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sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Por Céus e Mares...


Por céus e mares eu andei
Vi um poeta e vi um rei
Na esperança de saber o que é o amor
Ninguém sabia me dizer
E eu já queria até morrer
Quando um velhinho com uma flor assim falou:
O amor é o carinho
É o espinho que não se vê em cada flor
É a vida quando
Chega sangrando
Aberta em pétalas de amor.


Vinicius de Moraes

Eu E Você


Eu e você...
um doce enlevo, no amor, que nos une...
sinto-me cada vez mais sua,
quer num beijo, ou num abraço

quantas vezes sonhei estar
ao seu lado, sóbria e criança
para sentir todo seu carlor...

eu e você...
uma só criatura,
pois envoltos nos abraços
que nos ligam, em torturas
e desejos, está o de ficarmos
unidos, sempre e sempre

quero você com ternura,
quero você em cada beijo,
quero você, como é!...

eu e você...
lado a lado, caminhando,
sentindo nossas mãos unindo-se
para seguirmos juntos
nesta longa estrada,

quero amar cada vez mais,
e em cada traço do seu corpo
mais querer e compreender...

eu e você...
juntos para amar
e entregarmo-nos a
esta louca vontade
de sermos um só...


Regina Azenha

Three Little Birds

Nana Mouskouri

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Queria ter...


Queria ter a certeza de que apesar de minhas renúncias e loucuras,
alguém me valoriza pelo que sou, não pelo que tenho,
que me veja como um ser humano completo,
que abusa demais dos bons sentimentos que a vida lhe proporciona,
que dê valor ao que realmente importa, que é meu sentimento
e não brinque com ele.
E que esse alguém me peça para que eu nunca mude,
para que eu nunca cresça,
para que eu seja sempre eu mesmo.

Mario Quintana (1906-1994)

Lisboa


Lisboa com suas casas
De várias cores,
Lisboa com suas casas
De várias cores,
Lisboa com suas casas
De várias cores...

À força de diferente, isto é monótono.
Como à força de sentir, fico só a pensar.

Se, de noite, deitado mas desperto,
Na lucidez inútil de não poder dormir,
Quero imaginar qualquer coisa
E surge sempre outra (porque há sono,
E, porque há sono, um bocado de sonho),
Quero alongar a vista com que imagino
Por grandes palmares fantásticos,
Mas não vejo mais,
Contra uma espécie de lado de dentro de pálpebras,
Que Lisboa com suas casas
De várias cores.

Sorrio, porque, aqui, deitado, é outra coisa.
A força de monótono, é diferente.
E, à força de ser eu, durmo e esqueço que existo.

Fica só, sem mim, que esqueci porque durmo,
Lisboa com suas casas
De várias cores.


Álvaro de Campos

É Inverno Mas Estou à Tua Espera


Porque não oiço no ar a tua voz
Entre brumas e segredos escondidos
E descubro que o silêncio entre nós
São mil versos de mil cantos escondidos.
.
Porque não vejo no azul-escuro da noite
Nas estrelas esse brilho que é o teu
E procuro a madrugada que me acoite
Num poema que não escrevo mas é meu.
.
Olho o vento que se estende no caminho
E ensaia a tua dança de voar
És gaivota que só chega a fazer ninho
Quando o tempo te dá tempo para amar.
.
Mas também se perde o tempo que se tem
Para gastar só quando chega a Primavera
Veste um fato de saudade amor e vem
Que é Inverno, mas eu estou à tua espera.

.
Helder Moutinho

Regina Spektor


Serebrianaja

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

O Cinema Na Arte Do Azulejo










Como Hei de Segurar a Minha Alma?


Como hei-de segurar a minha alma
para que não toque na tua? Como hei-de
elevá-la acima de ti, até outras coisas?

Ah, como gostaria de levá-la
até um sítio perdido na escuridão
até um lugar estranho e silencioso
que não se agita, quando o teu coração treme.

Pois o que nos toca, a ti e a mim,
isso nos une, como um arco de violino
que de duas cordas solta uma só nota.

A que instrumento estamos atados?
E que violinista nos tem em suas mãos?
Oh, doce canção.


Rainer Maria Rilke

Para Você Me Guardei


Para você me guardei,
porque sabia ser o homem
que um dia eu encontraria.

Para você me guardei,
depois de tantas decepções pela vida... e lhe encontrei.
Para você me guardei, depois de tantas lágrimas que derramei.

