VISITANTES
quinta-feira, 20 de maio de 2010
GELO
Este peso gelado
da solidão,
a presença constante
de um corpo ausente
que quero morder;
afogar-lhe os olhos de lágrimas
de dor e medo
até sentir o sal do seu sangue
na minha língua.
Vingar num corpo
inocente
de mulher
todas as noites
petrificadas.
O corpo parado
o olhar parado
e raiva
tanta.
Eu só quero chorar
com o despudor
indecente
das mulheres do povo
nos funerais de aldeia.
Eu só quero o carinho
meloso
que se dá aos cães,
eu quero um regaço de avó
e uma mão enrugada
moldando-me a cara
em gestos lentos.
Só quero quebrar este gelo!
o gelo
que envenena o ar
paralisa o sangue e me
morde as entranhas numa acidez de lágrimas
castradas!
António Maga
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Amigo
ResponderExcluirMeu amigo pena
Mas que não pena por algo
Que não seja um penar pensado.
Meu amigo pensa
Mas que não pense por algo
Que não seja um pensar penado.
Porque nada que não valha a pena
Deve ser pensado pensa nisso.
Porque nada que um pensar não valha
Deve ser penado.
Roberto Queiroz
Uma visita amorosa na beleza da poesia de seu espaço.
Com amor da Fada do Mar Suave.