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sábado, 28 de abril de 2012
Sistema Sombrio
De cada um destes dias negros como velhos ferros,
e abertos pelo sol como grandes bois vermelhos,
e apenas sustidos pelo ar e pelos sonhos,
e desaparecidos irremediavelmente e de súbito,
nada substitui as minhas perturbadas origens,
e as desiguais medidas que circulam no meu coração
aí se forjam de dia e de noite, solitariamente,
e abarcam desordenadas e tristes quantidades.
Assim,pois, como um vigia tornado insensível e cego,
incrédulo e condenado a uma dolorosa espreita,
diante da parede na qual cada dia do tempo se une,
os meus rostos diferentes se apóiam e se encadeiam
como grandes flores pálidas e pesadas
tenazmente substituídas e defuntas.
Pablo Neruda
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Desespero e descrença...
ResponderExcluirBelo soneto...não???
Beijo