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sábado, 2 de outubro de 2010
A História Da Música Flor De Lis
Djavan teve uma mulher chamada Maria, os dois teriam uma filha que se chamaria Margarida, mas sua mulher teve um problema na hora do parto e ele teria que optar por sua mulher ou por sua filha...Ele pediu ao médico que fizesse tudo que pudesse para salvar as duas,mas o destino foi duro e a mulher e a filha faleceram no parto.Agora é possível 'sentir' a letra da música. Conhecendo esta breve história passamos a ouvir a música sob novo contexto, entendendo como a dor pode ser transformada em poema e arte.
'Flor de Liz'
'Valei-me, Deus! É o fim do nosso amor
Perdoa, por favor, eu sei que o erro aconteceu.
Mas não sei o que fez, tudo mudar de vez.
Onde foi que eu errei?
Eu só sei que amei, que amei, que amei, que amei.
Será talvez que a minha ilusão, foi dar meu coração,
com toda força, pra essa moça me fazer feliz,
e o destino não quis, me ver como raiz de uma flor de liz.
E foi assim que eu vi nosso amor na poeira, poeira.
Morto na beleza fria de Maria.
E o meu jardim da vida ressecou, morreu.
Do pé que brotou Maria, nem Margarida nasceu.
E o meu jardim da vida ressecou, morreu.
Do pé que brotou Maria, nem Margarida nasceu...
Djavan
PERFIL DE PRIMAVERA
Nas mãos que eu ergo acima desta ausência.
O meu sangue desperta, cria raízes no teu sangue
Nos jardins desertos da nossa solidão.
As minhas mãos, as tuas mãos, os corpos abraçados
E a única cidade construída para o nosso amor:
Nua, inquieta.
Clandestina.
A tua boca no meu peito. Os beijos
Demorados. E todos os silêncios.
As ruas que eu abri no teu olhar
Começam nos meus dedos.
Vem,
Eu amo-te.
Joaquim Pessoa
QUERIA SER...
ALMA EM FLOR
sexta-feira, 1 de outubro de 2010
As Duas Flores
São duas flores unidas
São duas rosas nascidas
Talvez do mesmo arrebol,
Vivendo,no mesmo galho,
Da mesma gota de orvalho,
Do mesmo raio de sol.
Unidas, bem como as penas
das duas asas pequenas
De um passarinho do céu...
Como um casal de rolinhas,
Como a tribo de andorinhas
Da tarde no frouxo véu.
Unidas, bem como os prantos,
Que em parelha descem tantos
Das profundezas do olhar...
Como o suspiro e o desgosto,
Como as covinhas do rosto,
Como as estrelas do mar.
Unidas... Ai quem pudera
Numa eterna primavera
Viver, qual vive esta flor.
Juntar as rosas da vida
Na rama verde e florida,
Na verde rama do amor!
Castro Alves
Nínguém Meu AMor...
Ninguém meu amor
ninguém como nós conhece o sol
Podem utilizá-lo nos espelhos
apagar com ele
os barcos de papel dos nossos lagos
podem obrigá-lo a parar
à entrada das casas mais baixas
podem ainda fazer
com que a noite gravite
hoje do mesmo lado
Mas ninguém meu amor
ninguém como nós conhece o sol
Até que o sol degole
o horizonte em que um a um
nos deitam
vendando-nos os olhos.
Outono
Uma lâmina de ar
Atravessando as portas. Um arco,
Uma flecha cravada no Outono. E a canção
Que fala das pessoas. Do rosto e dos lábios das pessoas.
E um velho marinheiro, grave, rangendo o cachimbo como
Uma amarra. À espera do mar. Esperando o silêncio.
É outono. Uma mulher de botas atravessa-me a tristeza
Quando saio para a rua, molhado como um pássaro.
Vêm de muito longe as minhas palavras, quem sabe se
Da minha revolta última. Ou do teu nome que repito.
Hoje há soldados, eléctricos. Uma parede
Cumprimenta o sol. Procura-se viver.
Vive-se, de resto, em todas as ruas, nos bares e nos cinemas.
