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quarta-feira, 27 de abril de 2011

A Doce Canção


Pus-me a cantar minha pena
com uma palavra tão doce,
de maneira tão serena,
que até Deus pensou que fosse
felicidade - e não pena.

Anjos de lira dourada
debruçaram-se da altura.
Não houve,no chão, criatura
de que eu não fosse invejada,
pela minha voz tão pura.

Acordei a quem dormia,
fiz suspirarem defuntos.
Um arco íris de alegria
da minha boca se erguia
pondo o sonho e a vida juntos.

O mistério do meu canto,
Deus não soube,tu não viste.
Prodígio imenso do pranto:
-todos perdidos de encanto,
só eu morrendo de triste!

Por assim tão docemente
meu mal transformar em verso,
oxalá Deus não o aumente,
para trazer o universo
de pólo a pólo contente.


Cecília Meireles

3 comentários:

  1. Vou gostando de Cecília Meireles
    Beijo

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  2. Olá Mara! Passando para agradecer pela visita e pelo comentário, como também, adorei o poema, com ênfase para a estrofe abaixo:

    Anjos de lira dourada
    debruçaram-se da altura.
    Não houve,no chão, criatura
    de que eu não fosse invejada,
    pela minha voz tão pura.

    Grade Cecília Meireles. Bela escolha.

    Beijos,

    Furtado.

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  3. Minha amiga adorei esta doce canção, é daquelas em que nos deixamos embalar ao som da melodia, seja sempre bem vinda, é sempre um prazer contactar com os meus queridos amigos, faz parte da nossa missão alegrar os corações destes.
    Beijinhos de luz e muita paz

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