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quarta-feira, 23 de março de 2011

Margarida ou Malmequer



Hoje vou postar sobre minha flor preferida (ou seria minhas flores?)… A margarida, ou malmequer ,aquela com “miolinho” amarelo e lindas “pétalas” brancas! Aposto que a maioria das pessoas não sabem que a margarida, uma das flores mais populares de nossos jardins, pertencente à família Asteraceae, e, portanto, parente dos girassóis, crisântemos, entre outras, não é uma só flor, mas a reunião de muitas flores?Tente examinar a margarida aproximando-se bem dela. Você verá que há ali reunidas dois tipos de flores: umas formam o miolo amarelo, enquanto as outras formam a borda esbranquiçada. Mas não pense que elas crescem assim juntas apenas para que possamos admirar sua união.Essas flores têm funções biológicas importantes quando unidas, como a de produzir néctar, atrair polinizadores, além de gerar e receber pólen. Para isso, se dividem para desempenhar essas diversas “tarefas”. Muitas começam a desabrochar das extremidades em direção ao centro, assim, enquanto as flores da periferia estão na fase feminina – durante a qual são capazes de receber pólen -, as flores mais centrais estão na fase masculina – na qual liberam seu próprio pólen. Quando muitas flores estão assim reunidas, chamamos de inflorescência.



As "margaridas" ou "malmequeres" inspiraram muitos poetas e escritores românticos, vejam:

A Lenda Do Malmequer




Conta a lenda… que os três Reis Magos — Baltazar, Gaspar e Melchior — quando seguiam a estrela que indicava a Gruta, encontraram um pastor que tomava conta das fogueiras.
— Que fazes aqui? — perguntou Baltazar.
— Tomo conta das fogueiras que iluminam o caminho para os que vão visitar o Deus Menino.
— É pena que não nos possas acompanhar — disse Gaspar.
— Se tal fizesse — disse o pequeno — as fogueiras apagar-se-iam.
— Temos que seguir viagem, o caminho é longo — disse Melchior para os outros, enquanto montava de novo o seu camelo.
— Adeus! Adeus! — disseram os três Reis Magos.
— Adeus! Adeus! — respondeu o pequeno pastor, acenando com a mão, tristonho.
— De repente, o pastorzinho teve uma idéia: colocar muita lenha nas fogueiras e sair correndo atrás dos Reis Magos.
Quando chegou ao estábulo, ficou feliz por ver o Menino Jesus, mas ao mesmo tempo, triste por ver os Reis Magos oferecerem ouro, incenso e mirra e ele sem ter nada para ofertar.
— Que pode oferecer um pobre pastor como eu? — pensou.
Porém, ao voltar o rosto, cheio de lágrimas, viu uma flor toda branca. Correu para ela, mas ao colhê-la ficou de novo triste. Como arranjar coragem para oferecer um presente tão simples?!
De longe, Nossa Senhora viu-o e chamou-o:
— Vem, meu filho, estamos à espera do teu precioso presente.
E, perante os olhos comovidos de Maria, de José e dos Reis Magos, o pequeno pastor entregou, feliz, a flor ao Deus-Menino.
Desde então aquela flor branca — a Margarida — tem ao meio coroa de ouro!




Margarida

Era a flor preferida
Da dona desse jardim
onde,em canteiros sem fim
Havia as flores mais garridas
Que Deus na terra pusera...
Fosse Inverno ou Primavera,
Havia sempre uma flor
Cuidada com muito amor.
E toda a gente pensava:
Feliz de quem ali vive,
Feliz de quem ali mora...
Ninguém sabia,porém,
Que lá dentro havia alguém
Que pedia a toda a hora
A vinda de uma menina,que tardava,
E que nunca mais chegava.
As flores do seu jardim
Eram promessa ao Senhor
De plantar sempre uma flor
Até que chegasse um dia
A criança tão esperada.
No dia em que ela viesse
Ser-lhe-ia dado o nome
Da sua flor preferida.
E o Senhor fez-lhe a vontade,
P´ra sua felicidade
Veio ao mundo a
Margarida!


Célia Santos



O malmequer que colheste

O malmequer que colheste
Deitaste-o fora a falar.
Nem quiseste ver a sorte
Que ele te podia dar.


