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sábado, 1 de maio de 2010

RUSSIAN ANIMATION

CANÇÃO IX

ROSA VERMELHA


Poderia te amar agora,
Com a vontade do meu ser,
Levar-te ao céu, sem demora,
Em sonhos de prazer.

Em teus ouvidos falaria,
Palavras doces de ternura,
Em teus lábios eu encontraria
O caminho da loucura.

Mas, foges do meu carinho,
Tão distante está o teu amor,
E eu longe de ti aqui sozinho
Com olhos de sonhador.

Entretanto para mostrar,
Que tudo não passa de ilusão,
Mandarei um mimo pra te agradar
Com toda minha emoção.

Vai junto a centelha,
A qual aquece o meu coração.
Envio-te esta rosa vermelha.
Como prova da paixão.


Marco Orsi

DOCE OLHAR


Chegaste timidamente e
Insistentemente ficaste a me olhar
Nem percebeu meu esforço
Para de teus olhos os meus desviar
Tambem tive medo que pudesse notar
Todo amor que devotadamente sempre quis lhe dar.

E ficamos assim, sem saber como proceder
Como dar vazão a este tão grande querer
Sem nos conter tentamos nos aproximar
Mais, forças invisíveis nos fazem parar
Este amor não pode acontecer.

Temos compromissos alem deste querer
E às vezes acontece mesmo assim
De duas pessoas se amarem
E não poderem se unir.


Lete Dias

ELA ENTROU NO MEU EMAIL



Ela entrou no meu email
E desassossegou o meu dia
Penetrou as minhas nuvens,
Inundou-me com o seu Sol,
Fez-me rir com alegria.
Seus olhos negros de breu
Veem aqui ter comigo
Tristes, profundos e vivos
Adivinham o que não digo
Princesa das terras frias
De coração meigo e quente
Traz-me de novo uma vida
Que há muito estava ausente
Imagino-a presente...
Ela olha-me e eu a ela
Numa vertigem envolvente,
Mergulho nas suas ondas
Inundo-a das minhas estrelas
Mil sóis então explodem
E tornam o frio quente
Ela assusta-se...
Tem receio
Não quer ser a responsável
Por inconsequente devaneio.

IMAGENS INUSITADAS - I -







GLORIOSA SOLIDÃO


Gloriosa solidão
a de quem
escuta o silêncio
sem se despedaçar
na ausência de uma voz.


Ana Marques Gastão
In A definição da noite

VER-NOS UM DIA



Ver-nos-emos um dia
náufragos ou cegos
como animais da sombra.
Está escrito,
Na latitude total
da manhã
na aurora trazida pela noite.
Ver-nos-emos na palavra
de instantânea luz
gerada
no resíduo vivo
do amor.
Ver-nos-emos
tu no meu corpo
eu no teu
para celebrarmos
o regresso
da súbita ápetência
de vida
que um dia
um anjo nos ofereceu.


Ana Marques Gastão
In A Definiçâo da Noite

ENTRE OS TEUS LÁBIOS



Entre os teus lábios
é que a loucura acode,
desce à garganta,
invade a água.

No teu peito
é que o pólen do fogo
se junta à nascente,
alastra na sombra.

Nos teus flancos
é que a fonte começa
a ser rio de abelhas,
rumor de tigre.

Da cintura aos joelhos
é que a areia queima,
o sol é secreto,
cego o silêncio.

Deita-te comigo.
Ilumina meus vidros.
Entre lábios e lábios
toda a música é minha.


Eugénio de Andrade

PIXINGUINHA - Carinhoso -

PEDRO BARROSO - Cantarei -

CHICO BUARQUE - Basta Um Dia -


Pra mim
Basta um dia
Não mais que um dia
Um meio dia
Me dá
Só um dia
E eu faço desatar
A minha fantasia
Só um
Belo dia
Pois se jura, se esconjura
Se ama e se tortura
Se tritura, se atura e se cura
A dor
Na orgia
Da luz do dia
É só
O que eu pedia
Um dia pra aplacar
Minha agonia
Toda a sangria
Todo o veneno
De um pequeno dia

Só um
Santo dia
Pois se beija, se maltrata
Se como e se mata
Se arremata, se acata e se trata
A dor
Na orgia
Da luz do dia
É só
O que eu pedia, viu
Um dia pra aplacar
Minha agonia
Toda a sangria
Todo o veneno
De um pequeno dia


Composição: Chico Buarque

THE DOORS - Alabama Song

sexta-feira, 30 de abril de 2010

SOBRE A VÍRGULA


Muito legal a campanha dos 100 anos da ABI
(Associação Brasileira de Imprensa).