Há homens e mulheres que compram o jornal e amam-se
Como se, de repente, não houvesse mais nada senão
A imperiosa ordem de (se) amarem.
Há em mim uma ternura desmedida pelas palavras.
Não há palavras que descrevam a loucura, o medo, os sentidos.
Não há um nome para a tua ausência. Há um muro
Que os meus olhos derrubam. Um estranho vinho
Que a minha boca recusa. É outono
A pouco e pouco despem-se as palavras.
Joaquim Pessoa
Em Ti...
- Andradarte -
Em ti se engrandece a vida!
Em ti se repete o mundo
E, num confronto fecundo,
Em ti começa a subida.
.
Em ti se resume a esp'rança!
Em ti se vive o futuro
E, num impulso seguro,
Em ti se faz a mudança.
Em ti a paz acontece,
Com grande sagacidade
E toda a tranquilidade.
Em ti a luz aparece,
Em cada olhar, cada gesto,
Por mais que seja modesto.
Vítor Cintra
quinta-feira, 30 de setembro de 2010
Tenho Urgência...
Tenho urgência de ti, meu amor.
Para me salvar da lama movediça de mim mesmo.
Para me tocar, para me tocar e no toque me salvar.
Preciso ter certeza que inventar nosso encontro sempre foi pura emoção, não mera loucura.
Ah, imenso amor desconhecido.
Para não morrer de sede, preciso de você agora,
antes destas palavras todas cairem no abismo dos jornais não lidos
ou jogados sem piedade no lixo.
Do sonho, do engano, da possível treva e também da luz, do jogo, do embuste:
preciso de você para dizer eu te amo outra e outra vez...
Como se fosse possível,
como se fosse ontem e amanhã.
Caio Fernando Abreu
Quando Vier me Visitar...
Traga flores,
Muitas delas...
Porém, não me traga apenas flores:
Não se esqueça de juntar a elas
A beleza do seu sorriso,
A ternura do seu olhar,
A força do seu abraço.
O calor dos seus beijos...
Quando vier me visitar,
Traga flores,
Muitas delas...
Mas não esqueça de tirar-lhes
Os espinhos que machucam,
As folhas envelhecidas,
Os galhos secos,
As dores embutidas...
Quando vier me visitar,
Traga flores,
Muitas delas...
Perfumadas, coloridas, alegres:
Todas parecidas com você!
Quando vier me visitar,
Traga você por inteiro...
As flores?
Nem sei se vai precisar!
(Marisa Peres)
Fada
Tua figura suave
delicada
nem parece que vive, parece bordada,
- como a boneca de seda de um desenho
de uma antiga almofada
que eu tenho...
Teus gestos, teus embaraços
fazem lembrar finos traços
de uma filigrana,
e tão frágeis me parecem, tuas mãos, teus braços,
que nem sei se és de carne ou se és de porcelana...
Bonequinha de louça
linda moça,
tua alma é um fio de seda, estou bem certo,
e a minha imaginação
criou para o teu destino uma lenda encantada:
- jura que tu fugiste de algum livro
e que eras a ilustração
de uma história de fada !
J.G.Araújo Jorge
Pássaro Livre
Eu queria ser um pássaro
Livre e sem ninho
Voando pelos espaços da vida
Cantando sua música
Sem laços, sem sofrimento
Queria não ter à noite
Os mesmos sonhos que me angustiam
Queria não me prender
A seres humanos
Queria ...ah como queria!
Não cobrar atitudes nem sentimentos
Viver apenas do presente
O momento
Abrir uma garrafa
De um licor chamado realidade
E me embebedar
Até cair inconsciente
Numa calçada qualquer da cidade
Eu queria ser um pássaro
Saindo em bandos
Sem ligações de sentimentos
Compartilhando momentos
Mas a qualquer hora
Sem olhar para trás
Alçar um vôo alto
Respirando liberdade
Um pássaro livre
Sem passado, sem futuro,
Sem presente
Sem saudade ...