Fernando Pessoa




Eu levo a vida cantando

Eu levo a vida cantando
Eu levo a vida a cantar
Quem leva a vida cantando
Não lhe custa trabalhar

Malmequer criado no campo
Delírio da mocidade
Pelas tuas brancas folhas
Malmequer diz-me a verdade

Malmequer diz-me a verdade
E guarda-me o meu segredo
Pelas tuas brancas folhas
Malmequer não tenhas medo

Desfolhando o malmequer
Lembrei-me de ti um dia
Malmequer, bem me quer
Era o que a flor dizia.


Suzete Evaristo



Dona Flor

Ela é tão meiga! Em seu olhar medroso
Vago como os crepúsculos do estio,
Treme a ternura, como sobre um rio
Treme a sombra de um bosque silencioso.

Quando, nas alvoradas da alegria,
A sua boca úmida floresce,
Naquele rosto angelical parece
Que é primavera, e que amanhece o dia.
Um rosto de anjo, límpido, radiante...

Mas, ai! sob êsse angélico semblante
Mora e se esconde uma alma de mulher
Que a rir-se esfolha os sonhos de que vivo
— Como atirando ao vento fugitivo
As folhas sem valor de um malmequer...


Vicente Carvalho



Se Eu Fosse Malmequer

Se eu fosse malmequer
Mal me querias bem
Me querias porque flor
Seria em tuas mãos

Mãos
Mãos tuas
Que me desfolhariam
Como se livro devorado
Página a página, amado,

Em tuas mãos aprovado

Malmequer amarelo
Branco ou sem cor
Desenhado num papel
Flor do amor
Sabor a mel

Quimera do elo
Do guerreiro
Que percorre o campo
À procura do malmequer
Bem me quer... quer quer bem.

.
Isabel Montes



Margaridas na calçada...
.
Estava só,
como a onda,
que quebra na areia,
e deixa sua espuma branca,
silenciosa.
.
A brisa noturna,
tocava suavemente meu rosto,
secando as lágrimas,
que vinham do coração.
.
Era só mais uma página virada
na história da minha vida...
.
Ostara alegrava-me com
as margaridas na calçada,
E o prenuncio de nova caminhada.
.
Primavera se anunciava no
Outono da minha vida...
.
Havia margaridas na calçada!

.
Maria Flor!




Vira Dos Malmequeres

Oh malmequer mentiroso,
Quem te ensinou e mentir?
Tu dizes que me quer bem
Quem de mim anda a fugir

Desfolhei um malmequer
No lindo jardim de Santarém
Mal me quer, bem me quer
Muito longe está quem me quer bem

Um malmequer pequenino
Disse um dia á linda rosa
Por te chamarem rainha
Não sejas tão orgulhosa

Malmequer não é constante
Malmequer muito varia
Vinte folhas dizem morte
Treze dizem alegria

Lusitana, rosa morena
Não tenhas pena, meu amor leal
Dá-mos os braços, dá-me os teus laços
E vem dar vivas e Portugal.


Kátia Guerreiro






Malmequer

Mal me quer a solidão
Bem me quer a tempestade
Mal me quer a ilusão
Bem me quer a liberdade
Mal me quer a voz vazia
Bem me quer o corpo quente
Mal me quer a alma fria
Bem me quer o sol nascente
Mal me quer a casa escura
Bem me quer o céu aberto
Bem me quer o mar incerto
Mal me quer a terra impura
Mal me quer a solidão
Entre o fogo e a madrugada
Mal me quer ou bem me quer
Muito, pouco, tudo ou nada...


Mariza

4 comentários:

  1. Oh.minha querida.....Ufff...Acabei....Está
    provado, que gostas mesmo de mal-me-queres ou Margaridas. Mas que grande pesquisa..Está um senhor Post...para quem tenha os mesmos gostos...Adorou.Mas agora vou deliciar-me com os dois vídeos, que são o máximo....
    Parabéns
    Beijo

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  2. Mara, só me resta te dar os parabéns pelo excelente post! Amei, porque tbem amo margaridas!
    Lindo tbem os vídeos! Um grande e iluminado abraço! Ro

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  3. Mara

    Que lindo!O que eu já fiquei a saber sobre malmequeres/margaridas! Adoro vê-las na Primavera a embelezar tudo com as duas cores, amarelo e branco, que ligam tão bem.As vozes de Kátia Guerreiro e Mariza fazem o resto do encantamento.

    Obrigada.Os teus blogs e os teus posts são uma obra de arte.

    Beijinhos

    Olinda

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  4. E eu que nem gosto assim tanto de malmequeres.. fiquei rendida!!
    beijinhos

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