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quinta-feira, 8 de abril de 2010

ANTONIO MACHADO


Antonio Machado nasceu em 26 de julho de 1875 em Sevilha e aos oito anos mudou-se para Madrid. Poeta e prosista, pertenceu ao movimento literário conhecido como “geração de 98″. Provavelmente, ainda é o poeta de sua época mais lido.
Em 1893 publicou seus primeiros escritos em prosa, enquanto que seus primeiros poemas apareceram em 1901. Em 1899, viajou à Paris, cidade que voltaria a visitar em 1902, ano em que conheceu Rubén Darío, que seria seu grande amigo por toda a vida. Em Madrid, por essa mesma época, conheceu Unamuno, Valle-Inclán, Juan Ramón Jimenez e outros destacados escritores com os quais manteve uma estreita amizade. Foi catedrático em francês, e se casou com Leonor Izquierdo, que morreu em 1912.
Em 1927 foi eleito membro da Real Academia Española. Durante os anos vinte e trinta, escreveu teatro em companhia de seu irmão, também poeta, Manuel, estreando várias obras entre as quais se destacam: La Lola se va a los puertos, de 1929 e La Duquesa de Benameji, de 1931. Quando estourou a Guerra Civil espanhola, estava em Madrid. Posteriormente mudou-se para Valencia e Barcelona, e em janeiro de 1939 exilou-se em Colliure, França, onde morreu em 22 de fevereiro do mesmo ano.


CAMINHANTE



Caminhante, são teus rastos
o caminho, e nada mais;
caminhante, não há caminho,
faz-se caminho ao andar.
Ao andar faz-se o caminho,
e ao olhar-se para trás
vê-se a senda que jamais
se há-de voltar a pisar.
Caminhante, não há caminho,
somente sulcos no mar.


O SONHO




Era um menino a sonhar
com um cavalo de cartão.
O menino abriu os olhos
e não viu o cavalinho.
Com um cavalinho branco
ele voltou a sonhar;
pelas crinas o prendia…
Assim não te escaparás!
Mal o conseguiu prender,
logo o menino acordou.
Tinha a sua mão fechada.
O cavalinho voou!
O menino ficou sério,
pensando não ser verdade
um cavalinho sonhado.
Já não voltou a sonhar.
E o menino fez-se moço
e o moço teve um amor,
e dizia à sua amada:
Tu és de verdade ou não?
Quando o moço se fez velho
pensava: Tudo é sonhar,
o cavalinho sonhado
e o cavalo de verdade.
E quando chegou a morte,
o velho ao seu coração
perguntava: Tu és sonho?
Quem saberá se acordou!



Antonio Machado, 1926
(Tradução de José Bento)

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