Vírgula pode ser uma pausa... ou não.
Não, espere.
Não espere..

Ela pode sumir com seu dinheiro.
23,4.
2,34.

Pode criar heróis..
Isso só, ele resolve.
Isso só ele resolve.

Ela pode ser a solução.
Vamos perder, nada foi resolvido.
Vamos perder nada, foi resolvido.

A vírgula muda uma opinião.
Não queremos saber.
Não, queremos saber.

A vírgula pode condenar ou salvar.
Não tenha clemência!
Não, tenha clemência!

Uma vírgula muda tudo.
ABI: 100 anos lutando para que ninguém mude uma vírgula da sua informação.

Detalhes Adicionais:

SE O HOMEM SOUBESSE O VALOR QUE TEM A MULHER ANDARIA DE QUATRO À SUA PROCURA.


* Se você for mulher, certamente colocou a vírgula depois de MULHER....
* Se você for homem, colocou a vírgula depois de TEM...

NANA CAYMMI - Não Se Esqueça de Mim -


Onde você estiver,
Não se esqueça de mim
Com quem você estiver não se esqueça de mim
Eu quero apenas estar no seu pensamento
Por um momento pensar que você pensa em mim
Onde você estiver, não se esqueça de mim
Mesmo que exista outro amor que te faça feliz
Se resta, em sua lembrança, um pouco do muito que eu te quis
Onde você estiver, não se esqueça de mim
Eu quero apenas estar no seu pensamento
Por um momento pensar que você pensa em mim
Onde você estiver, não se esqueça de mim
Quando você se lembrar não se esqueça que eu
Que eu não consigo apagar você da minha vida
Onde você estiver não se esqueça de mim.


(Composição: Erasmo Carlos / Roberto Carlos)

LEONARD COHEN - So Long, Marianne -

LEONARD COHEN - Dance Me To The End of Love -

ANTÔNIO GONÇALVES DIAS


Antônio Gonçalves Dias nasceu no dia 10 de agosto de 1823, nos arredores de Caxias, no Maranhão. Filho natural de português e mestiça, com a morte do pai, que entretanto se casara regularmente, é enviado pela madrasta a estudar Direito em Coimbra (1838). Durante o curso, escreve seus primeiros versos e participa do grupo de poetas medievistas que se reunia em torno do o Trovador. Formado em 1844, regressa ao Maranhão, e conhece Ana Amélia Ferreira do Vale, que lhe inspiraria mais tarde o poema "Ainda uma vez — adeus!". Em 1846, muda-se para o Rio de Janeiro, onde se dedica ao magistério (professor de Latim e História do Brasil no Colégio Pedro II), ao jornalismo (redator da revista Guanabara) e à elaboração de sua obra poética, teatral e etnográfica e historiográfica, a última das quais relacionada com as várias missões que lhe são destinadas, aqui e no estrangeiro. Faleceu ao regressar de uma viagem à Europa, no naufrágio do "Ville de Boulogne", já próximo do Maranhão, a 3 de novembro de 1864. Escreveu: Primeiros Contos (1846), Leonor de Mendonça, teatro (1847), Segundos Cantos e Sextilhas de Frei Antão (1848), Últimos cantos (1851), Os timbiras (1857), Dicionário da Língua Tupi (1858), Obras Póstumas, 6 volumes; organizadas por Antônio Heriques Leal (1868-1869). Primeiro poeta autenticamente brasileiro, na sensibilidade e na temática, e das mais altas vozes de nosso lirismo.
NO JARDIM
Lembra-te o Jardim, querida!
Lembra-te ainda da vida
Aquela quadra florida,
Que ali passamos então!...
— Duas salas, um terraço,
Poucas flores, muito espaço,
Muita luz; mas a melhor,
— A flor do teu coração,
A luz do teu santo amor!
Não tinha a casa pintura,
O chão não tinha cultura:
Paredes nuas, ladrilho,
Tudo singelo, sem brilho...
Ninguém diria a ventura
Que ali se pudera achar!
É porque ninguém sabia
Que tu ali vinhas ter
A cada romper do dia
Como um raio de alegria!
É que o sol no seu morrer
Seus raios ali mandava,
Como que nos céus fixava
A história do amanhecer!
— Que o ciclo da nossa vida
Da terra oscilava aos céus,
Na luz do amor teu, querida,
Na luz mandada por Deus!

