largam
que o inferno de Narciso
é ver que o admiravam de mentira.


Ferreira Gullar

CHARGE


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