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segunda-feira, 17 de outubro de 2011

À Hora Em Que Os Cisnes Cantam


Nem palavras de adeus, nem gestos de abandono.
Nenhuma explicação. Silêncio. Morte. Ausência.
O ópio do luar banhando os meus olhos de sono...
Benevolência. Inconsequência. Inexistência.

Paz dos que não têm fé, nem carinho, nem dono...
Todo o perdão divino e a divina clemência!
Oiro que cai dos céus pelos frios do outono...
Esmola que faz bem... — nem gestos, nem violência...

Nem palavras. Nem choro. A mudez. Pensativas
abstrações. Vão temor de saber. Lento, lento
volver de olhos, em torno, augurais e espectrais...

Todas as negações. Todas as negativas.
Ódio? Amor? Ele? Tu? Sim? Não? Riso? Lamento?
— Nenhum mais. Ninguém mais. Nada mais. Nunca mais...


Cecília Meireles

4 comentários:

  1. Minha querida

    Que poema maravilhoso, adorei e deixo um beijinho com carinho.

    Sonhadora

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  2. Ninguém mais. Nada mais.

    Bonito soneto.....
    Beijo

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  3. Mara minha querida, que bom poder estar de volta... Enfim o problema do blog foi resolvido...
    O que dizer de um soneto da Cecília não é??
    Perfeito, lindo!
    Uma semana feliz e abençoada pra ti e muito obrigada pelo carinho das palavras no meu blog!
    Rosana

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