Mary Fioratti
Carrego o Seu Coração
Eu carrego seu coração comigo
(Eu o carrego no meu coração)
Eu nunca estou sem ele
(onde quer que eu vá, você vai;
e o que quer que eu faça, eu faço por você)
Eu não temo o destino (porque você é o meu destino)
Eu não quero o mundo por mais belo que seja
Porque você é meu mundo, minha verdade
e você é o que a lua sempre significou
o que o sol sempre cantou
Aqui está o segredo mais profundo que ninguém sabe
(aqui está a raiz da raiz, o broto do broto
e o céu do céu de uma árvore chamada vida;
que cresce mais alta do que a alma pode esperar
ou a mente pode esconder).
Este é o milagre que distancia as estrelas
Eu carrego seu coração
(carrego no meu coração)
E.E. Cummings
quarta-feira, 29 de setembro de 2010
Anoitecer
Obra de José Andrade - Andradarte -
O Sol aos poucos
vai lentamente
Adormecendo no horizonte.
O lusco fusco do entardecer
precede a escuridão
que virá para envolver
as cores do dia
que se finda.
Algumas flores
fecharão suas pétalas
à espera
de uma nova luz.
No entanto
a majestosa Lua,
Deusa encantadora
dos amantes
reinará em companhia
das estrelas cintilantes.
No entanto um poema
surge nas páginas da inspiração
para trazer de tema
momentos de recordação.
Um sonho
dentre tantos no sonhar.
Uma certeza
de que o amanhecer
vai chegar
e quem sabe essa luz
traga esperança
para o sonho realizar...
(Ruben Alves Vieira)
Janelas Abertas
Janelas abertas
Sim
Eu poderia fugir, meu amor
Eu poderia partir
Sem dizer pra onde vou
Nem se devo voltar
Sim
Eu poderia morrer de dor
Eu poderia morrer
E me serenizar
Ah
Eu poderia ficar sempre assim
Como uma casa sombria
Uma casa vazia
Sem luz nem calor
Mas
Quero as janelas abrir
Para que o sol possa vir iluminar nosso amor
(Tom Jobim - Vinicius de Moraes)
Mais Real
Dormir Um Pouco
terça-feira, 28 de setembro de 2010
A Orquídea
O Sempre Amor
Amor é a coisa mais alegre
amor é a coisa mais triste
amor é coisa que mais quero.
Por causa dele falo palavras como lanças.
Amor é a coisa mais alegre
amor é a coisa mais triste
amor é coisa que mais quero.
Por causa dele podem entalhar-me,
sou de pedra sabão.
Alegre ou triste,
amor é coisa que mais quero.
Adélia Prado
Certas Paixões
Há amores que florescem sem nunca se buscar
Numa virtualidade ousada e pouco usual
Onde palavras são o toque, o doce manancial
Vibração constante como néctar a gotejar.
Vão num crescente de carinhos e ousadias
Mesmo sem olhos ardentes e lábios sedentos
Uma paixão que esmera-se no correr dos dias
Resguardada por amantes atentos.
Talvez uma ilusão transmutada em sentimento
Tornando a vigília, necessária e constante.
Mas, o amor extraido deste devaneio distante
Fáz-se prazer em seus poucos momentos.
-Helena Frontini-
segunda-feira, 27 de setembro de 2010
Aos Chorões...
Chorões da praia de Belas
Molhando as folhas no rio.,
sois pescadores de estrelas
ao crepúsculo tardio.
O mais velhinho, já torto
ao peso de tantas mágoas
lembra um pensamento absorto
debruçado sobre as águas.
Salgueiros trêmulos, belos,
meus camaradas tão bons,
diz o poeta, violoncelos
onde o vento acorda os sons.
Sois, à beira da enseada,
um bando de poetas boêmios,
e fitais na água espelhada
vossos companheiros gêmeos…
Mas se alguma brisa agita
a copa descabelada,
ondula, salta, palpita
vossa imagem assustada…
Augusto Meyer
Tormentas
Ouço lá fora o ruído da tormenta
e através do emabaciado da vidraça
- vejo um clarão que as nuvens despedaça
ao rimbombar de uma explosão violenta...
Há uma luta de massa contra massa
na amplidão que rasga e se arrebenta,
- e o vento chora, e o vento geme, e o vento passa,
e o vento grita, e o vento brada, e o vento venta...