Para você me guardei e a Deus ofereci meu amor,
porque um dia Ele o entregaria ao homem da minha vida.

Para você me guardei,
porque sabia que em algum coração
eu me abrigaria e ele me amaria como eu merecia.

Para você me guardei...
Hoje eu sei que lhe encontrei e era você o que tanto
esperei... e como acreditei que você existia!

Para você eu me guardei e hoje eu me entreguei
e sei que a felicidade existe
quando se é amada,
e como é maravilhoso nosso amor e sofrido!


Vera Jarude

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Acontecimento


Aqui estou, junto à tempestade,
chorando como uma criança
que viu que não eram verdade
o seu sonho e a sua esperança.
.
A chuva bate-me no rosto
e em meus cabelos sopra o vento.
Vão-se desfazendo em desgôsto
as formas do meu pensamento.
.
Chorarei toda a noite, enquanto
perpassa o tumulto nos ares,
para não me veres em pranto,
nem saberes, nem perguntares:
.
«Que foi feito do teu sorriso,
que era tão claro e tão perfeito?»
E o meu pobre olhar indeciso
não te repetir: «Que foi feito...?»
.

Cecília Meireles

Fronteira


Há o silêncio das estradas
e o silêncio das estrelas
e um canto de ave, tão branco,
tão branco, que se diria
também ser puro silêncio.
Não vem mensagem do vento,
nem ressonâncias longínquas
de passos passando em vão.
Há um porto de águas paradas
e um barco tão solitário,
que se esqueceu de existir.
Há uma lembrança do mundo
mas tão distante e suspensa...
.
Há uma saudade da vida
porém tão perdida e vaga,
e há a espera, a infinita espera,
a espera quase presença
da mão de puro mistério
que tomará minha mão
e me levará sonhando
para além deste silêncio,
para além desta aflição.

.
Tasso da Silveira

Gustave Jean Jacquet


Gustave Jean Jacquet (Paris, França, 25 de maio 1846 – Paris, França, 1909)
Pintor de retratos, cenas de gênero e históricas, um dos mais renomados pintores do século 19. Começou sua formação artística formal na "École des Beaux-Arts" em Paris, onde estudou com o principal pintor acadêmico, William Adolphe Bouguereau.


Em 1865, então com 19 anos, estreou no Salão de Paris com uma pintura alegórica intitulada "O sonho", muito semelhante ao estilo de seu professor.


Nos anos seguintes, porém, passou a pintar as cenas de gênero que o consagrariam: telas de pequenas dimensões em que ele evocou, com a preocupação consciente do mais ínfimo pormenor, a vida elegante e suntuosa dos Séculos XVI, XVII e XVIII.


Como sua carreira progrediu e seu estilo amadurecera, Jacquet viajou por toda a Europa, absorvendo estilos nacionais e coletando artefatos históricos, tapeçarias, armaduras, tecidos e jóias dos períodos retratados em suas telas.


Em 1868, foi premiado com uma medalha de terceira classe com sua tela "Saída do Exército no século 16". Na mesma época começou a fazer retratos, muitos com as modelos em trajes inspirados nas épocas passadas.


Em 1875, obteve uma medalha de 1ª classe e, depois da recepção positiva na Exposição Universal de 1878, foi condecorado pela "Légion d’honneur" (Legião de Honra) em 1879, uma clara indicação de seu sucesso.

The Corrs


segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Resonat Chamber

Essa Vaga Doçura...


"... Essa
vaga doçura
fez o meu coração
doer de saudade.
Pareceu-me ser o
sopro ardente
no verão,
procurando
completar-se.
Eu não sabia então,
que a flor estava
tão perto de mim.
Que ela era minha,
e que essa perfeita
doçura tinha
desabrochado no fundo
do meu próprio coração. "


Tagore

Dá-me Tua Mão...


Dá-me tua mão e eu te levarei aos campos musicados
pela canção das colheitas cheguemos antes que os pássaros
nos disputem os frutos,
Antes que os insetos se alimentem das folhas entreabertas.
Dá-me tua mão
E eu te levarei a gozar a alegria do solo agradecido,
Te darei por leito a terra amiga
E repousarei tua cabeça envelhecida
Na relva silenciosa dos campos.
Nada te perguntarei,
Apenas ouvirás o cantar das águas adolescentes
E as palavras do meu olhar sobre tua face muito amada.


Adalgisa Nery