VISITANTES

quinta-feira, 31 de março de 2011

A Ausência


Ao pé do lampião, no meu quarto deserto,
venho ler (e a esperança o espírito me invade)
onde o silêncio tem o aroma da saudade,
tuas cartas de amor que ao coração aperto.

O selo que as distingue é de um país incerto. . .
Mas que me importa o espaço, o tempo, a soledade?
O papel chora ou ri, mas diz sempre a verdade,
e eu do meu sonho, enfim, romântico, desperto.

Milagre! o fogo aumenta a vibração, e aflita
a chama - sua irmã - indecisa, palpita!
Parece-me que estás de volta da viagem...

E por um esplendor de que eu mesmo me espanto,
tuas cartas me dão, a um tempo, por encanto,
a sombra do teu vulto e o eco da tua imagem.


Henri de Régnier
Tradução Osório Dutra

Um comentário: