VISITANTES
domingo, 16 de maio de 2010
NUVENS
Num mundo eriçado de prisões
só as nuvens ardem sempre livres.
Não têm amo, nem conhecem ordens,
inventam formas, assumem-nas todas.
Ninguém sabe se navegam ou voam,
se ante sua luz o ar é mar ou chama.
Tecidas de asas são flores de água,
recifes de instantes, rede de espuma.
Flutuam, ilhas de névoa, desligam-se
e deixam-nos sumidos na Terra.
Como são imortais jamais opõem
resistência ou força ao vendaval do tempo.
Duram as nuvens porque se desfazem.
Sua matéria é a ausência e dão a vida.
José Emílio Pacheco
Tradução A. M.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Adorei o poema, e a imagem é linda!
ResponderExcluirBjs, e boa semana.