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sexta-feira, 12 de março de 2010

EU QUERIA TANTO TE AMAR NESSE MOMENTO


Eu queria te amar nesse momento
quando a luz do quarto se apagasse
e pudéssemos enxergar na penumbra
nossos vultos trêmulos
desenhados na luz do silencio
que eu pudesse sentir suas mãos
em meu corpo
bordando carícias intermináveis
e beber na sua boca
aquele sumo do amor-desejo
movendo meus lábios
na ânsia continua
de um demorado beijo

Eu queria te amar nesse momento
que suas mãos pequenas e ternas
desnudassem meu corpo
e a cada peca, um enroscar de línguas
uma quentura de cio
seus cabelos em minhas mãos
presos em meus dedos
seus olhos pedintes fechando-se
por um momento
deixando-me beijar suas palavras mudas
e roçar meus lábios em seu rosto
e deixar fluir este amor de meus poros
como catarata de águas doces

Eu queria te amar tanto nesse momento
quando as palavras nada conseguem dizer
mas o coração bate forte
e os sentidos se eletrizam
e os corpos se esfregam
e as mãos tocam, e os braços enlaçam
e substituindo a voz
ouve-se os suspiros, e os gemidos abafados
uma garra do querer-se até exaurir-se
quando tocam-se os sexos úmidos
e as coxas se abrem permissivas
e há a urgência da invasão, do ataque,
do mover-se dos corpos
em movimentos sequênciais

Eu queria te amar em suave alumbramento
de olhos fechados, na febre desse silencio
aqui e agora, neste exato momento...

Mary Fioratti

DULCE PONTES E JOSÉ CARRERAS - One World -

ERIC CLAPTON - Tears In Heaven -

YANKEE e GAL

MUITO DE MIM


Há um pouco de mim
na ternura esquecida
no sonho das almas
buscando distâncias.
Há um pouco de mim
no vazio da esperança
nos olhos que choram
antigas ausências.
Há um pouco de mim
na espera frustrada
nas horas que fogem
marcando destino.
Há um pouco de mim
no murmúrio das águas
escorrendo cantigas
minando promessas.
Há um pouco de mim
na carícia do vento
despedindo papoulas
queimando rosais.

Há muito de mim
na tristeza dos tristes...

Na angústia do Mundo
há muito de mim!


Lia Corrêa
In Horas Brancas

PAIXÃO SECRETA


Acordei com os primeiros pássaros,
já minha lâmpada morria.
Fui até à janela aberta e sentei-me,
com uma grinalda fresca
nos cabelos desatados...
Ele vinha pelo caminho
na névoa cor de rosa da manhã.
Trazia ao pescoço
uma cadeia de pérolas
e o sol batia-lhe na fronte.
Parou à minha porta
e disse-me ansioso:
— Onde está ela?
Tive vergonha de lhe dizer:
— Sou eu, belo caminhante,
sou eu.

BOY GEORGE & ANTONY AND THE JOHNSONS ***YOU ARE MY SISTER***

ANOITECIA


Anoitecia
e ainda não tinham acendido as luzes.
Eu atava o cabelo, desconsolada.
Ele chegava no seu carro
todo vermelho, aceso pelo sol poente.
Trazia o fato cheio de poeira.
Fervia a espuma
na boca anelante dos seus cavalos...
Desceu à minha porta
e disse-me com voz cansada:
— Onde está ela?
Tive vergonha de lhe dizer:
— Sou eu, fatigado caminhante,
sou eu.


Noite de Abril.
A lâmpada arde neste meu quarto
que a brisa do Sul
enche suavemente.
O papagaio palrador
dorme na sua gaiola.
O meu vestido é azul
como o pescoço dum pavão,
e o manto verde como a erva nova.
Sentada no chão, perto da janela,
olho a rua deserta ...
Passa a noite escura
e não me canso de cantar:
— Sou eu, caminhante sem esperança,
sou eu.

Rabindranath Tagore, in "O Coração da Primavera"

quinta-feira, 11 de março de 2010

GUERRA AO TERROR



Vencedor do Oscar 2010.
Para um grupo de soldados americanos, alguns dias os separam do retorno para casa. Um período relativamente curto, se não fosse por tantas ocorrências que transformassem esse fim de jornada em um verdadeiro inferno. As forças armadas precisam de especialistas não só nos campos de combate mas também no dia a dia, na proteção do grupo contra insurgentes que promovem atentados, matando milhares de cidadãos. Conheça a dura realidade destes soldados e descubra que, ao contrário do que todos eles pensam, a luta jamais terminará..

