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sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Beyoncé - Broken-Hearted Girl -

Sarah Mclachlan - In The Arms Of The Angel -

O VENTO NO CANAVIAL


Não se vê no canavial
nenhuma planta com nome,
nenhuma planta maria,
planta com nome de homem.

É anônimo o canavial,
sem feições, como a campina;
é como um mar sem navios,
papel em branco de escrita.

É como um grande lençol
sem dobrar e sem bainha;
penugem de moça ao sol,
roupa lavada estendida.

Contudo há no canavial
oculta fisionomia:
como em pulso de relógio
há possível melodia,

ou como de um avião
a paisagem se organiza,
ou há finos desenhos nas
pedras da praça vazia.

Se venta no canavial
estendido sob o sol
seu tecido inanimado
faz-se sensível lençol,

se muda em bandeira viva,
de cor verde sobre verde,
com estrelas verdes que
no verde nascem, se perdem.

Não lembra o canavial,
então, as praças vazias:
não tem, como têm as pedras,
displicina de milícias.

É solta sua simetria:
como a das ondas na areia
ou as ondas da multidão
lutando na praça cheia.

Então, é da praça cheia
que o canavial é a imagem:
vêem-se as mesmas correntes
que se fazem e desfazem,

voragens que se desatam,
redemoinhos iguais,
estrelas iguais aquelas
que o povo na praça faz.


João Cabral de Melo Neto
(1920-1999)

ROXY MUSIC - Tara -

SAUDADE



Sol, Chuva, Terra, Mar...
Serras sombrias interrompendo
infinitos horizontes,
traziam-nos tempos transferidos
a recordações intermináveis,
transportando-nos
no carro da Esperança
p'ra vermos pessoalmente
onde feiticeiras vivem
na nossa imaginação.
regresso à realidade.
E no prato restam espinhas
e saudade...


JP

AMOR FELICIDADE




Infeliz de quem passa no mundo,
procurando no amor felicidade:
a mais linda ilusão dura um segundo,
e dura a vida inteira uma saudade.

Taça repleta, o amor, no mais profundo
íntimo, esconde a jóia da verdade:
só depois de vazia mostra o fundo,
só depois de embriagar a mocidade...

Ah! quanto namorado descontente,
escutando a palavra confidente
que o coração murmura e a voz diz

percebe que, afinal, por seu pecado,
tanto lhe falta para ser amado,
quanto lhe basta para ser feliz!


(Guilherme de Almeida)

SIMPLY RED - If You Don't Know Me By Now -

SIMPLES




Simples como a palavra
És tu no raio de sol,
No véu que cai em cascata,
Sublimando teu âmago nas aquarelas,
Fada de todas as quimeras!

Nostálgica como a música
São teus cabelos sussurrando ao vento
A essência do poema também escrito
No revoar da passarada
Esculpindo tua silhueta no céu!

Prosaico como o sentimento
És tu na luz do luar,
Na seda te fazendo escultura,
Traduzindo teu sonho em mosaicos,
Musa de todas as pinturas!

Divino como o amor
São teus olhares desejando o insano,
A seiva da poesia também declamada
Pela chuva em ribaltas épicas
Ensejando tua paixão!


Auber Fioravante Júnior

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

NINA SIMONE - Don't let me misunderstood


JPereira
Sonhos (Wenceslau da Cunha)

Sonhos. Afinal, o que é sonho?
Sonhar seria querer o impossível?
Sonho é querer? Que loucura!
Acho que sonho pode ser um...
Um, não; dois gritos da alma
E a alma grita? Que bobagem...
Imaginação, quero passagem
Preciso definir o que é sonho!
Se sonhar é lançar-se no espaço,
Sonho é mergulhar no infinito
Mergulhar no infinito? Que miragem...
Sonhar é a vontade de ver de novo
Não! Isso é definição de saudade
Está muito difícil, que crueldade!
Sonho seria o mesmo que devaneio?...
Se é, para que tanto rodeio!
Não sou poeta, para que tanta quimera!
Já sei, sonho é ter amizade sincera
É ter um grande amor nos braços
É esquecer todos os fracassos
É dar e receber beijos de ternura
É fazer do amor uma doce loucura
É nutrir sentimento bem definido
É sentir um amor não dividido
É sentir grande paixão no peito
É isso mesmo, falo do meu jeito
Nada de palavras da poesia cadente
É assim que eu sonho o meu sonho
Ah! sonho, você mata a gente!