E depois, se vinha a noite.
Fossem trevas ou luar,
— Como em sonhos prazenteiros,
Como em mágicos luzeiros,
Do infinito pelos campos
Se ia minha alma a vagar!
— São menos os pirilampos
No bosque — à noite! — as estrelas
Nem tantas são, nem tão belas
Como os doces devaneios,
Desejos, temor, receios,
Daquele ameno cismar!
Vivia! estava desperto!
Eu contigo me entretinha;
Tu ali estavas — bem perto,
A voz te ouvia que vinha
De amor minha alma inundar!
Mais formoso que tal sonho
Era só meu acordar,
Vendo teu rosto risonho,
Vendo nele do meu sonho
A imagem se desenhar!
— Ouvindo-te a voz macia
Baixinho pronunciar
Frases de amor, de poesia,
Que ninguém pudera achar!

Crê-me! a infanta portuguesa,
De Inglaterra a princesa,
Laura, Elvira, Beatriz,
Nos cantos de ilustres bardos
Só — foram grandes: tu, não!
Distinta por natureza
No sentimento rainha,
A poesia te vinha
Sublime, estreme, feliz,
Traduzida em gesto brando,
Ou d'alma plena brotando
Do abundante coração,
Ampla, caudal como um rio,
Como pérolas em fio
A granizarem no chão!

Aquelas vivem eterno
Na história do seu amor!
Em trono de luz sentadas,
C'roadas de resplendor!
Mas, quem dirá o que foste!
O que és ainda — talvez!
Se estas pobres folhas soltas
Nem chegarão a teus pés?!


RECORDAÇÃO
Quando em meu peito as aflições rebentam
Eivadas de sofrer acerbo e duro;
Quando a desgraça o coração me arrocha
Em círculos de ferro, com tal força,
Que dele o sangue em borbotões golfeja;
Quando minha alma de sofrer cansada,
Bem que afeita a sofrer, sequer não pode
Clamar: Senhor, piedade; — e que os meus olhos
Rebeldes, uma lágrima não vertem
Do mar d'angústias que meu peito oprime:

Volvo aos instantes de ventura, e penso
Que a sós contigo, em prática serena,
Melhor futuro me augurava, as doces
Palavras tuas, sôfregos, atentos
Sorvendo meus ouvidos, — nos teus olhos
Lendo os meus olhos tanto amor, que a vida
Longa, bem longa, não bastara ainda
por que de os ver me saciasse!... O pranto
Então dos olhos meus corre espontâneo,
Que não mais te verei. — Em tal pensando
De martírios calar sinto em meu peito
Tão grande plenitude, que a minha alma
Sente amargo prazer de quanto sofre.


CANÇÃO DO EXÍLIO


Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá;
As aves, que aqui gorjeiam,
Não gorjeiam como lá.

Nosso céu tem mais estrelas,
Nossas várzeas têm mais flores,
Nossos bosques têm mais vida,
Nossa vida mais amores.

Em cismar, sozinho, à noite,
Mais prazer encontro eu lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.

Minha terra tem primores,
Que tais não encontro eu cá;
Em cismar — sozinho, à noite —
Mais prazer encontro eu lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.

Não permita Deus que eu morra,
Sem que eu volte para lá;
Sem que desfrute os primores
Que não encontro por cá;
Sem qu'inda aviste as palmeiras,
Onde canta o Sabiá.


Coimbra - julho 1843.

