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quarta-feira, 28 de outubro de 2009

DESPEDIDA


Despedida

Adeus,
que é tempo de marear!

Por que procuram pelos olhos meus
rastros de choro,
direções de olhar?

Quem fala em praias de cristal e de ouro,
abrindo estrelas nos aléns do mar?
Quem pensa num desembarcadouro?
- É hora, apenas, de marear.

Quem chama o sol? Mas quem procura o vento?
e âncora? e bússola? e rumo e lugar?
Quem levanta do esquecimento
esses fantasmas de perguntar?

Lenço de adeuses já perdi...Por onde?
- na terra, andando, e só de tanto andar...
Não faz mal. Que ninguém responde
a um lenço movido no ar...

Perdi meu lenço e meu passaporte
- senhas inúteis de ir e chegar.
Quem lembra a fala da ausência
num mundo sem correspondência?

Viajante da sorte na barca da sorte,
sem vida nem morte...

Adeus,
que é tempo de marear!


Cecília Meireles

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