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segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Fado - Patrimônio Mundial da Humanidade -


O fado é patrimônio mundial. A partir de agora, o fado não é apenas a canção de Portugal, a canção de Severa, Marceneiro, Amália, Carlos do Carmo, Camané, Ana Moura e Carminho – é um tesouro do mundo”,“Um tesouro que fala de Portugal, da sua cultura, da sua língua, dos seus poetas, mas que também tem muito de universal nos sentimentos que evoca: a dor, o ciúme, a solidão, o amor.”



A partir deste domingo, por decisão do comité intergovernamental da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO), o Fado é Património Mundial da Humanidade. Este sucesso da cultura portuguesa à escala mundial, começou a ser trabalhado em 2005, culminando com a formalização da candidatura apresentada pelo Museu do Fado, em nome da Câmara Municipal de Lisboa, em 2010, dois anos apenas sobre a aprovação da Convenção para a Salvaguarda do Património Cultural Imaterial. O fado foi então apresentado à UNESCO como “símbolo da identidade nacional” e “a mais popular das canções urbanas” portuguesas, tendo por embaixadores dois intérpretes que, por motivos bem diferentes, fazem parte da sua história de forma incontestada: Carlos do Carmo e Mariza.



O fado é um estilo musical português. Geralmente é cantado por uma só pessoa (fadista) e acompanhado por guitarra clássica (nos meios fadistas denominada viola) e guitarra portuguesa.



Origem
A palavra fado vem do latim fatum, ou seja, "destino", é a mesma palavra que deu origem às palavras fada, fadario, e "correr o fado".Uma explicação popular para a origem do fado de Lisboa remete para os cânticos dos Mouros, que permaneceram no bairro da Mouraria, na cidade de Lisboa após a reconquista Cristã. A dolência e a melancolia, tão comuns no Fado, teriam sido herdadas daqueles cantos. No entanto, tal explicação é ingénua de uma perspectiva etnomusicológica. Não existem registos do fado até ao início do século XIX, nem era conhecido no Algarve, último reduto dos árabes em Portugal, nem na Andaluzia onde os árabes permaneceram até aos finais do século XV.Numa outra teoria, a origem do fado parece despontar da imensa popularidade nos séculos XVIII e XIX da Modinha, e da sua síntese popular com outros géneros afins, como o Lundu, no então rico caldo de culturas presentes em Lisboa, tendo como resultado a extraordinária canção urbana conhecida como "fado".No entanto o fado só passou a ser conhecido depois de 1840, nas ruas de Lisboa. Nessa época só o fado do marinheiro era conhecido, e era, tal como as cantigas de levantar ferro as cantigas das fainas, ou a cantiga do degredado, cantado pelos marinheiros na proa do navio. O fado mais antigo é o fado do marinheiro, e é este fado que vai se tornar o modelo de todos os outros géneros de fado que mais tarde surgiriam como o fado corrido que surgiu a seguir e depois deste o fado da cotovia. E com o fado surgiram os fadistas, com os seus modos característicos de se vestirem, as suas atitudes não convencionais, desafiadoras por vezes, que se viam em frequentes contendas com grupos rivais. Um fadista, ou faia, de 1840 seria reconhecido pela sua maneira de trajar:

Fonte: Wikipédia



Até Que a Voz Me Doa

Cantarei até que a voz me doa
Pra cantar, cantar sempre meu fado
Como a ave que tão alto voa
E é livre de cantar em qualquer lado

Cantarei até que a voz me doa
Ao meu país, à minha terra, à minha gente
À saudade e à tristeza que magoa
O amor de quem ama e morre ausente

Cantarei até que a voz me doa
Ao amor, à paz cheia de esperança
Ao sorriso e à alegria da criança
Cantarei até que a voz me doa.

Maria da Fé









Fado Português

O Fado nasceu um dia,
quando o vento mal bulia
e o céu o mar prolongava,
na amurada dum veleiro,
no peito dum marinheiro
que, estando triste, cantava,
que, estando triste, cantava.

Ai, que lindeza tamanha,
meu chão , meu monte, meu vale,
de folhas, flores, frutas de oiro,
vê se vês terras de Espanha,
areias de Portugal,
olhar ceguinho de choro.

Na boca dum marinheiro
do frágil barco veleiro,
morrendo a canção magoada,
diz o pungir dos desejos
do lábio a queimar de beijos
que beija o ar, e mais nada,
que beija o ar, e mais nada.

Mãe, adeus. Adeus, Maria.
Guarda bem no teu sentido
que aqui te faço uma jura:
que ou te levo à sacristia,
ou foi Deus que foi servido
dar-me no mar sepultura.