Gonçalves Dias

PETE FRANCIS -Love Shakes You Down -

PALAVRA


Palavra...é arma contundente,
resposta pronta da hora certa,
é flor que anima o descontente,
é chamativa e o desperta.

Palavra há, que move moinhos,
tritura o duro e maior grão...
sensatez, que abre caminhos,
num empedernido coração!

A palavra que fere, dói e mata
é voz dita, da ira d' alguém,
é profanação que arrebata...

E, eu achei no beiral da razão,
palavras caídas e já gastas,
deitei fora...joguei-as ao chão!

MINI CONTOS E ARTE EM FÓSFOROS










DAVID GILMOUR & ROY HARPER - Short And Sweey -

KATE BUSH - The Saxophone Song -

KATE BUSH - Jig Of Life -

quinta-feira, 29 de abril de 2010

ANA MOURA - O Que Foi Que Aconteceu -

ANA MOURA - Aguarder-te Ao Chegar -

TUDO E NADA


Cantei o amor, o sol que acalentou
as ilusões da minha mocidade.
E não tive ambições nem a vaidade
de me julgar aquilo que não sou.

Cantar foi um prazer, uma ansiedade
de enaltecer o amor que nos juntou.
Mas veio a noite; e o sol que me encantou
escondeu-se nas sombras da saudade.

Alongo o olhar. A cerração é densa.
Não vejo nada. A voz ficou suspensa,
bem sei que para sempre me perdi.

Resta-me apenas o prazer profundo
de não ter sido nada para o mundo,
mas de ter sido tudo para ti.


Francisco Espínola de Mendonça

PAUL Mc CARTNEY - Please please Me -

ALEX CHILTON

ABANDONO


Não digas nada, deixa apenas
as mãos entregues ao calor das minhas
e olha-me nos olhos como quando
nos fitávamos, pássaros surpresos
do próprio voo, adolescente e luminoso.
Ambos sabemos desde há muito: a vida
é uma longa paciência e não há forma
de viver ao abandono dos que amamos.
Sobrevivamos, pois, no fio dos dias
que nos restam ainda, se é que o tempo
nos favorece como dantes.
E mantenhamos as mãos coladas,
olhares fitos um no outro, meu amor.


Torquato da Luz

SILÊNCIO


Há um grande silêncio que está sempre à escuta.

E a gente se põe a dizer inquietamente qualquer coisa,
qualquer coisa, seja o que for,
desde a corriqueira dúvida sobre se chove ou não chove hoje
até a tua dúvida metafísica, Hamleto!

E, por todo o sempre, enquanto a gente fala, fala, fala
o silêncio escuta...
e cala.


Mario Quintana

ALEX CHILTON - There Will never be Another you -

LAURA IZIBOR -If Tonight Is Last -

NUMA FOLHA BRANCA



Numa folha branca
traço traços e rabiscos,
também alguns riscos...
no decorrer do sentimento
do qu’ a alma sente
no doer do desalento!
Numa folha branca
os segredos conto...
e conto algum conto!
Traço a poesia
falo d’ amor
arranho a minha dor
gatafunho paradoxos...
e uma simples folha de papel
branca já não é.
Tem alma
calma
riso
choro
dor
tem ira também!...
É grito de emoções
é um ser o que se quer ser!
Nela me liberto,
ergo a voz...
é folha que fala
o qu’ a boca cala.

quarta-feira, 28 de abril de 2010

BRIAN ENO & DAVID BYRNE - One Fine Day -

AUGUSTO DOS ANJOS - Soneto -

MARC CHAGALL - El Amor Tierno -

O SUSPIRO


Voai, brandos meninos tentadores,
Filhos de Vénus, deuses da ternura,
Adoçai-me a saudade amarga e dura,
Levai-me este suspiro aos meus amores:

Dizei-lhe que nasceu dos dissabores
Que influi nos corações a formosura;
Dizei-lhe que é penhor da fé mais pura,
Porção do mais leal dos amadores:

Se o fado para mim sempre mesquinho,
A outro of’rece o bem de que me afasta,
E em ais lhe envia Ulina o seu carinho:

Quando um deles soltar na esfera vasta,
Trazei-o a mim, torcendo-lhe o caminho;
Eu sou tão infeliz, que isso me basta.


