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terça-feira, 19 de abril de 2011

19 de Abril - Dia Do Índio -


Comemoramos todos os anos, no dia 19 de Abril, o Dia do Índio.
Esta data comemorativa foi criada em 1943 pelo presidente Getúlio Vargas,através do decreto lei número 5.540. Mas porque foi escolhido o 19 de abril?

Origem da Data

Para entendermos a data, devemos voltar para 1940.Neste ano, foi realizado no México, o Primeiro Congresso Indigenista Interamericano.Além de contar com a participação de diversas autoridades governamentais dos países da América, vários líderes indígenas deste continente foram convidados para participarem das reuniões e decisões. Porém, os índios não compareceram nos primeiros dias do evento,pois estavam preocupados e temerosos. Este comportamento era compreensível,pois os índios há séculos estavam sendo perseguidos, agredidos e dizimados pelos “homens brancos”.No entanto, após algumas reuniões e reflexões,diversos líderes indígenas resolveram participar,após entenderem a importância daquele momento histórico. Esta participação ocorreu no dia 19 de abril, que depois foi escolhido, no continente americano, como o Dia do Índio.

Comemorações e Importância da Data

Neste dia do ano ocorrem vários eventos dedicados à valorização da cultura indígena.
Nas escolas, os alunos costumam fazer pesquisas sobre a cultura indígena, os museus fazem exposições e os municípios organizam festas comemorativas.Deve ser também um dia de reflexão sobre a importância da preservação dos povos indígenas, da manutenção de suas terras e respeito às suas manifestações culturais.Devemos lembrar também, que os índios já habitavam nosso país quando os portugueses aqui chegaram em 1500.Desde esta data, o que vimos foi o desrespeito e a diminuição das populações indígenas.Este processo ainda ocorre, pois com a mineração e a exploração dos recursos naturais,muitos povos indígenas estão perdendo suas terras.








NO ARAGUAIA I



Nestas praias sem cercas e sem dono
do velho Araguaia,
achei um amigo, escuro,
de cara pintada a jenipapo e urucum:
o carajá Araticum – uassu

Seus músculos são cobras grossas
que incham sobre o couro moreno;
suas narinas têm sete faros;
e nos seus ouvidos há cordas sutis, onde ressoa o pio
curto e triste,
que, mais de um quilometro distante,
solta o patativo borrageiro.

Quando o rio ensolado enruga, em qualquer ponto,
a lâmina lisa de níquel molhado,
ele traduz , na esteira da mareta,
com o binóculo faiscante dos olhos,
o tamanho e a raça do peixe navega escondido.
E a flechada vai arpoar, certeira , debaixo d’água,
o pacamã ou o pirarucu.

A mata não lhe dá mais surpresas
(tem vinte presas onça preta no colar),
nem o rio lhe conta mais novidades
(ele é capaz de flutuar , até dormindo,
correnteza abaixo, como um pau de pita).

Hoje eu lhe perguntei:
--“Como foi feito o mundo,
ó meu patrício Araticum Uassu?...”
Ele riu, deu um mergulho no rio,
e emergiu, com a cabeleira em gotas,
sem precisar de falar...
— “Bem, mas o que é mesmo a vida, meu irmão moreno?...”

Araticum-uassu riu com mais gosto ainda,
e saiu a remar, com esforço simulado,
tangendo a piroga corredeira acima...
--“Muito bem, amigo, quero saber, agora,
o que pensas do amor...”

Desta vez ele não riu --- franziu o rosto,
e jogando fora o remo de taquara,
deitou-se na canoa, indiferente,
com olhos fechados, braços cruzados,
e deixando-se levar pela corrente, à-toa,
sumiu na curva,atrás do saranzal...


João Guimarães Rosa (Magma –Editora Nova Fronteira)




UM ÍNDIO



Um índio descerá de uma estrela colorida e brilhante
De uma estrela que virá numa velocidade estonteante
E pousará no coração do hemisfério sul, na América, num claro instante

Depois de exterminada a última nação indígena
E o espírito dos pássaros das fontes de água límpida
Mais avançado que a mais avançada das mais avançadas das tecnologias

Virá, impávido que nem Muhammed Ali, virá que eu vi
Apaixonadamente como Peri, virá que eu vi
Tranqüilo e infalível como Bruce Lee, virá que eu vi
O axé do afoxé, filhos de Ghandi, virá

Um índio preservado em pleno corpo físico
Em todo sólido, todo gás e todo líquido
Em átomos, palavras, alma, cor, em gesto e cheiro
Em sombra, em luz, em som magnífico

Num ponto equidistante entre o Atlântico e o Pacífico
Do objeto, sim, resplandecente descerá o índio
E as coisas que eu sei que ele dirá, fará, não sei dizer
Assim, de um modo explícito

(Refrão)

E aquilo que nesse momento se revelará aos povos
Surpreenderá a todos, não por ser exótico
Mas pelo fato de poder ter sempre estado oculto
Quando terá sido o óbvio.


A LENDA DA VITÓRIA RÉGIA


Diz a lenda da Vitória Régia que os lagos amazônicos eram espelhos naturais da vaidosa lua. As cunhãs (índias) ao vê-la refletida sentiam inspiração para o amor. Subiam no alto da colina esperando pelo aparecimento da lua, e que com o contato de sua luz , fossem transformadas em estrelas no céu. Um belo dia, uma linda cunhã resolveu que era chegado o momento de transformar-se em estrela. Subiu na mais alta colina, esperando poder tocar a lua e assim concretizar o seu desejo. Ao chegar, viu a lua refletida na grande lagoa. Na ânsia de realizar seu sonho de amor a cunhã se atirou nas águas profundas do lago e nunca mais foi vista. A lua condoída com o infortúnio de tão bela jovem e não podendo satisfazer seu desejo de levá-la para o céu, transformou-a em uma bela estrela das águas - a linda planta aquática que é a Vitória Régia, cuja beleza e perfume são inconfundíveis.

A LENDA DO GUARANÁ


Conta a lenda que um casal de índios Maués, viviam juntos a muitos anos e ainda não tinham filhos. Um dia, pediram a Tupã para dar-lhes uma criança. Tupã atendeu o desejo do casal e deu-lhes um lindo menino, que cresceu cheio de graça e beleza e se tornou querido de toda a tribo. No entanto, Jurupari, o Deus da escuridão e do mal, sentia muita inveja do menino e decidiu matá-lo. Certo dia, quando o menino foi coletar frutos na floresta, Jurupari aproveitou para se transformar numa serpente venenosa e matar o menino. Neste momento, fortes trovões ecoaram por toda a aldeia, e relâmpagos luziam no céu em protesto. A mãe, chorando em desespero ao achar seu filho morto, entendeu que os trovões eram uma mensagem de Tupã. Em sua crença, Tupã dizia-lhe que deveria plantar os olhos da criança e que deles nasceria uma nova planta, dando saborosos frutos, que fortaleceria os jovens e revigoraria os velhos. E os índios, plantaram os olhos da criança e regavam todos os dias. Logo mais, nesse lugarzinho onde foi enterrado os olhos do indiozinho, nasceu o Guaraná, cujos frutos, negros como azeviche, envoltos por uma orla branca em sementes rubras, são muito semelhantes aos olhos dos seres humanos.

Um comentário:

  1. Querida Mara

    Excelente post com muita informação sobre os índios a que não falta excerto da carta de Pêro Vaz de Caminha,creio.Voltarei para ler tudo.

    Beijinhos e Boa Páscoa.

    Olinda

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