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sábado, 5 de setembro de 2009

FRAGA E SOMBRA


Fraga e sombra

A sombra azul da tarde nos confrange.
Baixa, severa, a luz crepuscular.
Um sino toca, e não saber quem tange
é como se este som nascesse do ar.

Música breve, noite longa. O alfanje
que sono e sonho ceifa devagar
mal se desenha, fino, ante a falange
das nuvens esquecidas de passar.

Os dois apenas, entre céu e terra,
sentimos o espetáculo do mundo,
feito de mar ausente e abstrata serra.

E calcamos em nós, sob o profundo
instinto de existir, outra mais pura
vontade de anular a criatura.


Carlos Drummond de Andrade

2 comentários:

  1. Olá amiga! Passando para te desejar um ótimo domingo e dizer que a montagem da imagem foi maravilhosa e, quanto ao poema, sem comentários. Afinal, é do Drummond!

    Beijos,

    Furtado.

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  2. Drumond.....sempre Drumond......Maravilhoso
    Parabéns pelas postagens amiga!

    Ótima Semana....Beijos meus!

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