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terça-feira, 23 de junho de 2009

Quem me Dera que Eu Fosse o Pó da Estrada


Quem me dera que eu fosse o pó da estrada
E que os pés dos pobres me estivessem pisando...
Quem me dera que eu fosse os rios que correm
E que as lavadeiras estivessem à minha beira...
Quem me dera que eu fosse os choupos à margem do rio
E tivesse só o céu por cima e a água por baixo. . .
Quem me dera que eu fosse o burro do moleiro
E que ele me batesse e me estimasse...
Antes isso que ser o que atravessa a vida
Olhando para trás de si e tendo pena

Alberto Caeiro, in "O Guardador de Rebanhos - Poema XVIII"
Heterónimo de Fernando Pessoa

Um comentário:

  1. Procurando uma imagem para o poema, encontrei essa página belíssima! Parabéns! Pois, deixarei o poema como registro e agradecimento. :)
    *
    Nenhum destino

    Li no pó da estrada
    meu nome em cada grão
    levado de um lado a outro
    pisado pelo tempo
    esquecido pela vida...

    Li no grão escuro
    que a fuligem venceu
    quão pequena pode ser
    a poesia de um poeta
    que veio do espaço
    sem saber onde pousar...

    Tentei o pó juntar
    e sempre algum escapava
    entre os dedos calejados
    de tentar escrever
    um destino certo
    e de talvez não amar...

    Li nos meus olhos
    refletidos nos espelhos
    que nunca fui presente
    e sempre estive lá
    como reflexo do passado
    que virou pó e talvez
    ninguém um dia queira juntar...

    Mando Mago Poeta 13:23 05/11/2012

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