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sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

CARNAVAL EM VENEZA


CARNAVAL EM VENEZA

No crepúsculo de Veneza
derramaste uma lágrima
como um rio abrindo um fio
no teu rosto maravilhado
de Colombina

Não cheguei a tempo
de usar uma gôndola vaga
para colhê-la com mesura
e juntá-la nos meus olhos
ao meu choro silencioso
de Pierrot

Uma orquestra de cordas
iluminava a Praça de São Marcos
quando sopraste uma promessa
inaudível
nos meus ouvidos ocupados
embevecidos com uma sonata
de Chopin

Quando dei por mim
encontrava-me só
junto à água verde-jade
descobrindo pelo frio
como anunciavam a tua ausência
os raios solares da manhã

Ao longe ouviam-se pombas
a rolhar sobre os telhados
e uma voz bradava
clamando com apelos apaixonados
por um desconhecido
chamado Arlequim

José António Gonçalves

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