Ora eis que embora outro dia,
quando o vento nem bulia
e o céu o mar prolongava,
à proa de outro veleiro
velava outro marinheiro
que, estando triste, cantava,
que, estando triste, cantava

Amália Rodrigues





Barco Negro

De manhã, que medo, que me achasses feia!
Acordei, tremendo, deitada n'areia
Mas logo os teus olhos disseram que não,
E o sol penetrou no meu coração.[Bis]

Vi depois, numa rocha, uma cruz,
E o teu barco negro dançava na luz
Vi teu braço acenando, entre as velas já soltas
Dizem as velhas da praia, que não voltas:

São loucas! São loucas!

Eu sei, meu amor,
Que nem chegaste a partir,
Pois tudo, em meu redor,
Me diz qu'estás sempre comigo.[Bis]

No vento que lança areia nos vidros;
Na água que canta, no fogo mortiço;
No calor do leito, nos bancos vazios;
Dentro do meu peito, estás sempre comigo.


Amália Rodrigues




Fadistas


11 comentários:

  1. Querida Mara

    Adorei! Este post está lindo lindo e tem tudo o que precisamos saber sobre o Fado. Vou dar a notícia lá no Xaile de modo a que quem quiser venha apreciar e comentar este seu belíssimo trabalho de pesquisa.
    Voltarei para ler e ouvir tudo com mais vagar. Levo comigo uma das imagens para documentar o meu post, sobre o seu post, que se chamará 'Emoções'.

    Muito obrigada, minha querida.

    Beijos

    Olinda

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  2. Muito interessante seu texto, Aprendi muito sobre o Fado, nada sabia a respeito. Um primor seu texto. Amei o vídeo. Obrigada por compartilhar . Beijos e ótima semana.

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  3. Boa noite Olinda!
    Fico feliz que tenha gostado, pois elaborei o post por sugestão tua, obrigada.
    Depois vou ao Xaile para ver.
    Beijo e ótima semana pra ti.
    Mara

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  4. Gostei do post, mas vai desculpar-me: para mim, o fado tem origens mouras! O facto de não existirem registos do fado até ao início do século XIX, nem ser conhecido no Algarve, ou na Andaluzia, a meu ver, não contradiz a tese moura. O espírito do fado tem a ver com a angústia dos últimos mouros que se arrastavam pelos cantos de Lisboa; os sons arrastados são semelhantes às melodias mouras. Os cantares alentejanos também mal se diferenciam de certos cantares mouros. Em Lisboa, estes cantares deram origem ao fado, no Alentejo a outro tipo de música, na Andaluzia, a outro ainda. Em cada região, há circunstâncias e vivências diferentes, conforme a mistura étnica que lá vigorava e o tipo de vida. Em Lisboa, haveria um certo tipo de circunstâncias que, mais tarde, deu origem ao fado. Não estou a dizer que os mouros cantavam fado (que surgiu só no séc. XIX) mas, na minha opinião, a origem está neles.

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  5. Nós...já temos o Samba há muito....Agora vocês
    têm o Fado....Que maravilha o teu Post...nem um natural, faria melhor...Revi Fados lindíssimos e vozes incríveis..além de um historial que,.. por tão perto, me passavam ao lado.
    Parabéns...Portugal agradece...
    Beijo

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  6. Mara, fizeste um bom trabalho de divulgação.
    Parabéns pela oportunidade e pelo modo como apresentaste o fado.
    Querida amiga, desejo-te uma excelente semana.
    Beijos.

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  7. Belíssimo e impressionante documentário.
    Obrigada, querida!
    BShell

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  8. Olá, Mara
    Venho a partir do blog da minha querida amiga Olinda Melo, e confesso que tive uma agradável surpresa.
    Este post é uma maravilha. Completo. Perfeito.
    Eu sou fã incondicional de fado.

    Para além de tudo o mais é uma linda homenagem a Portual. Obrigada.

    Tudo de bom. Beijinhos

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  9. Amiga venho do blog da Olinda e fiquei tão encantada som sua postagem que chamei até meu marido para apreciá-la.

    Fado o mais lindo destino.....

    Parabéns!!!

    Boa noite!!

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  10. Este comentário foi removido pelo autor.

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  11. E assim nos apropriamos ainda mais sobre o tema, Fado, obrigada pelo poste!
    Fico muito feliz que a UNESCO tenha reconhecido-o como Patrimonio Imaterial e Cultural da Humanidade, coisa que há muito tempo o mundo inteiro já o tinha feito. Porque se há uma música que identifica o povo português, é o Fado, e agora é oficial.

    E cada fado maravilhoso aqui publicaste, chega a doer meu coração... E tem a Amália, a inimitável Amália!

    Vim do blogue da Olinda e por aqui também já fico!

    Um abraço!

    ;)

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