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quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

EM MIM PRÓPRIO VIVO E MORTO



Eu mim próprio vivo e morto
eu riacho límpido e turvo
eu traço recto e curvo
eu arco direito e torto

eu carvão eu diamante
eu tanto ao alto tanto de traverso
eu tanto subtil e perverso
como cálido e terno amante

perdido sou estou perdido
achado não me acho nem encontro
lúcido cresço decresço tonto
e de sentir vou perdendo o sentido

eu navio ancorado de vela tensa
amainado arrais que em terra fica
sempre a largar e sempre sem partida
fugaz oásis na areia imensa


Henrique Ruivo

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