VISITANTES

quarta-feira, 27 de julho de 2011

Aqui Te Amo - Poema 18 -



Nos sombrios pinheiros desenreda-se o vento
a lua fosforesce sobre as águas errantes
andam dias iguais a perseguir-me.

Desperta-se a névoa em dançantes figuras.
Uma gaivota de prata desprende-se do ocaso.
Às vezes uma vela. Altas, altas estrelas.

Ou a cruz negra de um barco.
Sozinho.
Às vezes amanheço e até a alma está úmida.
Soa, ressoa o mar ao longe.
Este é um porto.
Aqui te amo.

Aqui te amo e em vão te oculta o horizonte
Eu continuo a amar-te entre estas frias coisas
Às vezes vão meus beijos nesses navios graves
que correm pelo mar onde nunca chegam.

Já me vejo esquecido como estas velhas âncoras.
São mais tristes os cais quando fundeia a tarde.
A minha vida cansa-se inutilmente faminta.
Eu amo o que não tenho. E tu estás tão distante.

O meu tédio forceja com os lentos crepúsculos.
Mas a noite aparece e começa a cantar-me
A lua faz girar a sua rodagem de sonho.

Olha-me com os teus olhos as estrelas maiores.
E como eu te amo, os pinheiros no vento
querem cantar o teu nome com as folhas de arame.

Pablo Neruda

3 comentários:

  1. A minha vida cansa-se inutilmente faminta.
    Eu amo o que não tenho. E tu estás tão distante.
    .....................
    E eu aqui tão perto,,,
    Beijo

    ResponderExcluir
  2. Minha querida

    Um poema lindo de Neruda que eu adoro, sempre boas escolhas.

    Beijinhos com carinho
    Sonhadora

    ResponderExcluir
  3. Querida Mara

    É sempre bom ler Pablo Neruda e lembrarmo-nos que, às vezes amanhecemos e até a alma está úmida...

    Beijo

    Olinda

    ResponderExcluir