CANÇÃO PENSATIVA


Um toque da solidão, e um dedo
severo me traz à realidade: Não depender
dos meus amores, não me enfeitar
demais com sua graça, mas ver
que cada um de nós é um coração sozinho.

Cada um de nós perenemente
é um espelho a se mirar, sabendo
que mesmo se nesse leito frio e branco
um outro amor quer derramar-se em nós,
entre gélido cristal e alma ardente
levanta-se paredes para sempre.

- E para sempre a amante
solidão nos chama e abraça.

Lya Luft

A MAN AND WOMAN - By Jacintha -

APATIA


Vi
lá muito ao longe
o sol
de cansado
enterrar-se todo
nas águas do mar
e deixei-o ir-se
sem o tentar salvar

Vieira da Silva

PENSEI QUE SONHAVA...



Pensei que sonhava com folhas caindo,
com os lagos escuros de bosques sem fim,
com o eco de tristes palavras;
Mas não lhes conseguia entender o sentido.

Pensei que sonhava com estrelas caindo,
com súplicas de olhos cinzentos num grito,
com o eco de umas risadas;
Mas não lhes conseguia entender o sentido.

Como a queda de folhas e estrelas caindo,
Pensei que me via, para sempre indo e vindo
com o eco sem fim que sonhava;
Mas não conseguia entender-lhe o sentido.


-GEORG TRAKL-

-GEORG TRAKL-

NICK CAVE - The Mercy Seat -

YO LA TENGO - Griselda -

THE SUMMER - Yo La Tengo -

quarta-feira, 10 de março de 2010

ALICES




YA LO TENGO - Griselda -

COMPROMISSO


Transportam meus ombros secular compromisso.
Vigílias do olhar não me pertencem;
trabalho dos meus braços
é sobrenatural obrigação.

Perguntam pelo mundo
olhos de antepassados;
querem, em mim, suas mãos
o inconseguido.
Ritmos de construção
enrijecem minha juventude,
e atrasam-me na morte.
Viver! - clamam os que se foram,
ou cedo ou irrealizados.
Vive por nós! - murmuram suplicantes.

Vivo por homens e mulheres
de outras idades, de outros lugares, com outras falas.

Por infantes e velhinhos trêmulos.
Gente do mar e da terra,
suada,salgada,hirsuta.
Gente da névoa, apenas murmurada.

E como se ali na parede
estivessem a rede e os remos,
o mapa,
e lá fora crescessem uva e trigo,
e à porta se chegasse uma ovelha.
que me estivesse ,mirando o luar,
e perguntando-se, também.

Esperai! Sossegai!

Esta sou eu - a inúmera.
Que tem de ser pagã como as árvores
e, como um druida, mística.
Com a vocação do mar, e com seus símbolos.
Com o entendimento tácito,
instintivo,
das raízes, das nuvens,
dos bichos e dos arroios caminheiros.

Andam arados,longe,em minh'a alma.

Andam os grandes navios obstinados.

Sou minha assembléia,
noite e dia, lucidamente.

Conduzo o meu povo
e a ele me entrego.
E assim nos correspondemos.

Faro do planeta e do firmamento,
bússola enamorada da eternidade,
um sentimento lancinante de horizontes,
um poder de abraçar, de envolver
as coisas sofredoras,
e levá-las nos ombros, como os anhos e as cruzes.

E somos um bando sonâmbulo
passeando com felicidade
por lugares sem sol e nem lua.


Cecília Meireles
In Mar Absoluto e Outros Poemas

CANÇÃO


Se de novo passares,
não procures por mim.
Preservemos o fim
dos saudosos olhares.

Bem sei que a noite e os rios
engedram muita flor
parecida com amor,
em seus ermos sombrios.

Mas nem penso aonde vais,
Adormeço nos prados
com os lábios ocupados
no néctar do jamais.

Um tempo sem fronteiras
se abriu diante de nós.
Quando tiveram voz
as verdades inteiras?

Ai, talvez noutro instante
chegue perto de ti,
para ver que perdi
minha alma antiga, - e cante.

Talvez chegue, talvez,
mas que não seja agora,
quando quem foste chora
aquilo que não vês.

Uma vaga canção
cantarei com doçura,
e será morte escura
sobre o meu coração.


Cecília Meireles
In Retrato Natural

THE SUMMER - Yo la Tengo -

CAT WOMAN





OH MY GOD

QUEEN OF THE WORLD -

IDA MARIA - Keep Me Warm -

terça-feira, 9 de março de 2010

O FUTEBOL NO SERTÃO



Futebol é alegria
E o gol a grande emoção,
O psicólogo defende,
Faz liberar a tensão.
Nesse campo eu vou entrar,
Leitor eu quero falar
Do futebol no sertão.

