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segunda-feira, 16 de agosto de 2010

SAÚL DIAS


Júlio Maria dos Reis Pereira nasceu em Vila do Conde a 01 de Novembro de 1902 onde faleceu em 1983. Já adolescente mostrava uma clara apetência pela cultura, publicando poemas num Semanário da sua terra. Em 1919 matricula-se em Engenharia na Faculdade de Ciências do Porto (concluído em 1928). Entretanto, matricula-se também na Escola de Belas-Artes dessa cidade, já que a sua paixão eram as belas-artes.No decurso da década de 20 colabora no grafismo de obras de seu irmão, José Régio, desenha para obras deste e para a “Presença”. Em 1935 realiza na Sociedade Nacional de Belas-Artes a primeira exposição individual. No ano de 1932 publica, sob o pseudônimo de Saúl Dias, um livro de poesia intitulado “... mais e mais...”.
Em 1936 vai trabalhar para a Direção dos Edifícios e Monumentos Nacionais de Coimbra. No entanto, logo em 1937, vai para a Direção sita em Évora, cidade onde vive e trabalha até 1972, ano em que regressa a Vila do Conde.No ano de 1936 participa na Exposição dos Artistas Modernos Independentes (com o pseudônimo "Júlio"), figurando ao lado de artistas plásticos como Almada Negreiros e Vieira da Silva.


SÓ PORQUE ME SORRISTE


Só porque me sorriste
nessa tarde
o sol inundou a cidade.

E no meio do asfalto,
entre o rumor dos táxis,
surgiram de repente
árvores agrestes cheias de flores e pássaros.


MENINO


A folha da árvore
que rola.
A névoa fria
que se evola.

O veio de água
fino e verde.
A cantilena
que se perde.

O cão vadio
que nos olha
e nos entende...

A isto o menino,
sério, atende
ao ir p'r'a escola.


TARDES NO MEU JARDIM


tão lúcidas, quietas,
quase inquietas,
com pequeninos sóis
em cada pétala molhada,
com sombras fugidias...
(Tal os dias
sumindo-se um a um...)

E as canções
que não foram cantadas?
E as rosas decepadas
pelo simum?
E os riscos na parede?
E a sede
numa taça vazia?

E a noite que começa
fria, fria...!


Saúl Dias

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