COM OU SEM VOCÊ





Com Ou Sem Você

Vejo a pedra jogada em seus olhos
Vejo as coisas retorcidas no seu lado
Eu espero por você
Golpe de mão e desvio de destino
Em uma cama de espinhos ela faz me esperar
E eu espero... .sem você

Com ou sem você
Com ou sem você

Pela tempestade alcançamos a praia
Você dá tudo mas eu quero mais
E eu estou esperando por você

Com ou sem você
Com ou sem você
Eu não posso viver
Com ou sem você

E você se entrega
E você se entrega
E você entrega
E você entrega
E você se entrega

Minhas mãos estão atadas,
meu corpo machucado
E ela me tem
Nada para ganhar
E nada mais para perder

E você se entrega
E você se entrega
E você entrega
E você entrega
E você se entrega

Com ou sem você
Com ou sem você
Eu não posso viver
Com ou sem você

Vamos brilhar como
estrelas na noite de verão
vamos brilhar como
estrelas na luz do inverno
um coração, uma esperança, um amor

Com ou sem você
Com ou sem você
Eu não posso viver
Com ou sem você

Fly Away From Here

Aerosmith - I Don't Wanna Miss A Thing -




BENDITO FEITIÇO

Com tal maldição tento sobreviver
Coitado sou eu por querer estar perto de você
Sentir teu perfume pairar
Me embebedar por não poder
Te tocar, ao menos te dizer...
Palavras tão doces decoradas, de um livro ou
de um filme qualquer

Pobre falcão, pobre lobo, não podem sentir o
prazer do amor correspondido
Pobre falcão, pobre lobo, não podem sentir o
prazer do amor correspondido

Quem será que vai nos libertar??
Deixar me encontrar com você
Nas noites frias quero me deitar ao lado de minha
donzela
Olhar teus olhos com olhos de um homem
Capaz de morrer pra viver seu amor

Pobre falcão, pobre lobo, não podem sentir o
prazer do amor correspondido
Pobre falcão, pobre lobo, não podem sentir o
prazer do amor correspondido.

AINDA TE NECESSITO




Ainda não estou preparado para perder-te
Não estou preparado para que me deixes só.

Ainda não estou preparado pra crescer
e aceitar que é natural,
para reconhecer que tudo
tem um princípio e tem um final.

Ainda não estou preparado para não te ter
e apenas te recordar
Ainda não estou preparado para não poder te olhar
ou não poder te falar.

Não estou preparado para que não me abraces
e para não poder te abraçar.

Ainda te necessito.

E ainda não estou preparado para caminhar
por este mundo perguntando-me: Por quê?

Não estou preparado hoje nem nunca o estarei.

Ainda te Necessito.


PABLO NERUDA

FEITIÇO DE ÁQUILA




Eu teria te amado pra sempre...
Somos como feitiço de Áquila,
sempre juntos e
eternamente separados.
Volte para mim...
Se não fosse você,
jamais conheceria o amor.
Brilho eterno de sua
eterna lembrança.


André Ruiz

THEORY OF A DEADMAN Nothing Could Come Between Us

Arctic Monkeys - Crying Lightning -

Bon Jovi- Always -

FAREI DE TI UM REI




Quero Levar-Te Àquela Ilha
Onde Serás Amado,
Onde Serás Aceito
Do Jeito Que És...
Onde Podes Tirar a Máscara
E Deixar Esplandecer
Teu Rosto...
Onde Minha Ternura
Não Se Espantará
Com Teu Gão de Loucura...
Onde Minha Paixão Não Diminuirá
Com Tua Parcela de Medos..
Onde Podes Ser o Que És,
Naturalmente, e Mesmo Assim
Farei de Ti Um Rei!


Lya Luft

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

A CHEGADA DE LAMPIÃO AO INFERNO




Um cabra de Lampião
Por nome Pilão Deitado
Que morreu numa trincheira
Em certo tempo passado
Agora pelo sertão
Anda correndo visão
Fazendo mal-assombrado.

E foi quem trouxe a notícia
Que viu Lampião chegar
O Inferno nesse dia
Faltou pouco pra virar
Incendiou-se o mercado
Morreu tanto cão queimado
Que faz pena até contar.

Morreu a mãe de Canguinha
O pai de Forrobodó
Três netos de Parafuso
Um cão chamado Cotó
Escapuliu Boca Ensossa
E uma moleca moça
Quase queimava o "totó”.

Morreram 100 negros velhos
Que não trabalhavam mais
Um cão chamado Trás-cá
Vira-volta e Capataz
Tromba Suja e Bigodeira
Um cão chamado Goteira
Cunhado de Satanás.