Não pense que falarei
Do futebol dos milhões,
Jogadores que ganharam
Os títulos nas seleções,
Quero falar das peladas,
Partidas bem disputadas
Nas quebradas dos sertões.

Eu sou esse homem torto,
Do andar desaprumado,
Correndo pelo sertão,
Lugar muito iluminado...
Trabalho de sol a sol,
Depois vou pro futebol
E nunca fico cansado.

No sítio onde eu nasci,
Marcado pela pobreza,
A começar pelo solo,
São coisas da natureza,
Por isso sofremos tanto
A procura de um campo,
Foi grande a nossa peleja.

Arranjamos um local,
É um campinho pequeno,
Espaço bem desigual,
Sempre subindo e descendo,
Uma pedrinha miúda,
Vermelhinha, pontiaguda,
Bem afiada, um veneno...

Descalço, nesse terreno
E driblando a precisão,
Sempre com falta de bola,
De chuteira e de meião.
E para ser mais exato
Pedindo aos candidatos
No tempo da eleição...

Chegou ao sítio um barão,
Candidato a prefeito,
Fez uma reunião
Bem cordial e com jeito
E disse pra animar:
- Vou o esporte ajudar,
Só preciso ser eleito.

Meninos se eu ganhar
Não haverá mais pobreza...
Eu quero ofertar ao time
Um terno da Portuguesa,
Da qual eu sou torcedor,
Mas ninguém desconfiou
Que tudo era esperteza...

Eu tinha tanta certeza
Que o homem ia deixar
Terno, meião e chuteira,
Cheguei até a sonhar,
Na rede bateu meu pai:
- Meu filho assim você cai
Eu dando soco no ar...

Mas ao se aproximar
O dia da eleição,
Não gosto nem de lembrar,
Tamanha decepção...
O homem chamou o time
E anunciou o crime
Da chuteira e do meião...

Com um calçado na mão,
Começou a explicar:
- O terno eu não consegui,
Calção eu não posso dar,
Só tem meião e chuteira
E eu não vou fazer besteira,
Não posso mais confiar...

Agora eu vou entregar
Somente a do pé esquerdo,
Então depois que eu ganhar,
Acabará o segredo,
Quando eu já for o prefeito
Entrego a do pé direito,
Confiem, não tenham medo.

A equipe ficou triste,
Nesse dia não treinou,
O material entregue
A cada um jogador
Depressa foi devolvido
Porque aquele bandido
Graças a Deus não ganhou...

O time todo votou,
Pois ninguém tinha juízo,
Depois que o pleito passou
Fez-se o que foi preciso,
Continuou a treinar,
Toda hora, sem parar
Pra tirar o prejuízo...

Sertanejo pé pesado
Couro grosso, casca grossa
Tem coragem até demais
Esse pessoal da roça,
Começamos a ganhar
Torneio em qualquer lugar,
A vitória era nossa...

Fomos a um grande torneio
Lá no Sítio Umarizeiro...
O prêmio era de ponta
Nem troféu e nem dinheiro...
Naquela doce manhã
Ganhamos uma marrã
Para botar no chiqueiro...

O time com pulso firme,
Alegre, feliz da vida...
Ganhou lá no Sítio Altos
Uma cabrinha parida,
Um bode na Rua Nova,
As conquistas eram a prova
Que a equipe estava unida...

No Sítio Bezerro Morto,
Numa tarde ensolarada:
Uma novilha de porca
Muito gorda, bem cevada
Também engordou a lista
Desse tempo de conquistas
Da equipe consagrada...

Na hora da volta olímpica
Quase que deu confusão,
Deixaram o prêmio nas costas
Do pobre do capitão,
O coitado se esforçou
Quase que não completou
A volta de campeão.

Em fim, choveu no sertão,
Fizemos uma parada,
Fomos cuidar dos roçados
Diminuíram as peladas.
Zé Preto o treinador
Chamou o time e mostrou
Os títulos da temporada...

Uma galeria viva
E também muito esquisita,
Foi chamando cocho, cocho...
E mudou pra bita, bita...
Galinha, peru, marrã,
Foi essa a melhor manhã
Que eu passei na Bonita...

O treino, a dedicação,
O prazer de existir,
O respeito, a alegria
Sempre vão fazer surgir
Equipes de vencedores
Como a dos jogadores
Que listarei a seguir:

No gol ficava Carão,
Burrai e Zé Vaca Magra,
Corró, Antônio Morcego,
Buzica, Chico Chapada,
Valentim, Jiló, Melado
E Luís Arrupiado...
Eis a equipe formada.