Bocage

CANÇÃO PARA PODER VIVER


Dou-lhe tudo do que como,
e ela me exige o último gomo.

Dou-lhe a roupa com que me visto
e ela me interroga: só isto?
Se ela se fere num espinho,
O meu sangue é que é o seu vinho.

Se ela tem sede eu é que choro,
no deserto, para lhe dar água:
E ela mata a sua sede,
já no copo de minha mágoa

Dou-lhe o meu canto louco; faço
um pouco mais do que ser louco.
E ela me exige bis, "ao palco"!


Cassiano Ricardo
(1895-1974)

AMARGURA


Só podes me ofertar o silêncio e a amargura,
- meu pobre amor de ti só espera a indiferença...
Perdoa o meu amor... perdoa-me a loucura
que quem tem, como eu tenho, um coração, não pensa...

Há muito pela vida eu seguia à procura
de alguém que viesse encher de luz minha descrença
Foi então que te vi... e julguei que a ventura
pudesse ainda encontrar nesta jornada imensa...

E foi assim que um dia eu fui sentimental...
Acreditei no amor... E, talvez por castigo
fizeste-me sofrer - mas não te quero mal...

Quem amou, fui eu só... Eu nunca fui amado!
Mereço a minha dor, e este sofrer bendigo
na amargura cruel de me julgar culpado!


*J.G de Araujo Jorge*

LAURA IZIBOR - Shine -

THE BEATLES - Strawberry Fields Forever -

ELOGIO DA DISTÂNCIA


Na fonte dos teus olhos
vivem os fios dos pescadores do lago da loucura.
Na fonte dos teus olhos
o mar cumpre a sua promessa.

Aqui, coração
que andou entre os homens, arranco
do corpo as vestes e o brilho de uma jura:

Mais negro no negro, estou mais nu.
Só quando sou falso sou fiel.
Sou tu quando sou eu.
(..)

Um fio apanhou um fio:
separamo-nos enlaçados.

Na fonte dos teus olhos
um enforcado estrangula o baraço.


Paul Celan, in "Papoila e Memória"

Poor Man's Pride

Help Me I'm Falling

Why Did You Leave Me Alone

terça-feira, 27 de abril de 2010

SAUDADE...

NOS BRAÇOS DA SOLIDÃO...



Diante
do manto estrelado
do céu... madrugada,
delírios inquietam minh'alma,
frio envolve o meu coração...

Ah!...se estivesses aqui,
pra me aquecer...

Mas como tudo não passa
de utopia...ilusão
o luar me desperta.
Luz...realidade...

Sinfonia de saudade
me embala;
adormeço nos braços
da solidão...

Regina Azenha

AMOR ETERNO


Em minh'alma habita
indelével lembrança
de um sentimento
que transbordou
de encantos...

Deleites de real felicidade
que somente
corações afins
sabem comungar

Ternos momentos
onde o céu nos abençoava
com bálsamos
de graças e luz

Amor tão puro
que nas páginas do tempo
se fez eternizar...


Dueto:
Regina Azenha/Å ∂ ë m å r ™

DIANA KRALL - Let's In Love -

MAS QUANTAS NOITES VAI ESSE LUAR DURAR?


É tão pouco real
tão transitório
um raio de luar!

Este luar tocou-me bem fundo
transformou-me em estátua
e imobilizou-me para o mundo.

Como vou acalmar
estes loucos desejos?
A vontade de voar

Como posso querer a lua,
a tal sonho ambicionar?
Sempre a girar muda de lugar
sem se poder agarrar.

Fica comigo luar!
Sossega o meu ser
acalma o meu pensar!

jp

CACTUS - Parchman Farm -

JEFF BECK & STEVIE RAY VAUGHAN

ERIC CLAPTON & JEFF BECK - Cause We''veEnded As Lovers -

segunda-feira, 26 de abril de 2010

A MAIOR FLOR DO MUNDO

Tem 2 metros de altura e pesa 75 quilos.
Amorphophallus titanum (Araceae), também chamada a "flor cadáver", é muito peculiar, pois floresce apenas durante três dias a cada 40 anos, um privilégio que a mãe Natureza concedeu á cidade de Veracruz-México.