Vamos tratar da chegada
Quando Lampião bateu
Um moleque ainda moço
No portão apareceu
- Quem é você, cavalheiro?
- Moleque eu sou cangaceiro!
Lampião lhe respondeu.

- Moleque não, sou vigia!
E não sou seu "pariceiro"
E você aqui não entrar
Sem dizer quem é primeiro...
- Moleque, abra o portão
Saiba que eu sou Lampião
Assombro do mundo inteiro!

Então, esse tal vigia
Que trabalha no portão
Dá pisa que voa cinza
Não procura distinção
O negro escreveu não leu
A macaíba comeu
Lá não se o usa perdão.

O vigia disse assim:
Fique fora que eu entro
Vou conversar com o chefe
No gabinete do centro
Por certo ele não lhe quer
Mas conforme o que disser
Eu levo o senhor pra dentro.

Lampião disse: - Vá logo,
Quem conversa perde hora
Vá depressa e volte já
Eu quero pouca demora
Se não me derem ingresso
Eu viro tudo "asavesso"
Toco fogo e vou embora.

O vigia foi e disse
A Satanás, no salão:
- Saiba vossa senhoria
Que aí chegou Lampião,
Dizendo que quer entrar
E eu vim lhe perguntar
Se dou ingresso ou não?

- Não senhor, Satanás disse,
Vá dizer que vá embora
Só me chega gente ruim?
Eu ando muito caipora
Estou até com vontade
De botar mais da metade
Dos que têm aqui pra fora!

- Lampião é um bandido
Ladrão da honestidade
Só vem desmoralizar
A minha propriedade
Mesmo eu não vou procurar
Sarna para me coçar
Sem haver necessidade.

Disse o vigia: - Patrão
A coisa vai arruinar
Eu sei que ele se dana
Quando não puder entrar
Satanás disse: - Isso é nada,
Convide aí a negrada
E leve o que precisar.

- Leve três dúzias de negros
Entre homem e mulher
Vá na loja de ferragem
Tire as armas que quiser
É bom escrever também
Pra virem os negros que têm
Mais compadre Lúcifer.

E reuniu-se a negrada
Primeiro chegou Fuxico
Com um bacamarte velho
Gritando por Cão de Bico
Que trouxesse o pau da prensa
E fosse chamar Tangença
Na casa de Maçarico.

E depois chegou Cambota
Endireitando o boné
Formigueiro, Trupe-Zupe
E o crioulo Quelé
Chegou Banzeiro e Pacaia
Rabisca e Cordão de Saia
E foram chamar Bazé.

Veio uma diaba moça
Com uma calçola de meia
Puxou a vara da cerca
Dizendo: - A coisa está feia
Hoje o negócio se dana,
E disse: - Eita, baiana
Agora a ripa vadeia.

E lá vai a tropa armada
Em direção do terreiro
Pistola, faca e facão
Cravinote e granadeiro
E um negro também vinha
Com a trempe da cozinha
E o pau de bater tempero.

Quando Lampião deu fé
Da tropa negra encostada
Disse: - Só na Abissínia
Oh! Tropa preta danada
O chefe do batalhão
Gritou: - As armas não mão
Toca-lhe fogo, negrada!

Nessa hora ouviu-se tiros
Que só pipoca no caco
Lampião pulava tanto
Que parecia um macaco
Tinha um negro nesse meio
Que durante o tiroteio
Brigou tomando tabaco.

Acabou-se o tiroteio
Por falta de munição
Mas o cacete batia
Negro embolava no chão
Pau e pedra que pegavam
Era o que as mãos achavam
Sacudiam em Lampião.

- Chega, traga um armamento!
Assim gritava o vigia,
Trás a pá de mexer doce
Lasca os ganchos de Caria
Trás os birros de Macau
Corre, vai buscar um pau
Na cerca da padaria!

Lúcifer mais Satanás
Vieram olhar do terraço
Tudo contra Lampião
De cacete, faca e braço
E o comandante no grito
Dizia: - Briga bonito,
Negrada, chega-lhe o aço!

Lampião pôde pegar
Na caveira de um boi
Sacudiu na testa dum
Ele só fez dizer: - Oi!
Ainda correu 10 braças
E caiu enchendo as calças
Mas eu não sei de que foi.

Estava a luta travada
Mais de uma hora fazia
A poeira cobria tudo
Negro embolava e gemia
Porém Lampião ferido
Ainda não tinha sido
Devido a sua energia.

