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quinta-feira, 15 de outubro de 2009

AO MESTRE COM DESPREZO


Mais um 15 de outubro, dia do professor, e no lugar de prestar reverências àqueles que marcaram para sempre nossas vidas escolares – felizmente eu tive alguns deles – eu aproveito para trazer à luz uma discussão que anda tomando bastante espaço na mídia.
O título não é meu. É de uma crônica de Ruy Castro, trocadilho com o filme Ao Mestre Com carinho, item de uma lista enorme de filmes que nos emocionaram com histórias de professores dedicados lutando por seus ideais; Sociedade dos Poetas Mortos, Mr Holland, O Sorriso de Monalisa e tantos outros professores que nos deixaram às lágrimas na sala de cinema.
No entanto, a tela que desenha hoje na nossa frente é de professores cada vez menos entusiasmados no seu ofício contra alunos cada vez menos interessados, onde a falta de limites é a tônica da sala de aula.
A crônica do título dizia que um professor foi desacatado em sala por três alunos. O mestre deu queixa na diretoria, que apoiou os desordeiros.
O professor pediu demissão e foi para casa, onde teve uma crise nervosa. Passa agora por uma síndrome do pânico. A orientadora da escola, única pessoa a apoiá-la, foi demitida.
Nas escolas particulares, os alunos se sentem com privilégios pelo fato de pagar altas mensalidades. Nas escolas públicas, a realidade é ainda pior. Mais de cem casos de alunos que desrespeitam professores são relatados diariamente à Secretaria Estadual de Educação de São Paulo por um sistema de registro de ocorrências do gênero.
São alunos que desprezam a liturgia da escola, saem da sala sem autorização do professor e o ofendem verbalmente quando ele ousa protestar contra a zorra. Usam toda espécie de aparelho eletrônico durante a aula, de celular a iPod, e certos da impunidade, destroem equipamentos ou instalações da escola da frente de colegas e funcionários.
Outro dia vi na tevê uma bonita campanha falando da importância do professor no desenvolvimento do país, terminando com um convite a ser também um professor. Diante da cena anterior, creio que pouca gente vai se animar com a oferta.
Termino deixando o meu abraço aos bravos guerreiros sobreviventes que ainda dão o sangue pela educação do nosso país.
Feliz dia do professor.


Texto de autoria de Rodrigo Vechi ,publicado no Jornal Município Dia a Dia.
Em 15/10/09
Rodrigo é advogado, cronista e produtor musical

www.municipiodiaadia.com.br



Um comentário:

  1. É lamentável, mas é a pura realidade. No meu tempo de criança, lembro-me que quando o professor entrava na sala de aula, as crianças se levantavam como uma forma de respeito.

    Os acontecimentos de hoje, refletem única e exclusivamente a falta de educação doméstica.

    No Arte & Emoções tem uma postagem intitulada "Cadê a educação", tendo Meus Artigos como marcador.

    Beijos,

    Furtado.

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