CACTUS - Long Tall Sally -

GENE CLARK & CARLA OLSON -Fair And Tend -

TEUS OLHOS


Teus olhos são espelhos da alma
Neles posso ver tormento ou calma

Sempre me dizem seus secretos desejos
Mais que isso, todas suas vontades vejo .
...
Tens assim em teus olhos todo enredo
O meio sorriso existe em teu rosto percebo

Já não enganas cobrindo-te o arremedo
Mostra-se mesmo assim neste olhar aceso .


Lete Dias

ESCREVA-ME


Escreve-me! Ainda que uma palavra apenas
escreve-me!
Deixe algo em minhas páginas
para que suavize a dor,
dor que dói na alma.

Escreve-me! palavras suaves
que amenizem a agonia em que vivo,
agonia de estar longe de ti!
Escreve-me! Palavras perfumadas
como perfumadas são as açucenas.

Escreve-me! Cante o amor em palavras,
amor que a muito não vejo, não sinto.
Se quiseres dizer do amor, diga
em versos que chegam ao coração.

Esperarei por ti, amado meu
esperarei nas tardes,
quando o sol se por,
esperarei nas manhãs,
quando o sol acordar,
só não esperarei nas noites,
ainda sinto o peito arder, ao luar!


Marta Peres

OS PÁSSAROS NASCEM NA PONTA DAS ÁRVORES


Os pássaros nascem na ponta das árvores
As árvores que eu vejo em vez de fruto dão pássaros
Os pássaros são o fruto mais vivo das árvores
Os pássaros começam onde as árvores acabam
Os pássaros fazem cantar as árvores
Ao chegar aos pássaros as árvores engrossam movimentam-se
deixam o reino vegetal para passar a pertencer ao reino animal
Como pássaros poisam as folhas na terra
Quando o Outono desce veladamente sobre os campos
Gostaria de dizer que os pássaros emanam das árvores
mas deixo essa forma de dizer ao romancista
é complicada e não se dá bem na poesia
não foi ainda isolada da filosofia
Eu amo as árvores principalmente as que dão pássaros
Quem é que lá os pendura nos ramos?
De quem é a mão a inúmera mão?
Eu passo e muda-se-me o coração.


Ruy Belo
1933 - 1978

THOMAS FEINER & ANYWHEN - All That Numbs You -

COM FÚRIA E RAIVA



Com fúria e raiva acuso o demagogo
E o seu capitalismo das palavras

Pois é preciso saber que a palavra é sagrada
Que de longe muito longe um povo a trouxe
E nela pôs sua alma confiada

De longe muito longe desde o início
O homem soube de si pela palavra
E nomeou a pedra a flor a água
E tudo emergiu porque ele disse

Com fúria e raiva acuso o demagogo
Que se promove à sombra da palavra
E da palavra faz poder e jogo
E transforma as palavras em moeda
Como se fez com o trigo e com a terra


Sophia de Mello Breyner

domingo, 25 de abril de 2010

AUTO RETRATO FALADO


Venho de um Cuiabá garimpo e de ruelas entortadas.
Meu pai teve uma venda de bananas no Beco da
Marinha, onde nasci.
Me criei no Pantanal de Corumbá, entre bichos do
chão, pessoas humildes, aves, árvores e rios.
Aprecio viver em lugares decadentes por gosto de
estar entre pedras e lagartos.
Fazer o desprezível ser prezado é coisa que me apraz.
Já publiquei 1o livros de poesia; ao publicá-los me
sinto como que desonrado e fujo para o
Pantanal onde sou abençoado a garças.
Me procurei a vida inteira e não me achei - pelo
que fui salvo.
Descobri que todos os caminhos levam à ignorância.
Não fui para a sarjeta porque herdei uma fazenda de
gado. Os bois me recriam.
Agora eu sou tão ocaso!
Estou na categoria de sofrer do moral, porque só
faço coisas inúteis.
No meu morrer tem uma dor de árvore.


Manoel de Barros

NEW STAR WARS