VISITANTES

terça-feira, 20 de abril de 2010

EUCLIDES CAVACO


Euclides Cavaco, nasceu em Seixo de Mira, distrito de Coimbra onde concluiu a instrução primária. Devido a carências económicas não lhe foi possível ingressar de imediato nos estudos secundários como tanto desejava. A sua vontade persistente de estudar era manifesta, por isso ainda muito jovem decidiu ir para Lisboa a fim de arranjar um emprego e conciliar este seu grande sonho de estudar. Assim trabalhando de dia e estudando à noite , concluiu em Lisboa o curso geral dos liceus e frequentou posteriormente os estudos superiores. Vocacionado para a poesia desde tenra idade, os seus primeiros ditos e escritos perderam-se no tempo. É durante os seus anos académicos que a começa a escrever com mais veemência e dela tem feito uma constante da vida. Incondicionalmente apaixonado pelo FADO, foi talvez no FADO que encontrou a sua inspiração maior. Por ele nutre uma transparente admiração consagrando-lhe grande parte da sua obra. Escreve-o para fadistas , declama-o com grande estro poético e essencialmente dá-o a conhecer ao mundo. Em 1970 num impulso de aventura optou por se radicar no Canadá onde reside e, concluiu o curso em Gestão Administrativa , tendo alcançado com êxito o estatuto de empresário. Foi talvez a ausência da Pátria que o viu nascer que acordou no Euclides o verdadeiro significado da palavra saudade.Desde a sua chegada ao Canadá participou em diversas associações comunitárias e organizou muitíssimos espectáculos. Em 1974 com um grupo de amigos funda o programa de televisão Saudades de Portugal, de cujo foi apresentador. Em 1976 , devido ao seu envolvimento com a Sociedade Portuguesa, é nomeado Comissário pelo Governo do Ontário. Em 1980 liga-se à criação da RÁDIO VOZ DA AMIZADE, de que é director e locutor na qual se empenha fervorosamente à divulgação da Língua e cultura portuguesa há mais de 27 anos.

A VOZ DO SILÊNCIO

Silêncio triste
Das horas introversas e caladas,
Marcadas no relógio de emoções.
Tua voz
São memórias magoadas,
Plenas de melancolia
E frívolas recordações !…

Silêncio errante
Simbiose de sofrimento e de tortura,
Das noites infinitas e infelizes.
Tua estranha voz
É a imagem cruel e escura,
De estigmas incuráveis
E eternas cicatrizes.

Silêncio constrangente
Que mistério
Há no teu vazio desmedido
Abstracto de sentido
E copioso de fragilidade.
Tua ousada voz
É o iludir fingido
De essências
Sequiosas de realidade,

Silêncio taciturno
Perdido no tempo
Dos dias em vão vividos
Que magoas
Sem remorso ou compaixão.
Silêncio penoso
De tantos momentos idos.
Tua voz,
É apenas
Um amargo soluçar de solidão!…


OLHOS DO AMOR



Em cada dia que passa
Ficas mais cheia de graça
Com teu distinto fulgor
Na minha vida presente
Vejo-te sempre atraente
Aos meus olhos do amor !...

E o tempo qual quimera
Mavioso te fizera
Mais sábia e mais senhora
Mostrando sempre indulgência
Muito agrado e deferência
Da mesma forma que outrora.

Caminhei sempre a teu lado
No rumo por nós sonhado
E por nós dois escolhido...
Sem ter de voltar atrás
Sou feliz porque me apraz
O caminho percorrido !...

Os anos foram passando
Eu por ti fui conservando
Este amor feito paixão
Que mantém sempre virtude
Com a mesma juventude
Aos olhos do coração !...


IRONIA DO TEMPO
Que ironia tem o tempo misterioso
Que diz que passa velozmente sempre andando,
Mas afinal esse tempo é mentiroso,
Porque ele fica e a gente é que vai passando!...

Dizem que é velho, mas o tempo é sempre novo.
Não tem idade, pois ninguém o viu nascer,
Tal como o enigma da galinha e do ovo,
Não sabe ao certo se existia antes de o ser!...

Comanda tudo sem ter dó nem piedade
E eu perplexo fico olhando sem o ver
Imutável e, sempre em celeridade.

Rendo-me enfim, pois não sei compreender,
Apenas sinto com toda a fragilidade,
Que o tempo é rei ... e de rei tem o poder!...


Euclides Cavaco

Nenhum comentário:

Postar um comentário