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quarta-feira, 19 de maio de 2010

LIBERDADE


Liberdade, que estais no céu...
Rezava o padre-nosso que sabia,
a pedir-te, humildemente,
o pão de cada dia.
Mas a tua bondade omnipotente
nem me ouvia.

_ Liberdade, que estais na terra...
E a minha voz crescia
de emoção.
Mas um silêncio triste sepultava
a fé que ressumava
da oração.

Até que um dia, corajosamente,
olhei noutro sentido, e pude, deslumbrado,
saborear, enfim,
o pão da minha fome.
_Liberdade, que estais em mim,
santificado seja o vosso nome.


Miguel Torga, Diário XII

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