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terça-feira, 24 de agosto de 2010

Artemísia Gentileschi

Autorretrato - 1630

“Imaginem o período que vai de 1593 a 1653, em que o conhecimento do mundo ainda é limitado, o Papa tem poder absoluto e as mulheres não têm vez, nem voz. Foi quando viveu Artemísia, iniciada na arte da pintura pelo pai, Orazio Gentileschi.
Nascida em Roma em 1593, Artemísia Gentileschi é influenciada pela técnica claro/escuro que seu pai dominava com muito talento, aproximando-se muito da linha artística de Caravaggio, grande nome da pintura barroca.



Depois de receber os primeiros ensinamentos do seu pai e ante a impossibilidade de frequentar a Academia, seu pai entrega Artemísia aos cuidados do amigo e colaborador Agostino Tassi, que se torna seu professor de pintura. A jovem pintora fica, então, à mercê da cobiça de Tassi que a estupra, quando ela estava com 17 anos. Orazio leva o amigo aos tribunais, mas acaba por expor a filha de modo ultrajante à corte, à igreja e ao povo, frustrando, assim, seu futuro.
Sabe-se hoje que Tassi acabou por ser condenado a um exílio de Roma por um período de cinco anos. Este exílio durou apenas quatro meses, graças às influências que ele soube aplicar.



Neste quadro, o general assírio Holofernes é decapitado por Judith, que assim libertou o seu povo (judeu) do jugo dos pagãos. Judith é quase um auto-retrato da própria Artemísia: forte, vingadora e convicta. A degolação pode simbolizar a castração que ela certamente queria infligir ao seu abusador.


Artemísia conheceu os poderosos de Florença, como os Médici, foi amiga de Galileu, pintou para nobres de várias cidades. O silêncio que paira sobre ela talvez esteja encoberto pelo silêncio que ocultou durante anos outras grandes mulheres artistas. Não se sabe se ela perdoou o pai pelo julgamento a que foi submetida quando jovem. Seus quadros revelam, apenas, que Artemísia finalmente encontrou a paz.


Anos depois, superou o desejo de vingança sem abandonar os temas bíblicos e o apelo dramático característico de sua pintura. Acabou virando uma espécie de heroína contra o abuso do poder masculino e a favor da superação da mulher.”

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