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terça-feira, 29 de junho de 2010

SEUS OLHOS


Seus olhos - se eu sei pintar
o que os meus olhos cegou -
não tinham luz de brilhar,
era chama de queimar;
e o fogo que a ateou
vivaz, eterno, divino,
como o facho do Destino.

Divino, eterno! - e suave
ao mesmo tempo: mas grave
e de tão fatal poder,
que, num só momento que a vi,
queimar toda a alma senti...
Nem ficou mais do meu ser,
senão a cinza em que ardi.


Almeida Garrett

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