Dê bola para as crianças,
Ensine-as a amar...
Onde você estiver
Não deixe de apoiar
Essa minha seleção,
Pois igual ao meu Sertão
Outro futebol não há.
Fim


Valentim Quaresma

CARTOON

STELA - Live At The Bordeline -

EXÍLIO


Eu caminhei na noite
Entre silêncio e frio
Só uma estrela secreta me guiava
Grandes perigos na noite me apareceram
Da minha estrela julguei que eu a julgara

Verdadeira sendo ela só reflexo
De uma cidade a néon enfeitada
A minha solidão me pareceu coroa
Sinal de perfeição em minha fronte
Mas vi quando no vento me humilhava

Que a coroa que eu levava era de um ferro
Tão pesado que toda me dobrava
Do frio das montanhas eu pensei
«Minha pureza me cerca e me rodeia»
Porém meu pensamento apodreceu

E a pureza das coisas cintilava
E eu vi que a limpidez não era eu
E a fraqueza da carne e a miragem do espírito
Em monstruosa voz se transformaram
Disse às pedras do monte que falassem

Mas elas como pedras se calaram
Sozinha me vi delirante e perdida
E uma estrela serena me espantava
E eu caminhei na noite minha sombra
De desmedidos gestos me cercava

Silêncio e medo
Nos confins desolados caminhavam
Então eu vi chegar ao meu encontro
Aqueles que uma estrela iluminava
E assim eles disseram: «Vem connosco

Se também vens seguindo aquela estrela»
Então eu soube que a estrela que eu seguia
Era real e não imaginada
Grandes noites redondas nos cercaram
Grandes brumas miragens nos mostraram

Grandes silêncios de ecos vagabundos
Em direcções distantes nos chamaram
E a sombra dos três homens sobre a terra
Ao lado dos meus passos caminhava
E eu espantada vi que aquela estrela

Para a cidade dos homens nos guiava
E a estrela do céu parou em cima
De uma rua sem cor e sem beleza
Onde a luz tinha a cor que tem a cinza
Longe do verde do azul da natureza

Ali não vi as coisas que eu amava
Nem o brilho do sol nem o da água
Ao lado do hospital e da prisão
Entre o agiota e o templo profanado
Onde a rua é mais triste e mais sozinha

E onde tudo parece abandonado
Um lugar pela estrela foi marcado
Nesse lugar pensei: «Quanto deserto
Atravessei para encontrar aquilo
Que morava entre os homens e tão perto


(Sophia de Mello Breyner Andresen)

FLORENCE AND THE MACHINE - Girl With One Eye -

KURT COBAIN - Watch This Amazing -

segunda-feira, 8 de março de 2010

POEMA PARA TODAS AS MULHERES


No teu branco seio eu choro.

Minhas lágrimas descem pelo teu ventre

E se embebedam do perfume do teu sexo.

Mulher, que máquina és, que só me tens desesperado

Confuso, criança para te conter!

Oh, não feches os teus braços sobre a minha tristeza, não!

Ah, não abandones a tua boca à minha inocência, não!

Homem sou belo

Macho sou forte, poeta sou altíssimo

E só a pureza me ama e ela é em mim uma cidade e tem mil e uma portas

Ai! teus cabelos recendem à flor da murta

Melhor seria morrer ou ver-te morta

E nunca, nunca poder te tocar!

Mas, fauno, sinto o vento do mar roçar-me os braços

Anjo, sinto o calor do vento nas espumas

Passarinho, sinto o ninho nos teus pelos...

Correi, correi, ó lágrimas saudosas

Afogai-me, tirai-me deste tempo

Levai-me para o campo das estrelas

Entregai-me depressa à lua cheia

Dai-me o poder vagaroso do soneto, dai-me a iluminação das odes, dai-me o cântico dos cânticos

Que eu não posso mais, ai!

Que esta mulher me devora!

Que eu quero fugir, quero a minha mãezinha, quero o colo de Nossa Senhora!


Vinicius de Moraes

(1913-1980)

TOM HRIS - Bandolins -

OS SILÊNCIOS DA FALA


São tantos
os silêncios da fala

De sede
De saliva
De suor

Silêncios de silex
no corpo do silêncio

Silêncios de vento
de mar
e de torpor

De amor

Depois, há as jarras
com rosas de silêncio

Os gemidos
nas camas

As ancas
O sabor

O silêncio que posto
em cima do silêncio
usurpa do silêncio o seu magro labor.


