VISITANTES

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

MINHA CRIANÇA



Minha criança possui incomensuráveis solidões
diante do mistério do infinito. Ainda recua diante
do violento, embora não o tema, e ainda se infiltra
em episódios de distração e inocência inexplicáveis
num homem com minha carga de vivências.
Minha criança ainda gosta de abraço caloroso,
proteções misteriosas e de um modo de rezar
que o adulto nunca mais conseguiu tais a
entrega e a total confiança no mistério
e na proteção de Deus.

Minha criança carrega o melhor de mim,
é portadora de meu modo triste de falar
de coisas alegres e de algum susto misterioso
sempre que se lhe impõe alguma expectativa de
enfermidade. Minha criança é inteira, mansa,
bondosa e linda. Eu a amo, preservo, e dou boas
gargalhadas quando a vejo infiltrar-se nas graves
decisões de algumas de minhas responsabilidades
adultas. Ninguém a vê, salvo eu.


Artur da Távola

Nenhum comentário:

Postar um comentário