Lampião pegou um checho
E o rebolou num cão
A pedrada arrebentou
A vidraça do oitão
Saiu um fogo azulado
Incendiou-se o mercado
E o armazém de algodão.

Satanás com esse incêndio
Tocou num búzio chamando
Correram todos os negros
(Os que estavam brigando)
Lampião pegou a olhar
Não viu mais com quem brigar
Também foi se retirando.

Houve grande prejuízo
No inferno, nesse dia
Queimou-se todo o dinheiro
Que Satanás possuía
Queimou-se o livro dos pontos
Perderam seiscentos contos
Somente em mercadoria.

Reclamava Satanás:
- Horror maior não precisa
Os anos ruins de safra
E agora mais essa pisa
Se não houver bom inverno
Tão cedo aqui no Inferno
Ninguém compra uma camisa.

Leitores vou terminar
Tratando de Lampião
Muito embora que não possa
Vos dar a resolução
No inferno não ficou
No céu também não chegou
Por certo está no sertão.

Quem duvidar dessa estória
Pensar que não foi assim
Querer zombar do meu sério
Não acreditando em mim
Vá comprar papel moderno
Escreva para o inferno
Mande saber de Caim.


José Pachêco

FRAGMENTOS




Livros são como pássaros à porta,
a espera de Sentir e mergulhar no Ser...

ad




As cinco da manhã a angústia veste branco.

Vinicius de Morares.




Sossega, coração, contudo!
Dorme!
O sossego não quer razão nem causa
quer só a noite plácida e enorme,
a grande , universal, solene pausa



Fernando Pessoa






Aqui me tenho como não conheço
nem me quis
Sem começo nem fim.
Nada lembro
Nem sei.
A luz presente sou apenas
um bicho transparente.


Ferreira Gullar





Pascal tinha em si um abismo se movendo.
Ai,tudo é abismo!
Sonhos, ação, desejo intenso,
Palavra!
E sobre mim, num calafrio, eupenso sentir do medo
o vento as vezes se estendendo.


Baudelaire





Cecília Meireles , a grande artesã da palavra, refletindo sobre a poesia disse:
“pergunto-me se não é de natureza sagrada essa indefinível chama que a poesia dificilmente revela mas está destinada a conter. Esta não será na verdade, o sentido de todas as artes? (…) Não seria um jogo de Deus esse renovar constante de meios para cada um procurar o seu fim?

ALGO...


Algo desloca-se de um fundo sem fundo da memória
ou do inconsciente. Uma fonte de alumbramentos.


Manuel Bandeira

DO POEMA




O problema não é
meter o mundo no poema; alimentá-lo
de luz, planetas vegetação. Nem
tão- pouco
enriquecê-lo, ornamentá-lo
com palavras delicadas, abertas
ao amor e à morte, ao sol, ao vício,
aos corpos nus dos amantes -


o problema é torná-lo habitável, indispensável
a quem seja mais pobre, a quem esteja
mais só
do que as palavras
acompanhadas
no poema.


Casimiro de Brito
Ode & Ceia

A LUA E O TEIXO


A Lua e o Teixo

Esta é a luz do espírito, fria e planetária.
As árvores do espírito são negras. A luz é azul.
As ervas descarregam o seu pesar a meus pés como se
eu fosse Deus,
picando-me os tornozelos e sussurrando a sua humildade.
Destiladas e fumegantes neblinas povoam este lugar
que uma fila de lápides separa da minha casa.
Só não vejo para onde ir.

A lua não é uma saída. É um rosto de pleno direito,
branco como o nó dos nossos dedos e terrivelmente
perturbado.
Arrasta o mar atrás de si como um negro crime; está mudo
com os lábios em O devido a um total desespero. Vivo
aqui.
Por duas vezes, ao domingo, os sinos perturbam o céu:
oito línguas enormes confirmando a Ressurreição.
Por fim, fazem soar os seus nomes solenemente.

O teixo aponta para o alto. Tem uma forma gótica.
Os olhos seguem-no e encontram a lua.
A lua é minha mãe. Não é tão doce como Maria.
As suas vestes azuis soltam pequenos morcegos e mochos.
Como gostaria de acreditar na ternura...
O rosto da efígie, suavizado pelas velas,
é, em particular, para mim que desvia os olhos ternos.