Maria teresa Horta

DEPECHE MODE - Martin My Love -

DEPECHE MODE - Personal Jesus -

DEPECHE MODE - Enjoy The Silence -

BIFFY CLYRO - Who's Gotta Match -

QUE SONHA MAIS?


Quem sonha mais, vais-me dizer —
Aquele que vê o mundo acertado
Ou o que em sonhos se foi perder?

O que é verdadeiro? O que mais será —
A mentira que há na realidade
Ou a mentira que em sonhos está?

Quem está da verdade mais distanciado —
Aquele que em sombra vê a verdade
Ou o que vê o sonho iluminado?

A pessoa que é um bom conviva, ou esta?
A que se sente um estranho na festa?


Alexander Search, in "Poesia"

DEPECHE MODE - Never Let Me Down Again -

MULHER



Você que busca no dia a dia sua
independência, sua liberdade, sua
identidade própria;

Você que luta profissional e
emocionalmente, para ser
valorizada e compreendida;

Você que a cada momento tenta ser a
companheira, a amiga, a "rainha do lar";

Você que batalha incansavelmente por seus
próprios direitos e também por um mundo
mais justo e por uma sociedade sem
violências;

Você que resiste aos sarcasmos daqueles
que a chamam de, pejorativamente, de
feminista liberal e que já ocupa um
espaço na fábrica, na escola, na
empresa e na política;

Você, eu, nós que temos a capacidade de
gerar outro ser, temos também o dever de
gerar alternativas para que a nossa Ação
criadora, realmente ajude outras
mulheres a conquistarem
a liberdade de Ser...

Que todas as mulheres sejam respeitadas e amadas:
Hoje, Amanhã e Depois !!!


Ilsa da Luz Barbosa

domingo, 7 de março de 2010

BLUES DA MORTE DE AMOR



já ninguém morre de amor, eu uma vez
andei lá perto, estive mesmo quase,
era um tempo de humores bem sacudidos,
depressões sincopadas, bem graves, minha querida,
mas afinal não morri, como se vê, ah, não,
passava o tempo a ouvir deus e música de jazz,
emagreci bastante, mas safei-me à justa, oh yes,
ah, sim, pela noite dentro, minha querida.

a gente sopra e não atina, há um aperto
no coração, uma tensão no clarinete e
tão desgraçado o que senti, mas realmente,
mas realmente eu nunca tive jeito, ah, não,
eu nunca tive queda para kamikaze,
é tudo uma questão de swing, de swing, minha querida,
saber sair a tempo, saber sair, é claro, mas saber,
e eu não me arrependi, minha querida, ah, não, ah, sim.

há ritmos na rua que vêm de casa em casa,
ao acender das luzes, uma aqui, outra ali.
mas pode ser que o vendaval um qualquer dia venha
no lusco-fusco da canção parar à minha casa,
o que eu nunca pedi, ah, não, manda calar a gente,
minha querida, toda a gente do bairro,
e então murmurarei, a ver fugir a escala
do clarinete: — morrer ou não morrer, darling, ah, sim.


Vasco Graça Moura, in "Antologia dos Sessenta Anos"

Mariah Carey & Whitney Houston - When You Believe

WHITNEY HOUSTON

WOLFMOTHER - New Monn Rising -

EU




Até agora eu não me conhecia,
julgava que era Eu e eu não era
Aquela que em meus versos descrevera
Tão clara como a fonte e como o dia.

Mas que eu não era Eu não o sabia
mesmo que o soubesse, o não dissera...
Olhos fitos em rútila quimera
Andava atrás de mim... e não me via!

Andava a procurar-me - pobre louca!-
E achei o meu olhar no teu olhar,
E a minha boca sobre a tua boca!

E esta ânsia de viver, que nada acalma,
E a chama da tua alma a esbrasear
As apagadas cinzas da minha alma!


Florbela Espanca, in "Charneca em Flor"

CAT STEVENS -

CAT STEVENS - Miles From Nowhere -

CHARGE

SONHOS


Exilado em meus muros de pedras tamanhas
sonho com margens de cálidos mares
onde me receberiam terras estranhas
onde me aqueceriam sóis invulgares

Fechado em meu templo, deus que chora
sonho com zéfiros, pálidos cantares
onde acordaria com a frágil aurora
onde repousaria em ternos luares

Escravo liberto dos estéreis futuros
reinando na minha lânguida vegetação
sonharia às vezes com os áridos muros
do meu templo de pedra, da antiga prisão.

JP

KESHA -Take It Off Lyrics

CONNIE FRANCIS - Schöner Fremder Mann -

NINA SIMONE - Love Or Leave Me -

NINA SIMONE - Here Comes The Sun -