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terça-feira, 29 de março de 2011

Biografia - Elizabeth Barrett Browning -

Elizabeth Barrett Browning (Kelloe, Durham, 6 de Março de 1806 — Florença, 29 de Junho de 1861) foi uma poetisa inglesa da época vitoriana.Autora de Sonetos do Português, reunião de poemas românticos — sua própria história de amor com o marido, o também poeta Robert Browning. Um destes poemas (o de número 43) é considerado o mais belo escrito por uma mulher em língua inglesa:



Uma ressalva inicial: é preciso ter algum conhecimento da história de Robert Browning e Elizabeth Barrett para entender por que os Sonnets from the Portuguese que ela escreveu são os “Sonetos da Portuguesa”: como Barrett tivesse um pé na Jamaica, parecia um pouco mestiça, e Browning a chamava de “minha portuguesinha” (my little Portuguese), mostrando que a nossa miscigenação brasileira tem raízes mui antigas.A própria história do casal é muito interessante. Ele, poeta publicado, ela também. Ele lê os poemas dela e tenta entrar em contato. Apaixonam-se por correspondência, apesar de viverem na mesma cidade – Londres – e terem amigos em comum. Ela, doente, quase inválida, mal se levanta da cama, por isso tem vergonha de recebê-lo. Mas a insistência do rapaz – 10 anos mais novo que ela – produz o encontro e as visitas passam a ser quase diárias, o que não interrompe a correspondência. Um pai ciumento proíbe a relação, apesar de a filha já ter seus quase 40 anos. E como o pai a proíbe de fazer uma viagem para um clima mais ameno, a fim de curar-se, Robert Browning e Elizabeth Barrett casam-se em segredo e no dia seguinte partem para Paris, onde ficarão pouco tempo antes de estabelecer-se em Florença, morando num apartamento que ficou conhecido como Casa Guidi. Tiveram um filho e viveram 10 anos juntos, até que a morte dela os separou.



Como Te amo!




Como te amo? Deixa-me contar de quantas maneiras.
Amo-te até ao mais fundo, ao mais amplo
e ao mais alto que a minha alma pode alcançar
buscando, para além do visível dos limites
do Ser e da Graça ideal.
Amo-te até às mais ínfimas necessidades de todos
os dias à luz do sol e à luz das velas.
Amo-te com liberdade, enquanto os homens lutam
pela Justiça;
Amo-te com pureza, enquanto se afastam da lisonja.
Amo-te com a paixão das minhas velhas mágoas
e com a fé da minha infância.
Amo-te com um amor que me parecia perdido - quando
perdi os meus santos - amo-te com o fôlego, os
sorrisos, as lágrimas de toda a minha vida!
E, se Deus quiser, amar-te-ei melhor depois da morte.


Tradução: Manuel Bandeira




SONETO XIV

Ama-me por amor do amor somente
Não digas: «Amo-a pelo seu olhar,
O seu sorriso, o modo de falar
Honesto e brando. Amo-a porque se sente

Minh'alma em comunhão constantemente
Com a sua.» Porque pode mudar
Isso tudo, em si mesmo, ao perpassar
Do tempo, ou para ti unicamente.

Nem me ames pelo pranto que a bondade
De tuas mãos enxuga, pois se em mim
Secar, por teu conforto, esta vontade

De chorar, teu amor pode ter fim!
Ama-me por amor do amor, e assim
Me hás de querer por toda a eternidade.


Tradução: Manuel Bandeira



SONETO XXVIII

As minhas cartas! Todas elas frio,
Mudo e morto papel! No entanto agora
Lendo-as, entre as mãos trêmulas o fio
da vida eis que retomo hora por hora.

Nesta queria ver-me — era no estio —
Como amiga a seu lado... Nesta implora
Vir e as mãos me tomar... Tão simples! Li-o
E chorei. Nesta diz quanto me adora.

Nesta confiou: sou teu, e empalidece
A tinta no papel, tanto o apertara
Ao meu peito que todo inda estremece!

Mas uma... Ó meu amor, o que me disse
Não digo. Que bem mal me aproveitara,
Se o o que então me disseste eu repetisse...


Tradução: Manuel Bandeira



PARTE, NÃO TE SEPARAS

Parte: não te separas. Que jamais
Sairei de tua sombra. Por distante
Que te vás, em meu peito, a cada instante,
Juntos dois corações batem iguais.

Não ficarei mais só. Nem nunca mais
Dona de mim, a mão, quando a levante,
Deixará de sentir o toque amante
Da tua, - ao que fugi. Parte: Não sais!

Como o vinho, que às uvas donde flui
Deve saber, é quanto faço e quanto
Sonho, que assim também todo te inclui.

A ti, amor! minha outra vida, pois
Quando oro a Deus, teu nome êle ouve
e o pranto
Em meus olhos são lágrimas de dois.


Tradução: Manuel Bandeira



Eu te amo não pelo que você é, mas pelo que sou quando estou com você!

Elizabeth Barrett Browning


4 comentários:

  1. 'Eu te amo não pelo que você é, mas pelo que sou quando estou com você!'
    Terminou o post com essa frase belíssima.
    Está dito....
    Beijo

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  2. Mara, linda a história de Elizabeth, lindos seus poemas, tbem gosto muito da frase com que terminas o post.
    Parabéns uma vez mais por esta bela postagem!
    Beijos, Ro

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  3. Uma linda frase de Gabriel Garcia Marquez.

    Lindissimo o seu blogue.

    Um beijo
    Flor

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  4. PASSEI, MINHA ADOLESCÊNCIA, LENDO SOBRE ESSA ESCRITORA INGLESA. AMO SEUS SONETOS, E AS CARTAS DELA PARA O MARIDO( ANTES SEU ADMIRADOR). VIDA SOFRIDA, CEIFADA PREMATURAMENTE, COM SAÚDE FRÁGIL CAUSADA PELOS CAPRICHOS DO PAI DELA.

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