Caí de muito longe. As nuvens florescem,
azuis e místicas sobre o rosto das estrelas.
No interior da igreja, os santos serão todos azuis,
pairando com os seus pés frágeis sobre os bancos frios,
as mãos e os rostos rígidos de santidade.
A lua nada disto vê. É calva e selvagem.
E a mensagem do teixo é negra: negra e silenciosa.


Sylvia Plath

RABO DE LAGARTIXA - Melodia sentimental -

CLARA NUNES - Tristeza pé No chão -

CLARA NUNES - Morena de Angola -

CHICO BUARQUE - O Poder da Criação -

THEM CROOKED VULTURES - Caligulove -

ORIANTHI - Highly Strung -

AMOR...


"Amor vem de amor.
Vem de longe, vem no escuro,
brota que nem mato que dispensa cuidado
e cresce com a mais remota chuva."

(Guimarães Rosa)

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

AMO EM SILÊNCIO



Guardo no peito
Esse amor por você
É a canção
Que eu quero cantar
Ah! Ah! Ah!
É um poema deixado no ar
São palavras
Querendo viver...

Amo em silêncio
No meu coração
Amo em silêncio
Amo!
Guardo essa paixão...

Sou como a estrela
Que o dia não vê
Que espera
A noite chegar
Ah! Ah! Ah!
Hoje meu mundo
É só eu e você
E é nos sonhos
Que eu vou
Te encontrar...

Amo em silêncio
No meu coração
Amo em silêncio
Amo!
Guardo essa paixão...

Meu coração
Não quer mais
Se guardar
Bate forte
E quer ter você
Êh! Êh!
Sou como o sol
Que precisa nascer
E nas sombras
Não pode brilhar...

Amo em silêncio
No meu coração
Amo em silêncio
Amo!
Guardo essa paixão
Guardo essa paixão
No meu coração...

ALICE DE VERDADE II


Não me canso de olhar estas imagens do filme Alice, do post anterior, mas me deu uma saudade danada da Alice de verdade, filha do Walt Disney. Para mim, ela é que é a Alice no País das Maravilhas.

ALICE DE VERDADE I






Eu já tinha gostado muito quando soube que Alice, a viagem mais psicodélica de Lewis Carroll e dos estúdios Disney ia virar um filme com atores de verdade. Agora, ao me deparar com as primeiras fotos do filme não resisti e posto aqui neste blog. Gente, que coisa linda estas imagens criadas por Tim Burton, da Fantástica Fábrica de Chocolate. Só podia ser ele. A atriz Mia Wasikowska, essa loirinha de 18 anos quase inexperiente, será Alice. Confesso que o visual não era o que eu imaginava. Johnny Depp, sim, está o máximo como Chapeleiro Louco. O que as fotos já deixam antever é o tom absolutamente psicodélico das imagens de Tim Burton. Agora é esperar até março.

The Piano - Amazing Short -

POSSE




A saudade não pensou muito...
Alojou-se no peito e fez o coração
refém...
A solidão invejosa tomou posse de
algum lugar...
E os olhos ante tanta melancolia,
permitiu que lágrimas Caíssem...

Cida Luz

PRAIA DO ESQUECIMENTO


by JPereira


Fujo da sombra; cerro os olhos: não há nada.
A minha vida nem consente
rumor de gente
na praia desolada.

Apenas decisão de esquecimento:
mas só neste momento eu a descubro
como a um fruto rubro
de que, sem já sabê-lo, me sustento.

E do Sol amarelo que há no céu
somente sei que me queimou a pele.
Juro: nem dei por ele
quando nasceu.


David Mourão-Ferreira, in "Tempestade de Verão"

THE CRANBERRIES - You And Me -

THE CRANBERRIES - Promises -

THE CRANBERRIES - Linger -

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

O RAMALHETE




Eu ando colhendo flores
para a deusa dos amores,
que além espera por mim.
Já tenho cravos cheirosos,
não-me-deixes primorosos
e o branco e puro jasmim.

Tenho violetas dobradas,
estas cravinas rajadas
e o fragrante mogorim:
para ornar o ramalhete,
tenho da sécia o alfinete
e um galhinho de alecrim.

Só a rosa aqui me falta,
que só ela não esmalta
este tão lindo jardim!
Mas também para que rosas!
Se as tem nas faces mimosas
e em teus lábios de cetim!


Gonçalves de Magalhães
(1811-1882)

A ESPERA




Vem... Não vem... - Olho a rua: é outono. E o outono
tem um grande prestígio emocional:
vem todo cheio de alma e de abandono
e entra em meus nervos lânguidos de sono,
como a ponta excitante de um punhal!

