VISITANTES

sábado, 1 de setembro de 2012

Entre Palavras


De tudo o que se pode guardar
guarde o silêncio
objetos são perecíveis
palavras... dispensáveis
o silêncio é enfático e duradouro
ainda que por alguns instantes

a reflexão é do silêncio
o ancoradouro
fere com estacas pontiagudas
a alma das palavras
serpenteia como lâminas cortantes

o silêncio é grilo falante
quando se colhe sentimentos
filho da verborragia
corta o ar como uma cotovia

nos versos da poesia
o silêncio é chama intrépida
travestido de palavras em seda fria
som estrepitoso
ecoa solitário
nas cavernas da mente

entre palavras e palavras
a pausa colossal do silêncio
é brado veemente
lacuna onde se deita
o que não é dito
ou dito de modo surpreendente
no suspiro abafado
no canto dos olhos
no sorriso embotado

brada o silêncio
o que os pulmões condensam
revela o que os seres
mais sensíveis pensam
faz imenso barulho em mim
é começo e é o fim...


Úrsula Avner

2 comentários:

  1. Um belo Poema mostrando a importância do silêncio
    que tantas vezes é mais importante do que as palavras.Até mais reconfortante!
    Beijo.
    isa.

    ResponderExcluir

  2. Querida Mara

    Um poema intrigante, este de Úrsula Avner, que eu não conhecia.
    Às vezes o silêncio é de ouro...noutros é necessário quebrá-lo para não produzir impasses que nos bloqueiem a vida.

    Beijinhos

    Uma boa semana.

    Olinda

    ResponderExcluir