E eu só... sozinho... este meus versos faço...
- Que bem me faz ver os clarões no além
como nervos de luz brechando o espaço...
E o que sinto - ninguém, certo, advinha,
só eu mesmo, talvez, porque sei bem
que ante essa outra tormenta esqueço a minha !
J.G. Araujo Jorge
Noites Loucas - Noites Loucas!
Este Amor Que Nos Jorra
Este amor que nos jorra – jorra e queima
em paixão que flutua ou já guerreia
contra si próprio se tornado cinza,
contra o destino se tornado areia…
Este amor é dilúvio – é fora e dentro
mesmo se sabendo que é candeia
a esmorecer em bruma, ao fogo lento
de nos deixar a dor quando se enleia
à nossa desrazão, ao fim do entendimento,
à ambígua amarração de luz e de tormento
nestas bolsas de sal às vezes cheias.
Este amor é de carne – é foz patente
de um rio sempre a crescer, sempre na esteira
do que tão perto está mesmo se ausente.
João Rui de Sousa
Hoje...
Hoje acordei com vontade de te ver
Passear pelo teu mistério
mergulhar no teu escuro
Hoje acordei assim
fazia tempo que não sentia
Essa vontade estranha
fazia tempo que não ouvia
Essa dor que arranha
Mas hoje acordei assim
Com esse desejo proibido
De alimentar o tal ruído
E sorrir
Hoje, assim
Não sei
Essa coisa que dá de repente
Quando a gente desperta e já entende
Que o dia será longo...
Vago
E um tanto seco.
Hoje dormirei mais cedo.
(Miguel C.)
domingo, 26 de setembro de 2010
Biografia - Caio Fernando Abreu -
Caio Fernando Loureiro de Abreu (Santiago, 12 de setembro de 1948 — Porto Alegre, 25 de fevereiro de 1996) foi um jornalista, dramaturgo e escritor brasileiro.
Apontado como um dos expoentes de sua geração, a obra de Caio Fernando Abreu, escrita num estilo econômico e bem pessoal, fala de sexo, de medo, de morte e, principalmente, de angustiante solidão. Apresenta uma visão dramática do mundo moderno e é considerado um "fotógrafo da fragmentação contemporânea".
Tenho urgência de ti, meu amor. Para me salvar da lama movediça de mim mesmo.
Para me tocar, para me tocar e no toque me salvar.
Preciso ter certeza que inventar nosso encontro sempre foi pura intuição, não mera loucura.
Ah, imenso amor desconhecido.
Para não morrer de sede, preciso de você agora,
antes destas palavras todas cairem no abismo dos jornais não lidos
ou jogados sem piedade no lixo.
Do sonho, do engano, da possível treva e também da luz, do jogo, do embuste:
preciso de você para dizer eu te amo outra e outra vez.
Como se fosse possível, como se fosse verdade,
como se fosse ontem e amanhã.
"Na terra do coração passei o dia pensando:
-coração meu, meu coração.
Pensei e pensei tanto que deixou de significar uma forma, um orgão, uma coisa.
Ficou só com
-cor, ação-repetido, invertido.
ação, cor-sem sentido-couro, ação e não.
Quis ve-lo, escapava.
Batia e rebatia, escondido, no peito.
Então fechei os olhos, viajei.
E como quem gira um caleidoscópio, vi:
Meu coração é um sapo rajado, viscoso
e cansado, á espera do beijo prometido
capaz de transformá-lo em príncipe."
Quando nada mais houver,
eu me erguerei cantando,
saudando a vida
com meu corpo de cavalo jovem.
E numa louca corrida
entregarei meu ser ao ser do Tempo
e a minha voz à doce voz do vento.
(...) e vimos uma margarida
e nem sequer era primavera
e disseste que margarida era amarelo e branco
e eu disse que branco era paz
e disseste que amarelo era desespero
e dissemos quase juntos
que margarida era então desespero
cercado de paz por todos os lados.
"Quero te dar chuva de flores pela manhã.
E quando quiseres podes
vir colher sorrisos
direto do quintal da
minha alma... "
- Caio Fernando Abreu -
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