Vem... Não vem... - Na paisagem amarela
da rua doente há um contagioso spleen.
Fica auscultando o vidro da janela:
passa um vento nervoso - e eu penso nela;
voa uma folha morta - e eu penso em mim.

Vem... Não vem... - Cada voz perdida, ou cada
figurinha ligeira de estação
toda afogada em peles, na calçada,
ou cada passo nos degraus da escada
marca o compasso do meu coração.

Vem...não vem... - E esta frase ingênua esvoaça
no ar, desfolhada como um malmequer.
Tamborilando os dedos na vidraça,
eu conto um verso - e no meu verso passa
timidamente um nome de mulher.

Vem... Não vem... Vem... Não vem... - A tarde desce
a mão cansada de dizer adeus...
E eu continuo a minha pobre prece:
- Que seria de mim, se ela não viesse?
E que será quando ela vier, meu Deus?


Guilherme de Almeida
(1890-1969)

FOLHAS VERDES



.
Vejo o céu e o jardim “ser parecido”.
Vejo em seus olhos o sol ser duplicado.
Há passarinhos cantando a maravilha.
E pessegueiros em cor serem semeados.
(..)

FEVEREIRO


Fevereiro
.
A ventania veio com delicadeza de névoa,
indistinta em como os anos haviam sido...
Mas ela tinha tanto amor em seus passos,
e tinha tantas flores na orla do seu vestido!

Só que o orvalho do jardim não resistira,
e caiu triste com ânimo de um moribundo.

A ventania derrubou o orvalho triste...
E ele era a pequena lágrima do mundo.

(Clebson Moura Leal)

Tom Waits by António Pinho Vargas

I didn't mean to hurt you

TRANSPARENTE

domingo, 21 de fevereiro de 2010

QUANDO ELA CHORA


Quando ela chora
Não sei se é dos olhos para fora
Não sei do que ri
Eu não sei se ela agora
Está fora de si
Ou se é o estilo de uma grande dama
Quando me encara e desata os cabelos
Não sei se ela está mesmo aqui
Quando se joga na minha cama
Ela faz cinema
Ela faz cinema
Ela é a tal
Sei que ela pode ser mil
Mas não existe outra igual

Quando ela mente
Não sei se ela deveras sente
O que mente para mim
Serei eu meramente
Mais um personagem efémero
Da sua trama
Quando vestida de preto
Dá-me um beijo seco
Prevejo meu fim
E a cada vez que o perdão
Me clama
Ela faz cinema
Ela faz cinema
Ela é demais
Talvez nem me queira bem
Porém faz um bem que ninguém
Me faz

Eu não sei
Se ela sabe o que fez
Quando fez o meu peito
Cantar outra vez
Quando ela jura
Não sei por que Deus ela jura
Que tem coração
E quando o meu coração
Se inflama
Ela faz cinema
Ela faz cinema
Ela é assim
Nunca será de ninguém
Porém eu não sei viver sem
E fim ...

O HOMEM QUE CONTEMPLA


Vejo que as tempestades vêm aí
pelas árvores que, à medida que os dias se tomam mornos,
batem nas minhas janelas assustadas
e ouço as distâncias dizerem coisas
que não sei suportar sem um amigo,
que não posso amar sem uma irmã.

E a tempestade rodopia, e transforma tudo,
atravessa a floresta e o tempo
e tudo parece sem idade:
a paisagem, como um verso do saltério,
é pujança, ardor, eternidade.

Que pequeno é aquilo contra que lutamos,
como é imenso, o que contra nós luta;
se nos deixássemos, como fazem as coisas,
assaltar assim pela grande tempestade, —
chegaríamos longe e seríamos anónimos.

Triunfamos sobre o que é Pequeno
e o próprio êxito torna-nos pequenos.
Nem o Eterno nem o Extraordinário
serão derrotados por nós.
Este é o anjo que aparecia
aos lutadores do Antigo Testamento:
quando os nervos dos seus adversários
na luta ficavam tensos e como metal,
sentia-os ele debaixo dos seus dedos
como cordas tocando profundas melodias.

Aquele que venceu este anjo
que tantas vezes renunciou à luta.
esse caminha erecto, justificado,
e sai grande daquela dura mão
que, como se o esculpisse, se estreitou à sua volta.
Os triunfos já não o tentam.
O seu crescimento é: ser o profundamente vencido
por algo cada vez maior.


Rainer Maria Rilke, in "O Livro das Imagens"

MONN DANCE

The Ting Tings - That's Not My Name UK -

The ting tings -we walk